Por Deivison Pedroza* –
Compartilhar ou ter posse. Eis a questão? Nos dias atuais isso deixou de ser dilema para se tornar certeza. A sociedade vem se tornando gradualmente mais consciente de seu impacto no planeta e busca por alternativas sustentáveis no dia a dia está crescendo. Com todo esse movimento, nos deparamos com mudanças de hábitos de consumo e sustentáveis, no qual o meio ambiente é o grande beneficiário. Esse assunto é tão pertinente, atual e precisa ser debatido, tanto que falarei sobre ele nas minhas duas próximas colunas aqui neste espaço.
Vamos imaginar a seguinte situação. Joana quer descansar da correria diária e decide conhecer um lugar novo. Ela pesquisa bastante na internet onde ir, escolhe o destino e vai. Chega no aeroporto, porém precisa de outro transporte até a cidade escolhida, localizada a 200 km. Então, utiliza o aplicativo “BlablaCar” e consegue uma carona.
Ela chega no destino. É recebida pelo anfitrião do “Airbnb” em um apartamento com quarto de frente para o mar. Joana quer conhecer a cidade e aluga uma bicicleta para passear com calma. Na volta, é recebida novamente pelo anfitrião (amante da gastronomia) com um jantar feito especialmente para ela conhecer a culinária local e não precisar se dirigir a um restaurante.
Depois de muita conversa e de receber informações sobre a cultura local, ela se prepara para deitar. Mas antes disso, olha as fotos recebidas pelo aplicativo do celular de seu cãozinho, hospedado com um anfitrião do “DogHero” na sua cidade natal. Eles conversam um pouco, até ela garantir que está tudo bem. E enfim dorme tranquila.
O dia de Joana se resumiu basicamente no consumo consciente, dado a partir da reputação e da rede de recomendações que estavam na internet e fortalecidas fora dela também. Ela estabeleceu relações de confiança com desconhecidos e constituiu relações comerciais. Mesmo sem nunca ter visitado a cidade, não conhecer ninguém de lá, Joana se sentiu acolhida e satisfeita com suas escolhas.
Do outro lado, tudo isso só foi possível porque seus anfitriões perceberam que compartilhar o que está disponível e ocioso gera renda. Isso muda a própria ênfase que é dada aos negócios, passando da posse para o reaproveitamento de recursos ociosos. Isso é a economia compartilhada acontecendo na forma de trocas, compra coletiva, propriedade partilhada, aluguel, empréstimo e modelos de assinatura. Isso é apenas uma pequena lista do que é possível fazer, porém usando a criatividade podemos ir muito além.
Segundo pesquisa da PwC (Price Water House Coopers), 86% dos entrevistados acreditam que esse modelo econômico torna a vida mais acessível, enquanto 83% consideram mais conveniente e eficiente. Ainda de acordo com o estudo, estima-se que até 2025, US$ 335 bilhões sejam gerados em receita com a economia compartilhada e serviços on-demand, principalmente setores de hospedagem, compartilhamento de veículos, transações financeiras peer-to-peer, plataformas de streaming de música e vídeo.
Entre setembro e outubro de 2018, foi realizado outro estudo, agora pela holding de pesquisas HSR Specialist Researchers, intitulado de “A economia colaborativa e os impactos no consumo”. Nele foram entrevistadas 1.670 pessoas, com idades entre 18 a 24 anos e das classes A, B e C. Os dados demonstraram que 56% já ouviram falar em economia colaborativa. As mudanças provocadas no comportamento do consumidor mais consciente e sustentável resultou no surgimento e reconhecimento de companhias voltadas à economia colaborativa. Prova disso, é que na pesquisa, a maioria dos respondentes usa ou conhece aplicativos de transportes (97%), de serviços de aluguel de casas por temporada (92%), de aluguel de bicicletas (89%), de compra e venda de produtos (88%) e de carona (88%).
O levantamento da HSR Specialist Researchers mostra ainda que 63% do público considera as empresas baseadas na economia colaborativa mais inovadoras. Atestando que tecnologia, inovação e economia compartilhada caminham juntas. A tecnologia e a inovação permitiram tirar a ociosidade das coisas, tornando-as úteis. Ambas trouxeram o uso da internet e das mídias digitais, possibilitando que os negócios fossem intermediados principalmente por plataformas e aplicativos.
Por isso eu pergunto: quem acaba ganhando mais com a economia compartilhada?
*Deivison Pedroza é CEO do Grupo Verde Ghaia
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