A edição 2014 do Censo GIFE foi lançada oficialmente em dezembro e, dentre outras informações relevantes, apontou que os institutos e fundações associadas ao GIFE doaram, em 2014, 760 milhões de reais a organizações da sociedade civil. Apesar do total de doações ser significativo, ele representou apenas 25% de tudo o que investido socialmente pelos institutos e fundações em 2014, reforçando a realidade já observada nas edições anteriores do Censo de que os financiadores corporativos e familiares priorizam desenvolver seus próprios projetos a investir em organizações da sociedade civil independentes. Essa é a 10º edição do Censo GIFE, principal pesquisa sobre investimento social privado no Brasil.
A pesquisa, que tem como objetivo ampliar o acesso a dados de qualidade, influenciando a eficiência, a importância e o impacto do investimento social privado no país, ouviu 113 organizações associadas ao GIFE, o que representa 90% de sua base associativa.
Segundo artigo disponível no Censo, de Andre Degenszajn, secretário geral do GIFE, a pesquisa vem monitorando a proporção de doações sobre o montante investido pela sua rede de associados há alguns anos. Em 2009, 19% do recurso total investido pelo conjunto de respondentes da pesquisa foi dedicado a doações. Em 2011, o percentual foi de 29% e, nesta pesquisa, de 2014, o percentual alcançou 25% que, conforme citamos acima, significou 760 milhões doados pelos investidores sociais a organizações da sociedade civil.
De acordo com os resultados gerais deste último Censo GIFE, o valor de investimento social feito por cada organização variou entre 200 mil e 500 milhões de reais em 2014, demonstrando que entre empresas, institutos e fundações familiares, empresariais e independentes ou comunitários há organizações com portes muito diferentes em relação ao volume de investimento. O volume total investido em 2014 foi de 3 bilhões de reais, um crescimento real, segundo a pesquisa, de 18,44% entre os anos de 2009 e 2014.
Nesta linha, e mais especificamente em relação ao apoio a outras organizações da sociedade civil, foi traçado na 10º edição do Censo GIFE uma classificação entre os investidores que sintetiza suas estratégias de atuação (apoio a OSCs ou execução de projetos próprios) considerando como característica principal apenas as estratégias que a organização realmente prioriza, estabelecendo os seguintes perfis para os investidores sociais:
- Predominantemente doador: empresas, institutos e fundações cuja atuação está majoritariamente voltada ao apoio a OSCs.
- Predominantemente executor: empresas, institutos e fundações cuja atuação está majoritariamente voltada à execução de projetos próprios.
- Híbrido: empresas, institutos e fundações cuja atuação é voltada tanto à execução direta de projetos como ao apoio\doação a outras organizações.
Seguindo essa essa classificação, 18% dos respondentes foram qualificados como predominantemente doadores; 37% como predominantemente executores, e 45%, a maior parte dos respondentes, como híbridos. Dentro do perfil predominantemente doador, destacam-se as empresas, 50% delas dedicam mais de 50% do seu orçamento a doações. Além disso, os doadores investiram 7% dos recursos totais do investimento social em 2014, enquanto que os executores investiram 50% e os híbridos 42%, o que significa que apenas 7% do total de recursos é investido por organizações que são predominantemente doadoras.
Este apoio está relacionado principalmente à educação, área em que atua 85% dos respondentes, no qual 65% se volta para a realização de projetos próprios e 42% para apoiar organizações da sociedade civil. Além disso, o perfil das organizações apoiadas é, sobretudo, aquelas que desenvolvem projetos alinhados especificamente com temas ou causas priorizados pelos investidores, 71%; e organizações que atuam em seu território de interesse, 54%. Os principais motivos citados pelas organizações para apoiar outras organizações estão relacionadas ao fato delas serem capazes de implementar programas no contexto\território\causas prioritárias do associado ao GIFE respondente (67%) e porque as organizações tem legitimidade para atuar em seus temas de interesse (65%).
Neste contexto, algumas observações gerais foram colocadas: as doações não tem aumentado nos últimos anos; a doação é, com frequência, uma estratégia complementar de investimento em relação à operação direta e o montante total repassado a organizações é significativo mas conta com uma proporção importante de recursos incentivados.
Acesse o Censo GIFE completo aqui e saiba mais. (#Envolverde)