Mapeamento conduzido pela Climate Ventures e Pipe.Labo, o estudo A onda verde: oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil desenvolveu uma matriz que sintetiza 30 oportunidades de negócios em sete setores-chave para a agenda ambiental brasileira. Da lógica extrativista à de regeneração, o levantamento aponta como os negócios de impacto e a consolidação de uma nova economia ambiental podem endereçar os desafios contemporâneos e gerar negócios lucrativos. A íntegra do estudo pode ser acessada no site: www.ondaverde.com.br
De acordo com análise destacada no A onda verde – compilada no The Frontiers of Impact Tech, do Good Tech Lab – estamos vivendo no Antropoceno, era em que as atividades humanas não são mais compatíveis com as fronteiras planetárias. O orçamento de carbono do planeta estará esgotado até 2030 (IPCC), levando-nos a mudanças climáticas catastróficas além de 1,5ºC. Esse cenário mostra que o aquecimento global e o colapso da biodiversidade são faces da mesma moeda: uma ameaça existencial aos sistemas de suporte de vida dos quais dependemos para obter alimentos, água potável e um clima estável. “Apenas um salto quântico pode reverter essa tendência”, alertam os pesquisadores franceses do laboratório. Na publicação, os especialistas cruzaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da ONU, com novas tecnologias para o setor. As Impact Techs têm crescido sob a influência da convergência entre tecnologias e o mundo de impacto; o sentimento de urgência com relação aos desafios globais; mais incentivos econômicos; crescente influência das novas gerações – consumidores, trabalhadores e investidores mais conscientes –; e possibilidade oferecidas pelas tecnologias emergentes.
“O desenvolvimento e investimento no setor de Impact Techs podem ser um caminho para mitigar e resolver parte dos desafios ambientais indicados pela Organização das Nações Unidas (ONU)”, cita Daniel Contrucci, um dos coordenadores do estudo, acrescentando que ciência, tecnologia e empreendedorismo podem ser peças-chave para alavancar soluções que endereçam os principais desafios trazidos pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
INSIGHTS |
OPORTUNIDADES & OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
▪ AgTechs para uma agricultura sustentável: incluindo agricultura de precisão, plataformas de dados agroecológicos, pequenas fazendas robóticas e substitutos para fertilizantes sintéticos e pesticidas.
▪ Tecnologias digitais para pequenos agricultores que visem a melhorar sua produtividade e subsistência: análises de solo e saúde das plantas, previsões do tempo, difusão de conhecimento agrícola, redes e acesso a mercados, crédito e seguros.
▪ Tecnologias pós-colheita para aumentar a preservação de alimento se reduzir o desperdício que ocorre entre a colheita e a distribuição.
▪ Novas fontes de proteína para alimentar de forma sustentável 10 bilhões de humanos, como produtos semelhantes à carne (à base de plantas ou células) que atraem onívoros e ração com proteína de inseto para a aquicultura.
▪ Ciência alimentar e genômica para desenvolver ingredientes alimentícios e safras com mais valor nutricional.
▪ Bombas, coletores e geradores que colhem água doce de aquíferos e da umidade atmosférica.
▪ Tecnologias de purificação de água para uso, filtração, dessalinização, tratamento circular de águas residuais com recuperação de recursos e sistemas descentralizados de águas residuais.
▪ Soluções sanitárias, sem água, que permitem saneamento seguro em áreas urbanas que carecem de rede de esgoto – além de soluções para o reuso da energia e dos nutrientes gerados de dejetos humanos.
▪ Tecnologias, sistemas e processos eficientes de gestão de água para agricultura, indústria e residências.
▪ Gestão do abastecimento de água usando sensoriamento remoto, imagens de satélite e tecnologias de rastreamento de água.
ODS # 7 | ENERGIA LIMPA E ACESSÍVEL
▪ Soluções de acesso à energia que melhoram de forma sustentável os meios de subsistência dos pobres do mundo nas áreas rurais, como energia solar pay-as-you- go, microrredes e fogões de cozinha melhorados.
▪ Energia renovável avançada: mais eficiência de células fotovoltaicas, melhores turbinas eólicas e marítimas de energias, sistemas geotérmicos aprimorados e desenvolvimentos de combustíveis sustentáveis (por exemplo, hidrogênio, bioenergia, luz solar para combustível).
▪ Avanços no armazenamento de energia para veículos elétricos e balanceamento de redes, incluindo tecnologias de bateria, ultracapacitores, armazenamento térmico e mecânico.
▪ Grids inteligentes e tecnologias de ponta para aumentar a eficiência energética e alavancar recursos de energia descentralizados.
▪ Plataformas de fintech para financiar infraestrutura de energias renováveis e desbloquear o comércio de energia ponto a ponto.
ODS # 9 | INDÚSTRIA, INOVAÇÃO E INFRAESTRUTURA
▪ Logística inovadora para o desenvolvimento sustentável, incluindo navios de contêineres limpos, dirigíveis de carga e entregas de suprimentos médicos por drones.
▪ Tecnologias de acesso à internet para colocar a segunda metade da humanidade on-line em áreas remotas, como infraestrutura de backhaula e rotransportada e inovações para acesso last-mile.
▪ Tecnologias avançadas para a indústria sustentável: manufatura aditiva, biofabricação, inteligência artificial para descoberta de novos materiais, reciclagem de ciclo curto, fábricas circulares e flexíveis.
▪ Financiamento de pequenas e médias empresas, baseado em dados para mercados em desenvolvimento.
ODS # 11 | CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS
▪ Sistemas de transporte sustentáveis que surgem da convergência entre eletrificação, autonomia, sinalização, inovação em veículos menos poluentes e modais de transporte público.
▪ Tecnologias de controle e mitigação da poluição do ar, como redes de sensores que permitem o monitoramento, bem como purificadores de ar em grande escala.
▪ Várias soluções que melhoram o metabolismo urbano, por meio do ciclo de recursos orgânicos, produção local de alimentos, eficiência de energia e água, reciclagem avançada e outros mecanismos de economia circular.
▪ Ferramentas digitais para planejamento urbano, como a participação do cidadão, gestão de dados urbanos e simulações avançadas.
▪ Infraestrutura e serviços básicos para áreas urbanas de rápido crescimento, bem como seus assentamentos informais.
ODS # 12 | CONSUMO E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEIS
▪ Soluções digitais para reduzir o desperdício de alimentos no varejo, catering e níveis de consumo: compras otimizadas, preços dinâmicos e plataformas de redistribuição para alimentos não vendidos.
▪ Reutilização, reparo e atualização de produtos com uso de tecnologias digitais, modelos de negócio circulares e projetos modulares.
▪ Materiais e produtos químicos sustentáveis, usando matéria-prima derivada de fontes biológicas ou resíduos reciclados, bem como materiais com longevidade e robustez superiores.
▪ Tecnologias de varejo responsáveis, como cooperativas on-line, classificações de sustentabilidade de produtos e blockchain para certificar cadeias de abastecimento éticas.
▪ Fintechs para consumo sustentável, como bancos digitais éticos, plataformas de investimento de impacto no varejo, digitalização de moedas locais e financiamento coletivo de negócios de impacto socioambiental.
▪ Energia descarbonizada: substituição de combustíveis fósseis por combustíveis de energias limpas, adicionando armazenamento e flexibilidade à rede e reduzindo as emissões das usinas de combustível fóssil existentes.
▪ Agricultura descarbonizada: redução do desperdício de alimentos e do volume de participação de produtos de alimentação animal, e a adoção de métodos de cultivo regenerativos.
▪ Indústria descarbonizada: ampliando a economia circular, substituindo matéria prima de base fóssil por sustentável, aumentando a eficiência da produção.
▪ Transporte descarbonizado: dimensionamento de veículos elétricos, combustíveis de baixa emissão e mobilidade como serviço, aumentando eficiência logística e redução das emissões de viagens aéreas.
▪ Edifícios descarbonizados: aumentando a eficiência energética, melhorando a competitividade da construção com materiais de baixo carbono e reduzindo a demanda por novos edifícios.
▪ Remoção de carbono por meio de soluções de engenharia, como captura direta de ar, captura e uso de carbono (por exemplo, materiais de construção, combustíveis, produtos químicos, plásticos, proteína, fibra de carbono e nanomateriais).
▪ Remoção de carbono por meio de soluções naturais e híbridas como biocarvão e a restauração de ecossistemas naturais.
▪ Capacitadores digitais de mitigação, baseados em dados estratégicos e sistemas de crédito de carbono em blockchain.
▪ Tecnologias de adaptação ao clima, especialmente para a resiliência da agricultura em áreas urbanas.
▪ Tecnologias de limpeza marítima para remoção de poluição e plásticos de oceanos, lagos e riachos.
▪ Prevenção de plástico oceânico por meio de materiais biodegradáveis marinhos, reciclagem digitalizada e outros modelos circulares.
▪ Proteção da biodiversidade marinha, usando satélites e inteligência artificial para monitorar pescas ou drones e robôs aquáticos para detectar ameaças à vida marinha.
▪ Restauração do ecossistema costeiro, incluindo engenharia genética para fortalecer recifes de coral e drones para restaurar manguezais.
▪ Soluções sustentáveis para frutos do mar, como rastreabilidade via blockchains, sistemas de aquicultura aprimorados, com alimentação à base de plantas etc.
▪ Ecossistemas terrestres e monitoramento da vida selvagem usando imagens de satélite, drones, sensoriamento remoto, machine learning, dispositivos de análise de DNA e aplicativos de ciência cidadã.
▪ Ciência da conservação computacional, incluindo modelagem e análise de solo, plataformas de dados geoespaciais e bancos de dados genômicos de biodiversidade.
▪ Tecnologias de reflorestamento e ecologização do deserto, variando de inovações de baixa tecnologia em agroecologia, chegando a drones e algoritmos usados em escala industrial para reflorestamento.
▪ Fintechs para restauração de ecossistemas, via plataformas de investimento de impacto, cripto-tokens e muito mais.
| REALIZADORES
Climate Ventures | Plataforma de inovação para acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil, a Climate Ventures articula lideranças do governo, da sociedade civil e do setor privado de forma estruturada, com foco em ação. O propósito é aumentar o pipeline e o fluxo de investimentos em “bons negócios pelo clima” por meio do fomento de um ecossistema que integra as esferas de clima, negócios/finanças e inovação/tecnologia. https://www.climateventures.co/
Pipe.Labo | A Pipe.Social foi fundada em 2016 por Lívia Hollerbach e Mariana Fonseca, empreendedoras com a visão de mapear e fomentar o pipeline de negócios de impacto socioambiental no Brasil. A plataforma conta, hoje, com quase 5 mil negócios de impacto cadastrados e monitorados quanto ao perfil de sua solução, modelo de negócio e operação, visão e medição de impacto e apoios buscados na jornada. Ter dados e tantas informações nas mãos levou a Pipe a desenvolver uma visão estratégica do mercado, entendendo oportunidades e desafios reais para organizações intermediárias do setor, investidores e empreendedores. Aliando essa visão à demanda de um setor em crescimento, carente de informações, traduções e transparência – e com dados confiáveis para se comparar com ecossistemas da América Latina e dos demais países –, nasceu a Pipe.Labo, o maior centro de estudos e conhecimento aplicado sobre o mercado de impacto no Brasil.
| PARCERIA ESTRATÉGICA
Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto | A Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto identifica, conecta e apoia temas e organizações estratégicos para o fortalecimento deste campo no Brasil. O Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) atua como sua diretoria executiva desde sua criação em 2014. https://aliancapeloimpacto.org.br/
| APOIADORES
Instituto Clima e Sociedade | Organização filantrópica que promove prosperidade, justiça e desenvolvimento de baixo carbono no Brasil. Funciona como uma ponte entre financiadores internacionais e nacionais e parceiros locais. Assim, é parte de uma ampla rede de organizações filantrópicas dedicadas à construção de soluções para a crise climática. https://www.climaesociedade.org/
Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) | O ICE nasceu em 1999 com o propósito de reunir empresários e investidores em torno de inovações sociais que pudessem alavancar seu investimento pessoal e filantrópico, de suas fundações e seu investimento corporativo para promover a inclusão social e a redução da pobreza no país. A inovação social permeia toda a ação do Instituto em seus 20 anos de atuação fomentando soluções que gerem impacto social positivo, duradouro e de grande alcance. https://ice.org.br/
Cargill | Os 155.000 funcionários da Cargill em 70 países trabalham incansavelmente para alcançar nosso propósito de nutrir o mundo de forma segura, responsável e sustentável. Todos os dias, conectamos agricultores com mercados, clientes com ingredientes e pessoas e animais com os alimentos de que precisam para prosperar. Combinamos 155 anos de experiência com novas tecnologias e percepções para servir como um parceiro confiável para clientes de alimentos, agricultura, serviços financeiros e industriais em mais de 125 países. Lado a lado, estamos construindo um futuro mais forte e sustentável para a agricultura. No Brasil, desde 1965, somos uma das maiores indústrias de alimentos do país. Com sede em São Paulo (SP), estamos presentes em 17 estados brasileiros por meio de unidades industriais e escritórios em 147 municípios e 11 mil funcionários. Para mais informações, acesse https://www.cargill.com.br e nossa área de imprensa.
Instituto Humanize | Criado em 2017, o Humanize identifica oportunidades de ação em busca de soluções criativas, facilita encontros e orquestra alianças, visando ao fortalecimento dos atores intermediários e ao desenvolvimento do sistema de Negócios de Impacto Socioambiental (NISA). Atua como “hub” em prol do desenvolvimento de capacidades locais relacionadas às cadeias de produtos da sociobiodiversidade e aos negócios inclusivos e de impacto socioambiental, a partir de territórios prioritários, onde operamos de forma sistêmica. Além disso, estimula e viabiliza inovações no setor público. https://www.ihumanize.org/
Fundo Vale | Somos um fundo de fomento e investimento criado em 2009 pela Vale. Aportamos recursos de forma estratégica para apoiar e fortalecer negócios de impacto socioambiental positivo. Inicialmente dedicados à Amazônia, região onde se concentram as principais atividades da Vale, expandimos nossa atuação e contribuímos também com os desafios socioambientais de outras regiões no país. Existimos para apoiar negócios de impacto socioambiental para potencializar uma economia mais justa e inclusiva. http://www.fundovale.org/
(#Envolverde)