Trata-se da Wish a Storage, um site que une quem tem espaços vazios em casa e quem precisa guardar seus objetos. A grande vantagem em relação aos serviços de empresas de self storage é o preço e localização dos espaços. Em média, o custo do metro quadrado de um aluguel de espaço em residências é metade do metro quadrado de um box na cidade de São Paulo. Além disso, com uma rede de anunciantes de espaços cada vez maior, é possível que o local alugado esteja a alguns metros da residência daquele que precisa guardar suas coisas, reduzindo tempo e custos com transporte. “O site também é útil para quem não tem onde guardar seu carro ou moto e procura uma vaga para seu veículo que não seja cara como um estacionamento privado”, conta Daniel Eiro, um dos sócios da startup.
O funcionamento da plataforma é bastante simples. Quem tem espaço livre em casa e quer alugá-lo anuncia no site, gratuitamente. Já o interessado faz a busca no site e, ao encontrar o espaço ideal, entra em contato com o proprietário. Toda a transação é feita por meio do site. Ambos assinam um termo de uso que, na prática, funciona como um instrumento legal para proteger as partes envolvidas. No caso do locador (conhecido como storager), para resguardá-lo da responsabilidade de ter seu espaço usado para estocagem de produtos ilegais, por exemplo. No caso do locatário (chamado também de wisher), para ter garantias se houver danos ao seu patrimônio.
.
Perfil dos usuários
Em São Paulo, a procura maior vem de bairros localizados no centro expandido, como Pinheiros, Perdizes, Higienópolis, onde o metro quadrado é mais caro e há demanda maior de pessoas procurando espaço para armazenagem. Já os anunciantes são de bairros um pouco mais periféricos, mas não muito distantes do centro, como Pirituba, Saúde e Conceição, entre outros, onde ainda existem muitas residências e mais espaço.
“A demanda mais comum é de pessoas que estão se mudando e precisam guardar móveis temporariamente em algum local até acertarem a nova residência, além de uma boa procura por vagas de garagem”, diz. Há um pouco de tudo. “Temos, por exemplo, uma empresa que faz cenografia para teatro e usa os espaços alugados para armazenar seus objetos”, destaca Eiro.
Planos de expansão
A plataforma, que começou a operar em novembro do ano passado, tem cerca de 70 anúncios e 200 usuários cadastrados. O lucro vem do percentual do valor do aluguel, que é repassado para a Wish a Storage. A meta é fechar o ano com 800 anúncios e 1000 novos usuários. Para tanto, os sócios estão trabalhando no desenvolvimento de um aplicativo, além de investirem em recursos de marketing, bem como em campanhas online e offline para o maior alcance de usuários e transações na plataforma.
Como nesse início de operação os recursos são relativamente baixos, eles próprios tocam o negócio. Daniel Eiro cuida da parte tecnológica do negócio ao lado de Hilarindo Silva, também formado em engenharia. Já Franz Bories e Thiago Fogaça, ambos formados nas áreas de negócios, e Ricardo Russo, advogado, ficam com a parte administrativa e comercial.
“Como dizem na linguagem do empreendedorismo, as startups nascem, em geral, de uma ‘dor’ de um dos empreendedores. Foi o nosso caso”, brinca Eiro. A ‘dor’, no caso, era de Bories, que, após formado no interior de São Paulo, veio trabalhar na capital paulista. Durante anos ele morou em um flat de cerca de 25 metros quadrados e não tinha lugar para guardar seus instrumentos musicais – seu hobby é tocar percussão junto aos amigos. Ao fazer cotação em serviços de self storage, viu que ficaria muito caro guardá-los em boxes comerciais. Ele pensou em pagar a um de seus vizinhos uma quantia para que deixasse guardar seus equipamentos em sua casa.
Da conversa sobre esse problema veio a ideia de criar um negócio. Todos estavam empregados nesse período e continuaram assim por um tempo, enquanto desenvolviam melhor a proposta da empresa. Até que participaram do processo de seleção de uma das maiores aceleradoras da América Latina, a Startup Farm, ao mesmo tempo em que buscavam espaço na incubadora Cietec, da USP. O projeto foi aprovado por ambas e eles acabaram optando pela aceleradora, onde ficaram por cinco semanas.
“Quando recebemos esses retornos positivos, soubemos que tínhamos um negócio com bom potencial. Decidimos então juntar nossas economias e deixar nossos empregos para nos dedicarmos somente à empresa”, diz Eiro. No momento, todo o investimento feito na empresa vem do capital dos próprios sócios. Eles ainda estão avaliando a possibilidade de procurar fontes de financiamento para o negócio.
O começo
A vida de empreendedor tem sido desafiadora. Eiro, por exemplo, conta que sempre quis ter uma empresa, mas não tinha uma boa ideia para abrir um negócio. “Quando entrei na Poli, eu gostava de eletrônica, de programação, mas não achava que ia seguir carreira em Tecnologia da Informação. Acabei encontrando emprego nessa área, comecei a gostar mais a cada dia, me interessando mais sobre aspectos da Internet e tecnologia”, lembra.
Ele destaca a formação obtida na Poli como essencial não só para lidar com os aspectos tecnológicos, mas com a própria administração do negócio. “Na graduação eu realmente aprendi a aprender. Hoje, isso está sendo essencial na gestão do meu negócio, pois lido diariamente com novas tecnologias e preciso me atualizar rapidamente”, conta. “Lidar com todo esse ambiente de incertezas que cerca uma startup vem sendo um dos meus grandes desafios, e o background que a Poli me proporcionou tem sido fundamental para encará-lo”, completa.
Para Hilarindo Silva, o sentimento é parecido. “A Poli me ensinou desde o início que disciplina e organização são fundamentais para uma carreira de sucesso”, pontua. “Como engenheiro, aprendi a analisar e resolver problemas de forma rápida e eficiente. Como empresário, aprendi a ser multitarefa, o que me permite trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo”, finaliza.
Publicado originalmente no Jornal da USP, com informações da Acadêmica Agência de Comunicação (#Envolverde)