Segundo a agência da ONU, a produção de cereais em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua foi gravemente reduzida por conta do clima seco associado ao fenômeno climático; Nações Unidas pedem preparação a países do Pacífico.
Um economista da unidade de Informação Global e Sistema de Alerta Precoce da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, afirmou: “os impactos do El Niño em 2015 são ainda mais intensos do que os do ano passado”.
Para Felix Baquedano, depois de dois anos de tempo cada vez mais seco, é “fundamental” apoiar agricultores a “recuperar algumas de suas perdas, os ajudando a ter rendimentos mais fortes na segunda temporada”.
Fenômeno Climático
Segundo a agência da ONU, a produção de cereais em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua foi gravemente reduzida por conta do clima seco associado ao El Niño.
O fenômeno climático é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico. O El Niño é acompanhado de períodos de seca que podem atrasar a plantação, reduzir áreas de plantio e sufocar o desenvolvimento de culturas.
A perda resultante nas colheitas este ano vai deixar um grande número de agricultores em necessidade de assistência enquanto a subregião tenta se recuperar.
Estado de Alerta
Na Guatemala, a FAO está apoiando o governo na construção sistemas de alerta precoce e desenvolvendo planos de gerenciamento e disponibilizando sementes e treinamento para ajudar os agricultores a mitigar os efeitos do El Niño.
A agência da ONU também está fornecendo assistência direta à produção e apoio ao monitoramento nutricional em Honduras.
A FAO continua apoiando o governo de El Salvador em sua estratégia para adaptar a agricultura local aos efeitos da mudança climática.
O Conselho Agrícola da América Central, liderado por ministros da agricultura da região, declarou estado de alerta depois que centenas de milhares de agricultores perderam colheitas de subsistência.
Pacífico
No Pacífico, as Nações Unidas estão fazendo um apelo aos governos de ilhas locais e seus moradores que se preparem para uma emergência iminente por conta do El Niño com o potencial de afetar até quatro milhões de pessoas.
O coordenador residente da ONU em Fiji, Osnat Lubrani, afirmou que os “especialistas estão prevendo de forma unânime” que está a caminho nos próximos meses um El Niño considerado de forte a severo.
Ele disse ainda que algumas previsões no momento sugerem que o evento possa ser “tão grave como o de 1997/98 que foi o pior fenômeno já registrado e levou seca a países como Papua Nova Guiné e Fiji”.
Preparação
Lubrani declarou ser o momento para comunidades e governos se prepararem para as mudanças climáticas extremas, que normalmente o El Niño desencadeia.
Ele afirmou que diversos países estão implementando ou preparando planos para secas e que a “ONU está pronta para apoiar essas ações fornecendo coordenação e aconselhamento técnico”.
Nos próximos meses, países localizados na linha do Equador podem esperar mais chuvas, enchentes e níveis mais altos do mar, representando desafios para atóis de baixa altitude que já sentem os impactos da mudança climática.
Emergência Humanitária
Os países mais populosos do sudeste do pacífico vão ver o tempo ficar mais seco de agora em diante com alguns, eventualmente, passando por seca.
Segundo o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assistência Humanitária, Ocha, os anos de El Niño geralmente apresentam uma temporada mais longa de ciclones, com fenômenos mais intensos afetando uma área maior do Pacífico.
O chefe do escritório regional do Ocha para o Pacífico, Sune Gudnitz, afirmou que “o El Niño tem o potencial de desencadear uma emergência humanitária regional”.
Ele disse ainda que segundo estimativas do Ocha, “até 4,1 milhões de pessoas estão em risco de escassez de água, insegurança alimentar e doenças em toda a região”.
Força
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, OMM, um “El Niño maduro e forte está atualmente presente na região do oceano Pacífico Tropical e deve se fortalecer ainda mais”.
O evento climático este ano é o mais forte desde 1997-98. Segundo informações da agência da ONU é, potencialmente, um dos quatro mais intensos desde 1950. (Rádio ONU/ #Envolverde)
* Por Laura Gelbert, da Rádio ONU.