Por Juan Piva*
Como atrair os jovens para a agricultura? Essa pergunta norteou os debates do Fórum de Segurança Alimentar, organizado pelo Banco de Desenvolvimento Asiático (BDA), há um mês. Reunidos na Ásia-Pacífico, os especialistas concluíram que, se os jovens pudessem sentir a emoção de cuidar de plantas para produzir alimentos e tivessem suas aplicações e seus programas informatizados, seria mais atraente e mais fácil garantir a segurança alimentar mundial.
A possibilidade de atrair a juventude e de utilizar a tecnologia foi apresentada por Nichola Dyer, responsável pelo Programa Global de Agricultura e Segurança Alimentar (GAFSP) – e reproduzida pela Inter Press Service News Agency (IPS) -, no painel, que contou com a participação de 250 representantes de governos e órgãos intergovernamentais, setor privado, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e desenvolvimento.
Com base em dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o porta-voz do GAFSP comentou que são perdidos 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano no planeta, por isso “temos que estudar como incluir o setor privado e a sociedade civil para garantirmos que a falta de políticas receba a melhor tecnologia que se possa aplicar”. “Há uma grande necessidade de se apoiar os países que promovem a agricultura climaticamente inteligente, tanto do ponto de vista econômico quanto técnico, como forma de introduzir as novas tecnologias”, complementou Dyer.
“Esse fórum internacional também dialogou sobre a pouca expectativa dos agricultores de mais idade em encontrar, até entre seus filhos, substitutos para o trabalho rural. Isso acontece porque, da forma como tem sido disseminada, a vida no campo não se mostra atrativa para a maioria jovens, que a relacionam com serviços braçais e distantes das inovações tecnológicas”, apontou a diretora executiva de uma startup educacional brasileira, Ana Lúcia Maestrello.
O professor David Morrison, da Universidade de Murdoch, na Austrália, destacou que é hora de se concentrar na contribuição que a tecnologia e os dados podem proporcionar à agricultura. “A tecnologia é usada para desenvolver dados e estes são uma forma importante de mudar comportamentos. Os dados precisam ser analisados”, disse Morrison, no Fórum de Segurança Alimentar, antes de explicar que os governantes também devem compreendê-los para desenhar políticas baseadas na evidência e com foco nos agricultores e nos consumidores.
“Se quando seus pais os levam para passar um final de semana na fazenda, muitas vezes, nem sinal de celular pega, difícil imaginar que eles queiram viver lá. No entanto, é possível aproximar o rural do urbano na própria cidade desses jovens, e um projeto que estamos promovendo incentiva o turismo rural e o desenvolvimento sustentável via Empreendedorismo Socioambiental”, informou a educadora, que desenvolveu metodologia de aceleração da aprendizagem para crescimento da economia criativa no Brasil. (#Envolverde)
* Juan Piva é graduado em Jornalismo, com especialização em Educação Ambiental e Políticas Públicas pela Esalq-USP. Iniciou sua trajetória na Comunicação Socioambiental há sete anos, como estagiário da Oscip Barco Escola da Natureza; já como assessor de imprensa dessa organização, passou a apresentar programas de tevê e rádio, com a intenção de democratizar a informação ambiental. Hoje é colaborador da Maestrello Consultoria Linguística, onde dissemina o conhecimento para atender o interesse público, divulgando projetos educulturais e socioambientais. É coautor do livro-reportagem “Voluntariado ambiental: peça importante no quebra-cabeça da sustentabilidade”, promotor do Curso de Empreendedorismo Socioambiental, membro da Câmara Técnica de Educação Ambiental dos Comitês PCJ, jornalista responsável pelo Jornal +Notícias Ambientais e associado-fundador da Associação Mandacaru – Educação para Sustentabilidade.