As universidades não devem ser isoladas, e suas ações devem transpor os limites da academia na proposta de influenciar a sociedade na discussão de sustentabilidade.
Por Keite Marques, para Agência USP –
No sentido de estimular a comunidade universitária a integrar ações sustentáveis, a fim de que seus membros tornem-se agentes multiplicadores de práticas de sustentabilidade, levando-as para comunidade externa da universidade, o professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, Tadeu Malheiros, consolidou uma pesquisa com a Universidade de Michigan (UMICH), nos Estados Unidos — considerada uma instituição modelo na área —, visando a formulação de ferramentas de avaliação e monitoramento de cultura de sustentabilidade.
As ações humanas decorrentes da ocupação urbana desordenada e de processos industriais têm alto potencial de degradação da saúde pública e do meio ambiente. Mas, felizmente, é possível alterar esse quadro por meio da incorporação de ações sustentáveis e de educação em sustentabilidade nos diversos âmbitos da sociedade.
Nesse contexto, as universidades não devem ser isoladas, e suas ações devem transpor os limites da academia na proposta de influenciar a sociedade na discussão de sustentabilidade, carregando a responsabilidade de contribuir com a sensibilização cultural e conhecimento das pessoas, bem como propor inovações tecnológicas e ferramentas a fim de direcioná-la para um desenvolvimento sustentável. O campus universitário deve, então, comprometer-se e atuar na educação e na pesquisa, apoiar a elaboração de políticas, a disseminação de informações e integrar-se à comunidade externa a fim de criar um futuro igualitário e sustentável.
As prefeituras e as diretorias das unidades dos campi da USP devem ser entendidas como modelo de sistemas de diagnósticos e monitoramento do consumo de recursos naturais, aspectos socioeconômicos e melhores práticas em sustentabilidade, por meio de seus processos de compras — prezando por produtos certificados em responsabilidade social e optando por produtos orgânicos e de produção local —, redução de consumo de papel e de produtos descartáveis, controle do desperdício de água e energia elétrica, entre outras ações de grande importância e em concordância com os conceitos da educação ambiental e de sustentabilidade.
Para alcançar esse patamar do modelo é necessário conceber ferramentas de avaliação e indicadores para diagnóstico e monitoramento da cultura de sustentabilidade. “A meta é propor um sistema integrado de indicadores para monitoramento de sustentabilidade em um campus universitário, com estudo de caso aplicado no contexto ao campus da USP em São Carlos, a fim de acompanhar a implementação da Política Ambiental da USP”, comentou o professor.
Ao final, o resultado será um Sistema de Indicadores de Sustentabilidade para Universidades dirigido aos tomadores de decisão nas instituições universitárias e outros segmentos da sociedade que desejem tomá-las como exemplo.
Participa ativamente dos trabalhos o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Sustentabilidade (NUPS) do campus da USP em São Carlos, que desde 2012 desenvolve atividades voltadas ao tema de campus sustentável em parceria com o Instituto de Sustentabilidade Graham da Universidade de Michigan. Essa parceria vem sendo consolidada por diversas atividades conjuntas, envolvendo professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação de ambas as universidades. (Agência USP/ #Envolverde)
* Com informações do doutorando do NUPS Rodrigo Martins Moreira.
** Publicado originalmente no site Agência USP.