Por Roberto Resende, Presidente*
A sociedade global assiste aos efeitos de uma crise climática sem precedentes. Este ano que se encerra foi o mais quente já registrado e o que mais apresentou fenômenos climáticos extremos, tanto aqui no Brasil como em praticamente todas as partes do planeta.
Desde 2005, no início de nossas atividades, a organização já entendia a necessidade de combater o aquecimento global elaborando projetos de restauração florestal que, além da absorção dos gases de efeito estufa, também promoviam a melhoria de serviços ambientais como biodiversidade e qualidade do ar.
O Programa Carbon Free, lançado pela Iniciativa Verde, foi pioneiro no Brasil para compensação voluntária de gases de efeito estufa por meio da restauração da mata atlântica. O projeto mobilizou proprietários rurais para recuperar partes degradadas de suas áreas; movimentou economias e gerou renda ao contratar mão de obra para atuar nos plantios de árvores. Ao longo de quase duas décadas estes projetos somaram mais de 300 hectares envolvendo dezenas de propriedades e centenas de pessoas e empresas financiadoras.
Com o passar do tempo buscamos outras modalidades e projetos no sentido de ampliar nossa capacidade de atuação e impulsionar o desenvolvimento rural sustentável. Hoje, somos protagonistas no Programa Nascentes do Estado de São Paulo, com mais de 40 projetos. Estes somam mais de dois mil hectares de florestas, com mais da metade destes em diferentes estágios de implantação.
Também desenvolvemos outros projetos voltados à melhoria dos serviços ecossistêmicos combinada com a promoção da qualidade de vida das comunidades. Uma diretriz é o fortalecimento da cadeia da restauração, gerando emprego e renda com serviços e produtos, como mudas e sementes, combinado com uma produção mais sustentável.
Um exemplo neste sentido é o Plantando Águas, que inclui implantação de saneamento rural com tecnologias sociais e restauração florestal. Outro é o Restaura Ribeira, que também fomenta atividades agroflorestais.
Outro destaque foi o trabalho de articulação regional, com o Plano Diretor de Restauração Florestal do Vale do Paraíba do Sul, visando ampliar as capacidades regionais para a recuperação da vegetação nativa integrando os diversos atores.
De uma organização com alguns integrantes fomos ampliando nos últimos anos para uma equipe fixa de cerca de 20 pessoas, além de diversos outros profissionais pertencentes a parceiros em cada região onde mais florestas estão sendo erguidas.
Em 2024 a Iniciativa Verde investiu em consolidar a organização, como na gestão de pessoas e aperfeiçoamento de processos e incremento do uso de tecnologias. Prosseguimos na atuação em conjunto com outras organizações, como por exemplo na Rede de ONGs da Mata Atlântica e no Pacto Pela Restauração da Mata Atlântica, e em colegiados e conselhos.
Temos clareza que diante de fatos cada vez mais desafiadores será necessário redobrar esforços para tornar nosso trabalho ainda mais relevante. Dessa forma, iremos ampliar nossa contribuição para recuperar áreas degradadas e buscaremos contribuir, principalmente, junto aos setores empresariais e do agronegócio para o entendimento de que o melhor caminho para obter a compensação de suas emissões dos gases de efeito estufa é, sem dúvida, o plantio de árvores e a recuperação de áreas com mata nativa capazes não só de absorver carbono, como também trazer de volta fauna, flora e nascentes de rios fundamentais para a produção de alimentos e a qualidade de vida.
A Iniciativa Verde em 2025, quando completará 20 anos de atividades e ações ininterruptas, seguirá com seus planos. A regulamentação do mercado de carbono no Brasil abre demandas e possibilidades para nossa atuação, juntamente com empresas, governos e proprietários rurais e comunidades. O papel do terceiro setor é fundamental para que mecanismos deste tipo tenham maior eficiência ambiental e econômica, com equidade, transparência e benefícios sociais os mais amplos.
Desejamos a todos e todas um novo ano de esperanças renovadas rumo a um planeta mais verde, justo e sustentável!
*Colaborou o jornalista Reinaldo Canto.