Internacional

Em 2015 morreram 57 milhões de pessoas

O HIV/aids é uma das principais causas de morte nos países de baixa renda. Na foto, um casal soropositivo com seu filho, no Quênia. Foto: Isaiah Esipisu/IPS
O HIV/aids é uma das principais causas de morte nos países de baixa renda. Na foto, um casal soropositivo com seu filho, no Quênia. Foto: Isaiah Esipisu/IPS

Por Joseph Chamie*

Nova York, Estados Unidos, 19/1/2016 – Em todo o mundo aconteceram 57 milhões de mortes em 2015, equivalentes a 0,78% dos 7,3 bilhões de habitantes. No ano passado, houve 140 milhões de nascimentos, o que resulta em um crescimento populacional de 83 milhões de pessoas.

As principais causas de morte no planeta foram cardiopatia isquêmica, acidentes cerebrovasculares (AVC), infecções das vias respiratórias baixas e enfermidade pulmonar obstrutiva crônica. Dois terços de todas as mortes foram causados por doenças não transmissíveis, em particular cardiovasculares, câncer, diabetes e enfermidades pulmonares crônicas.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes, equivalendo a um terço da mortandade mundial. Os principais fatores de risco das enfermidades cardíacas, pulmonares e dos AVC são dieta pouco saudável, falta de atividade física, consumo excessivo de álcool e tabaco. O cigarro responde pela mortandade de aproximadamente 10% dos adultos.

As doenças transmissíveis, junto com as complicações maternas, neonatais e de nutrição, são responsáveis por cerca de 25% das mortes. E as enfermidades infecciosas mais letais são as que ocorrem nas vias respiratórias baixas, o HIV/aids, doenças diarreicas, malária e tuberculose.

Embora se tenha avançado na redução da mortandade materna, esta continua sendo alta. Cerca de 830 mulheres morrem diariamente devido a complicações durante a gravidez ou no parto. Os números são especialmente altos em alguns países africanos, como Chade, Mali e Somália, onde pelo menos 25% das mortes de mulheres na idade reprodutiva se devem a essa causa.

As principais causas de morte em meninos e meninas menores de cinco anos são prematuridade, pneumonia, asfixia ao nascer, traumatismo durante o parto e doenças diarreicas. Em 2012, aproximadamente 40% destas mortes ocorreram dentro do prazo de 28 dias após o nascimento, e a prematuridade foi responsável por 35% desses falecimentos.

As lesões são responsáveis por quase um décimo de todas as mortes. Os acidentes de trânsito, em particular, causam 3.500 mortes a cada dia e são a principal causa de falecimento entre pessoas de 15 a 29 anos de idade. Cerca de 75% dos mortos em acidentes de trânsito são homens, e um dos fatores de risco mais importantes é o consumo de álcool.

Mais da metade das mortes no mundo acontecem depois dos 65 anos, mas isso varia muito segundo o nível de desenvolvimento do país. No Japão, por exemplo, 60% dos falecidos têm mais de 80 anos, a mortalidade dos menores de cinco anos equivale a 0,26% de todas as mortes e as possibilidades de uma menina ou um menino japonês não completar cinco anos é de uma em 333.

Ao contrário, na Nigéria quase 60% dos mortos não completou 30 anos, a mortalidade dos menores de cinco anos equivale a 37% de todas as mortes e as possibilidades de uma criança nigeriana não completar os cinco anos é de, aproximadamente, uma em cada oito.

As principais causas de morte também variam consideravelmente segundo a situação socioeconômica. Nos países de baixa renda prevaleceram, em 2012, os falecimentos por infecções das vias respiratórias baixas, HIV/aids, doenças diarreicas e AVC. Nos de renda alta, as principais causasforam cardiopatias isquêmicas, AVC, câncer de traqueia/pulmão, Alzheimer e outros tipos de demência.

O suicídio provocou mais de 800 mil mortes em 2012, ou cerca de 1,4% de todas as mortes no mundo. Devido às pressões religiosas, sociais e legais, o número desses casos denunciados é inferior ao real. Em 2012, mais de 75% dos suicídios denunciados aconteceram em países de rendas baixa e média. As nações mais propensas foram Guiana, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Sri Lanka, Lituânia, Suriname e Moçambique, nessa ordem. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda causa de morte.

O homicídio intencional provoca quase meio milhão de mortes por ano, ou 0,8% de todos os falecimentos. Em 2012, foram assassinadas 437 mil pessoas. Os homens são, aproximadamente, 80% das vítimas e 95% dos que matam. Mais da metade das vítimas de homicídio é de menores de 30 anos, enquanto 8% são crianças menores de 15 anos. Cerca de 15% dos assassinatos são consequência da violência de gênero, e as mulheres são 70% das vítimas.

A maior quantidade de homicídios acontece em países da América Central e América do Sul, como Belize, El Salvador, Guatemala, Honduras e Venezuela, onde as taxas oscilam entre 40 e 90 mortes para cada cem mil habitantes. Nos países de renda alta, como Alemanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão, as taxas de homicídio são comparativamente baixas, com menos de cinco mortes para cada cem mil habitantes.

As guerras e os conflitos civis causaram 0,3% das mortes no planeta. As 20 guerras mais mortíferas de 2014 provocaram 164 mil vítimas, segundo o centro de pesquisa Projeto para o Estudo do Século 21. Os quatro conflitos mais mortíferos nesse ano ocorreram na Síria, com 76 mil mortes, Iraque, com 21 mil, Afeganistão, com 15 mil, e Nigéria, com 12 mil mortes.

As mortes causadas por atos terroristas equivalem a 0,06% do total. Em 2014, morreram 33 mil pessoas por esta causa, em comparação com as 18 mil de 2013. Na Nigéria, houve o maior aumento, com 7.500 mortos em 2014, mais de 300% acima do nível de 2013.

Os atos terroristas estão extremamente concentrados geograficamente. Quase 80% das mortes por esta causa em 2014 aconteceram no Afeganistão, Iraque, Nigéria,Paquistão e Síria. O Iraque é o país mais afetado pelo terrorismo, com o maior número de atentados. Aproximadamente, 30% das mortes registradas nesse país em 2014 foram consequência de ataques terroristas.

Em 2014, morreram 607 pessoas pela aplicação da pena de morte. Embora 22 países tenham realizado execuções nesse ano, Arábia Saudita, Irã e Iraque concentraram mais de70% do total. Porém, o número de execuções é subestimado, já que alguns países não as declaram. Em particular, a cifra não inclui a China, onde as estatísticas sobre a pena capital são segredo de Estado. Envolverde/IPS

*Joseph Chamie é demógrafo, consultor independente, e ex-diretor da Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU).