Internacional

ONU e Banco Mundial querem energia sustentável para todos até 2030

Um sistema de energia solar é transportado por mulas até uma área remota na região de Ladaj, na cordilheira do Himalaia. Foto: Athar Paravaiz/IPS
Um sistema de energia solar é transportado por mulas até uma área remota na região de Ladaj, na cordilheira do Himalaia. Foto: Athar Paravaiz/IPS

Por Thalif Deen, da IPS – 

Nações Unidas, 21/5/2015 – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, defensor incansável da energia sustentável para todos, em certa ocasião deixou clara a necessidade que temos das comodidades modernas ao mostrar seu telefone celular ao público presente, e perguntar: “O que faríamos sem ele?”

“Todos dependemos dos telefones, da luz, da calefação, do ar-condicionado e da refrigeração”, mas, ainda há milhares de milhões de pessoas no mundo que não têm o beneficio da maioria destes serviços energéticos modernos, acrescentou Ban ao público em Oslo, na Noruega.

Segundo estimativas do Banco Mundial, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à eletricidade, e mais de três bilhões, quantidade maior do que a população conjunta de China e Índia, ainda dependem de combustíveis contaminantes como querosene, madeira ou biomassa para cozinhar e, às vezes, aquecer suas moradias.

O mundo está bem encaminhado para alcançar a Energia Sustentável para Todos (SE4ALL) até 2030, mas deve agir com mais rapidez, recomenda um novo informe do Banco Mundial que faz um acompanhamento do progresso dessa iniciativa. Além dos objetivos de energia renovável, a ONU também se comprometeu a eliminar a pobreza extrema e a fome da face da terra até 2030.

Martin Krause, diretor da Equipe de Política Energética Mundial, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), disse à IPS que o objetivo de conseguir o acesso universal à energia sustentável é muito possível, “mas, de fato, temos que avançar com maior rapidez para chegar aos bilhões que ficaram para trás”.

Krause sugeriu que para os 1,1 bilhão de pessoas sem eletricidade, especificamente para a população pobre predominantemente rural, é necessário um enfoque especifico e descentralizado, por exemplo, com mini rede elétrica, sistemas solares domésticos ou mini-hidrelétricas. E, acrescentou, “para os três bilhões que usam para cozinhar e na calefação lenha e esterco são necessárias novas tecnologias, melhor tomada de consciência e financiamento de baixo custo para mudar o uso dos combustíveis nocivos por tecnologias e fontes de energia mais limpas e sustentáveis”.

Nos dois casos serão necessários recursos financeiros públicos e privados para que a inciativa prospere, afirmou Krause. “Da nossa parte, o Pnud acaba de lançar uma nova publicação, a Energyplus Guidelines, que foi preparada para apoiar nossos países associados a enfrentar algumas destas questões.

A ONU organizou o segundo SE4ALL anual, que começou dia 18 e terminou ontem. Segundo as Nações Unidas, dirigentes de governos, empresas privadas e a sociedade civil anunciarão novos compromissos para acabar com a pobreza energética e combater a mudança climática. “Apresentarão formas de catalisar as finanças e o investimento na escala necessária para cumprir os objetivos da SE4ALL da ONU referente ao acesso à energia, à eficiência energética e às energias renováveis”, acrescentou o fórum mundial.

Mais de mil profissionais compartilharão e debaterão soluções energéticas inovadoras, segundo um comunicado de imprensa. O Fórum se concentrará nos temas energéticos em preparação para a cúpula da ONU em setembro, que adotará a Agenda de Desenvolvimento Posterior a 2015, e a 21ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática, que acontecerá em dezembro em Paris, que definirão a direção que tomará a política energética nas próximas décadas.

Entre os combustíveis fósseis estão petróleo cru, gás natural e carvão, cujas jazidas acabarão nas próximas décadas, segundo especialistas. Entre as fontes renováveis estão energia eólica, solar, hidrelétrica e geotérmica. Segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, o acesso universal às fontes renováveis pode ser obtida a um custo aproximado de US$ 48 bilhões ao ano e US$ 960 bilhões no período de 20 anos.

Em seu informe intitulado O progresso para a energia sustentável: marco de acompanhamento mundial 2015 publicado na segunda-feira, dia 18, o Banco Mundial indica que faz um acompanhamento do progresso realizado em três objetivos a serem cumpridos até 2030, o acesso universal à energia, a duplicação da taxa de melhoria da eficiência energética, e a duplicação da cota das energias renováveis no conjunto energético.

Enquanto a primeira edição do informe, divulgada em 2013, mediu o progresso entre 1990 e 2010, a edição atual contempla o período de 2010 a 2012. Nesse período, a quantidade de pessoas sem acesso à eletricidade diminuiu de 1,2 bilhão para 1,1 bilhão, uma taxa de progresso muito mais rápida do que no período 1990-2010.

Estes avanços, segundo o documento, se concentraram na Ásia meridional e África subsaariana, e, sobretudo, nas zonas urbanas. A taxa de eletrificação mundial aumentou de 83%, em 2010, para 85%, em 2012. Envolverde/IPS