Internacional

Milhões de pessoas ignoram ter hepatite

O Peru leva adiante uma estratégia para eliminar a transmissão da hepatite B de mãe para filho. A medida de prevenção mais importante é a vacinação universal, que evita 95% das infecções. Foto: Cortesia OPS
O Peru leva adiante uma estratégia para eliminar a transmissão da hepatite B de mãe para filho. A medida de prevenção mais importante é a vacinação universal, que evita 95% das infecções. Foto: Cortesia OPS

Por Baher Kamal, da IPS – 

Roma, Itália, 27/7/2016 – Com cerca de 400 milhões de pessoas no mundo infectadas pelos vírus de hepatite B ou C, e a maioria sem saber disso, a Organização das Nações Unidas exorta os países a aumentar os exames clínicos e melhorar o acesso a serviços e medicamentos para os que precisam combater os “perigos ignorados” dessa enfermidade.Uma espantosa proporção de 95% das pessoas infectadas com hepatite B ou C não sabem que têm o vírus, e frequentemente sofrem os sintomas durante anos, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

E mais de 90% das pessoas com hepatite C podem curar-se totalmente nos primeiros três a seis meses de contraída a doença.“O mundo ignora a hepatite por seu próprio risco”, afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS, por ocasião do Dia Mundial Contra a Hepatite, celebrado no dia 28. “É hora de mobilizar uma resposta global contra a hepatite em escala semelhante à gerada para lutar contra doenças transmissíveis como o HIV/aids e a tuberculose”, acrescentou.

O número de pessoas com a doença aumenta entre seis milhões e dez milhões por ano, segundo a OMS, que também anunciou planos para divulgar pautas de exames, tanto para a hepatite B como para a C. Com essa iniciativa, entre outras, a OMS, que tem sua sede em Genebra, tenta “promover os exames e chegara 95% das pessoas que não sabem que estão infectadas e com a enfermidade”.O lema do Dia Mundial Contra a Hepatite deste ano é “conheça a hepatite e aja agora”.

Junto com a Social Entrepreneurship for Sexual Health, a OMS informou, no dia 25 deste mês, que lançou o concurso #HepTestContest para mostrar como as pautas podem se traduzir em ações concretas no terreno. “Necessitamos de exemplos de inovação e melhores práticas para ajudar a conduzir e inspirar outras pessoas”, explicou PhilippaEasterbrook, uma das diretoras do Programa Global de Hepatite da OMS. O concurso recebeu 64 aportes de 27 países, informou esta agência das Nações Unidas.

Cinco finalistas foram escolhidos por um painel de especialistas, entre os quais havia representantes da OMS, da Aliança Mundial Contra a Hepatite, e da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que revisaram os modelos de exames para a inovação, efetividade e os planos de sustentabilidade.

Dia Mundial Contra a Hepatite, 28 de julho de 2016. Foto: OMS
Dia Mundial Contra a Hepatite, 28 de julho de 2016. Foto: OMS

 

Além das campanhas nacionais para exames clínicos, as estratégias incluíram os exames nas prisões, no âmbito do trabalho e nas salas de emergência dos hospitais, bem como a integração de exames de HIV e hepatite, o uso da internet, das redes sociais e dos registros médicos eletrônicos para identificar pacientes de alto risco, e que sejam feitos os exames no atendimento primário.

“Desde as prisões da Austrália, passando por uma ferramenta de autoavaliação de risco pela internet na Holanda e acampamentos de exames clínicos comunitários para consumidores de drogas na Índia, até a atenção primária na Mongólia, aprendemos algumas lições importantes de como conscientizar sobre essa doença silenciosa, melhorar o número de exames clínicos e vincular as pessoas infectadas com os serviços de tratamento e atenção”, pontuouEasterbrook.

Um elemento importante desse enfoque foi a forte participaçãoe o apoio da comunidade, bem como a associação estratégica para promover uma redução no custo do tratamento, destacou a OMS. “A união entre laboratórios farmacêuticos, governos, organizações de pesquisa e comunidades para ajudar a negociar uma redução de preços faz com que os tratamentos contra a hepatite sejam mais acessíveis”, acrescentou Easterbrook.

“O concurso demonstrou uma variedade de possibilidades, que podemos desenvolver estratégias de exames clínicos aceitáveis que se adequem a diferentes contextos e culturas, e que é possível aumentar efetivamente o número de exames em muitos países e comunidades”, acrescentou a funcionária da OMS.

Em maio desse ano, a Assembleia Mundial da Saúde, órgão de decisão da OMS, fez um chamado para que seja oferecida atenção médica a oito milhões  de pessoas com hepatite B ou C até 2020, reduzir as novas infecções virais em 90% e diminuir o número de mortes em 65% até 2030, em relação aos dados deste ano. Esses objetivos integram a primeira Estratégia Mundial do Setor de Saúde Sobre a Hepatite Viral. Envolverde/IPS