Por Jeffrey Moyo, da IPS –
Harare, Zimbábue, 17/11/2015 – O Programa de Desenvolvimento das Infraestruturas na África (Pida) aposta em impulsionar no continente o auge das comunicações e da energia sustentável, entre outros, afirmam especialistas. “Se a África e seus governantes puderem seguir o Pida e tudo o que implica, então o continente pouco desenvolvido poderá emergir de uma era de falta de infraestrutura e atrair o tão necessário investimento estrangeiro”, afirmou à IPS o economista zimbabuense Kingston Nyakurukwa.
Para as nações africanas, desde o princípio, o Pida visou à promoção e ao desenvolvimento socioeconômico e à redução da pobreza mediante uma melhora no acesso aos serviços e às redes de infraestrutura regional e continental. Em julho de 2010, as carências em matéria de infraestrutura na África levaram os governantes africanos a lançarem o Pida, entre a União Africana, Nova Aliança para o Desenvolvimento da África (Nepad) e Banco de Desenvolvimento Africano.
Em seu lançamento, a presidência do Pida ficou a cargo do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, porque seu país organizou naquele ano a Copa do Mundo de Futebol, que inspirou todo o continente. “Chegou a hora da África, mas sem infraestrutura nossos sonhos nunca se concretizarão. Não podemos ter intercâmbios comerciais no continente por falta de comunicação. A infraestrutura que queremos criar vai gerar novas oportunidades para nosso continente”, ressaltou Zuma naquela oportunidade.
Com o Banco de Desenvolvimento Africano como sua agência executora, o Pida foi desenhado como sucessor do Marco Estratégico de Médio e Longo Prazos (MLTSF) da Nepad, pensado para desenvolver uma visão e um contexto estratégicos para o desenvolvimento da infraestrutura regional e continental. Para muitos especialistas no tema, como Henry Kakonye, a África sofreu durante anos a falta de infraestrutura, o que teve impacto negativo no crescimento econômico do continente.
“A prolongada falta de infraestrutura na África afetou de forma gradual a produtividade e derivou em um aumento dos custos de produção e de desenvolvimento social e econômico”, apontou Kakonye à IPS. Segundo a Nepad, o Pida também ajudará a desenvolver a energia sustentável na África, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro deste ano.
A Nepad também indicou que não se pode deixar de fora o setor privado na hora de desenvolver a infraestrutura. “Com apoio do setor privado, o Pida espera desempenhar um papel fundamental na atenção aos problemas de infraestrutura do continente”, disse Adama Deen, diretor de Projetos e Programas no contexto de um fórum organizado pela Nepad em Johannesburgo. “A infraestrutura é essencial para integrar as regiões, concretizar o potencial socioeconômico e acelerar o desenvolvimento na África”, acrescentou.
Segundo a Divisão da Nepad no Banco de Desenvolvimento Africano, o continente necessitará de US$ 360 bilhões para investimento em infraestrutura, para dotar-se de uma boa conexão com o resto do mundo até 2040. Para isso, o Pida pretende instalar uma rede de 37.200 quilômetros de ferrovias e 16.500 quilômetros de rede elétrica até 2040. Ao mesmo tempo, procurará agregar 54.150 megawatts (MW) de capacidade de geração hidrelétrica e 1,3 bilhão de toneladas de capacidade nos portos da África, afirmou Ralph Olaye, do Banco de Desenvolvimento Africano.
O ministro de Energia da África do Sul declarou à imprensa que nenhum programa de infraestrutura terá êxito se não estiver vinculado com objetivos de desenvolvimento continentais. Segundo o governo sul-africano, o Pida continua sendo crucial para a região da África austral e todo o continente na promoção do desenvolvimento socioeconômico.
Na celebração do Dia da África, o diretor-executivo da Nepad, Ibrahim Mayaki, disse estar de acordo com o governo sul-africano. “Reduzir a brecha em matéria de infraestrutura é vital para o melhoramento econômico e o desenvolvimento sustentável. Mas somente se conseguirá mediante a cooperação continental e a busca de soluções”, destacou.
“De fato, agora, mais do que nunca, devemos atuar segundo o valor de nossas convicções para concretizar a integração da África para que seja próspera e pacífica, impulsionada por seu cidadão, como promove a Nepad. A liderança já não é uma questão ditada de cima para baixo”, acrescentou Mayaki.
Do dia 13 até hoje, o Pida traçou novos projetos conjuntos para o continente na cidade de Abdijã, na Costa do Marfim. Envolverde/IPS