Internacional

Combate à malária exige mais fundos

A malária provocar lamentáveis consequências para as mulheres grávidas com HIV e seus bebês. Dormir sob um mosquiteiro e tomar o comprimido contra a malária ajuda a mantê-las a salvo. Foto: Mercedes Sayagues/IPS
A malária provocar lamentáveis consequências para as mulheres grávidas com HIV e seus bebês. Dormir sob um mosquiteiro e tomar o comprimido contra a malária ajuda a mantê-las a salvo. Foto: Mercedes Sayagues/IPS

Por Kitty Stapp, da IPS – 

Nações Unidas/Adis Abeba, Etiópia, 16/7/2015 – A malária pode ser evitada e curada, porém, continua matando muitas pessoas. Em 2013, foi responsável pela morte de aproximadamente 584 mil pessoas, na maioria meninas e meninos africanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2000, a mortalidade caiu 47% em escala global. Mas na África a malária mata uma criança por minuto. O custo econômico também é alto. Anualmente, essa doença faz com que o continente africano perca aproximadamente US$ 12 bilhões em produtividade, e nos países mais afetados pode representar até 40% do gasto em saúde pública.

Começou no dia 13, e termina hoje, em Adis Abeba, capital da Etiópia, a Terceira Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, na qual os governantes apresentaram uma nova estratégia para eliminar a enfermidade, que implica duplicar os fundos atuais até 2020.

“Os novos objetivos contra a malária até 2030, e para 2020 e 2025, explicitados nas estratégias da OMS e da RBM (Aliança para Fazer Retroceder a Malária), são ambiciosos, mas alcançáveis”, afirmou Pedro Alonso, diretor do programa global contra a malária, da OMS. “Devemos acelerar os avanços para a eliminação da malária, a fim de garantirmos que nem a resistência do parasita ao medicamento, nem a resistência dos mosquitos aos inseticidas, e nem novos focos de malária prejudiquem os tremendos êxitos obtidos até agora. Podemos e devemos conseguir um impacto ainda maior para proteger o investimento realizado pela comunidade internacional”, acrescentou.

Apoiada no resultado de consultas de especialistas de todo o mundo nas regiões, países e n comunidades afetadas, a estratégia procura reduzir os casos de malária e as mortes em 90%, com relação a 2015, e erradicar a doença em outros 35 países. Especialistas da RBM afirmam que são necessários cerca de US$ 100 bilhões para erradicar a malária até 2030, e outros US$ 10 bilhões para pesquisar e desenvolver novas ferramentas, como novos medicamentos e inseticidas. Para alcançar a primeira meta de reduzir a incidência da malária e a mortalidade em 40%, os investimentos anuais deverão aumentar para US$ 6,4 bilhões até 2020.

“Atingir nossos objetivos para 2030 não só permitirá salvar milhões de vidas, como reduzirá a pobreza e criará sociedades mais saudáveis e equitativas”, destacou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. “Garantir a contínua redução e eliminação da malária gerará benefícios para comunidades inteiras, negócios, agricultura, sistemas de saúde e famílias”, acrescentou.

A malária é causada pelo parasita Plasmodium, transmitido ao ser humano pelo mosquito Anopheles, chamados “vetores” da doença, que picam principalmente ao entardecer e amanhecer. Aproximadamente metade da população mundial corre o risco de ser infectada pelo parasita.

“Investir para conseguir os objetivos na luta contra a malária até 2030 evitará quase três bilhões de casos da doença e permitirá salvar dez milhões de vidas. Se atingirmos esses objetivos, o mundo poderá gerar US$ 4 trilhões em produtividade econômica no período 2016-2030”, afirmou Fatoumata Nafo-Traoré, diretor-executivo da RBM.

A luta contra a malária foi um dos grandes êxitos dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), ao se evitar a morte prognosticada de aproximadamente seis milhões de pessoas entre 2000 e 2015, principalmente de menores de cinco anos na África subsaariana. Os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que deverão ser aprovados pela Assembleia Geral da ONU em setembro, oferecem uma nova oportunidade para impulsionar o financiamento e erradicar a doença de uma vez por todas, afirmam especialistas.

Aliviar o peso da malária significará um impulso aos esforços de desenvolvimento em todos os setores, ao diminuir o absenteísmo escolar, lutar contra a pobreza, aumentar a igualdade de gênero e melhorar a saúde materna e infantil. Envolverde/IPS