Um estudo abrangente realizado ao longo de seis meses, examinando quase quatro mil turmas de instituições públicas em 12 cidades brasileiras, revelou uma realidade preocupante: menos da metade das creches e pré-escolas oferecem momentos de leitura como parte de sua rotina, ou seja, a atividade de mediação de livros de histórias ocorreu em apenas 45% das turmas observadas. Surpreendentemente, 5% dessas práticas foram realizadas sem apoio de planejamento pedagógico, de acordo com o estudo “Avaliação da Qualidade da Educação Infantil: um Retrato pós-BNCC (Base Nacional Comum Curricular)”, evidenciando uma lacuna na abordagem educacional.
Além disso, outras práticas essenciais de leitura e escrita não foram oferecidas em 39% das turmas examinadas. Mesmo nas turmas onde essas práticas foram implementadas, em 23% delas, não houve uma estratégia que permitisse o protagonismo das crianças por meio do brincar, uma abordagem amplamente reconhecida como crucial para esta etapa da educação infantil.
Juliana Yade, coordenadora de Educação Infantil do Itaú Social, destaca a importância vital da mediação literária nas escolas: “Ao considerar os benefícios que a leitura de livros de história oferece às crianças, especialmente na primeira infância, é indispensável que creches e pré-escolas adotem a mediação da literatura como uma aliada pedagógica, a fim de garantir, não somente o acesso à cultura letrada, mas também a construção de um olhar crítico da realidade que as cerca”.
Abril é um mês significativo para a literatura, marcado por duas datas importantes: o Dia Nacional do Livro Infantil (18) e o Dia Mundial do Livro (23), e este ano foi marcado também pelo falecimento do escritor Ziraldo, aos 91 anos, autor do clássico “Menino Maluquinho”. Ao longo de sua carreira, Ziraldo sempre enfatizou a relação fundamental entre a criança e o livro, destacando sua importância no desenvolvimento infantil.
A pesquisa, realizada com o apoio do Itaú Social e do Movimento Bem Maior pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Lepes (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social) da Universidade de São Paulo, mapeou 3.467 turmas em creches e pré-escolas em todo o país. Os resultados destacam a necessidade urgente de intervenções para melhorar a qualidade da educação infantil, especialmente no que diz respeito à promoção da leitura.
Relevância da Leitura na Primeira Infância
A importância da leitura compartilhada na primeira infância é inegável, oferecendo benefícios significativos na aquisição de vocabulário e consciência fonológica, além de ser crucial para o desenvolvimento futuro da capacidade leitora. Os efeitos são ainda maiores quando a criança participa ativamente da leitura, promovendo um diálogo enriquecedor.
De acordo com a 10ª onda da Pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias, também realizada pelo Itaú Social, tanto responsáveis quanto crianças reconhecem o valor da leitura e da contação de histórias no processo de letramento.
O público infantil, dos cinco aos dez anos, é o que mais lê no Brasil. As crianças compreendem 23% de toda a população leitora e costumam ler diariamente ou quase todos os dias por vontade própria, de acordo com a 5ª edição do Retratos da Leitura. Diante desses dados, é essencial que creches e pré-escolas adotem a mediação da literatura como uma ferramenta pedagógica fundamental, garantindo que todas as crianças tenham acesso à cultura letrada e possam desenvolver habilidades críticas desde cedo.
Relevância da leitura
- A prática de leitura compartilhada na primeira infância proporciona ganhos na aquisição de vocabulário e consciência fonológica, além de ser importante para o desenvolvimento da futura capacidade leitora;
- *Fonte: Impacto da leitura feita pelo adulto para o desenvolvimento da criança na primeira infância – Itaú Social
- Os efeitos são ainda maiores quando a criança possui uma participação ativa na leitura, que deve ocorrer de forma dialogada.
- *Fonte: Impacto da leitura feita pelo adulto para o desenvolvimento da criança na primeira infância – Itaú Social
- Para 86% dos responsáveis por crianças da Educação Infantil, a leitura e a contação de histórias contribuem muito para o processo de letramento;
- Fonte: 10ª onda da Pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias
- 88% das crianças da Educação Infantil costumam ouvir histórias contadas por seus familiares.
- *Fonte: 10ª onda da Pesquisa Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias
- Os maiores incentivadores da leitura são os professores, apontados por 11%. Em segundo lugar está a mãe ou responsável do sexo feminino, apontado por 8%, e, em seguida, está o pai, responsável do sexo masculino ou algum outro parente apontado por 4%;
- *Fonte: 5ª edição do Retratos da Leitura
- O público infantil, dos cinco aos dez anos, é o que mais lê no Brasil. As crianças compreendem 23% de toda a população leitora e costumam ler diariamente ou quase todos os dias por vontade própria;
- *Fonte: 5ª edição do Retratos da Leitura