Organizações da sociedade civil da rede Observatório do Clima realizaram, no Rio de Janeiro, uma manifestação para pressionar o G20, grupo que reúne os países com as maiores economias do mundo, a taxar os super ricos e redirecionar os recursos para financiar ações climáticas robustas. Os líderes do G20 reúnem-se na cidade até amanhã, sob a presidência brasileira.
Uma moeda de três metros de altura foi instalada em frente ao Posto 12, na praia do
Leblon, para expor a responsabilidade das nações mais ricas em liderar o combate
à crise climática pelo exemplo. Os países do G20 são responsáveis por cerca de
80% das emissões dos gases de efeito estufa e concentram 80% da riqueza do
mundo.
Segundo as organizações, nenhum dos membros do G20 pode alegar falta de
recursos se não taxar seus bilionários de forma justa e progressiva e aplicar essas
verbas na adaptação à mudança do clima e em prol da transição energética justa. O
ato promovido hoje se conecta com a campanha “TaxaOsBi” e com outras iniciativas
globais semelhantes, como o Dossiê Taxando os Bilionários.
A campanha exige uma medida simples e urgente: que 3 mil bilionários contribuam
com uma taxação anual de 2% de suas fortunas para financiar a adaptação
climática em regiões mais vulneráveis. Já o dossiê destaca oito bilionários como
exemplos de que a tributação da super riqueza poderia gerar trilhões de dólares
para enfrentar a crise climática. Também descreve atividades prejudiciais que
apoiam essas fortunas.
“Taxar os bilionários é uma medida justa e necessária para financiar soluções
climáticas urgentes. Enquanto os super ricos aumentam sua fortuna e recolhem
cada vez menos impostos, o planeta superaquece e milhões de pessoas pagam alto
por isso. Os bilionários contribuem de maneira desproporcional para a crise
climática, que afeta de forma mais intensa as pessoas mais pobres e as nações
vulneráveis ao clima”, diz Marcel Taminato, Coordenador de Alianças Estratégicas
da 350.org.
“A crise climática escancara uma injustiça histórica e tributária que não pode mais
ser ignorada. Enquanto poucos acumulam fortunas e escapam da taxação justa,
bilhões enfrentam os impactos devastadores das mudanças climáticas. É inaceitável
que países e populações que menos contribuíram para a crise sofram as piores
consequências. Não podemos avançar no combate à crise climática sem enfrentar a
desigualdade e a falta de justiça tributária”, afirma Lucas Louback, gestor de
advocacy e campanhas no Nossas.
Nathalie Beghin, do Colegiado de Gestão do Inesc (Instituto de Estudos
Socioeconômicos), destaca: “É preciso cooperar internacionalmente para mobilizar
recursos públicos novos, adicionais e livres de endividamento para o financiamento
climático, em especial, para os países do Sul Global. A cooperação entre países
possibilita taxar os super ricos e as empresas transnacionais, combater os fluxos
financeiros ilícitos e acabar com paraísos fiscais.”
Segundo Tica Minami, do Instituto Climainfo, o G20 precisa sinalizar como um
compromisso sólido para manter viva a agenda climática global. Com a volta de
Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a responsabilidade sobre os
demais países, incluindo o Brasil, de demonstrar ambição e verdadeira liderança
climática aumenta exponencialmente. “As nações mais ricas do mundo precisam
assumir sua responsabilidade de financiar soluções climáticas e de natureza. A falta
de acordo que implodiu a COP da Biodiversidade em Cali mostrou que o nível de
compromisso dos países ainda é baixo, colocando em risco a agenda multilateral de
clima.”