Por Nora Happel, da IPS –
Nações Unidas, 25/8/2015 – Em setembro serão entregues pela quinta vez o Prêmio Sul-Sul, que celebra os êxitos e as contribuições de chefes de Estado e de governo, bem como de representantes do setor privado e da sociedade civil, na promoção do desenvolvimento sustentável no Sul global.
A cerimônia acontecerá no dia 26 de setembro, em apoio à comemoração dos 70 anos da Organização das Nações Unidas (ONU) e do vencimento do prazo para cumprir os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que dará lugar à adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Prêmio Sul-Sul talvez seja o exemplo mais destacado dos muitos programas de desenvolvimento criados e implantados pela Organização Internacional para a Cooperação Sul-Sul em apoio aos esforços de desenvolvimento da ONU, ao intercâmbio de conhecimento e às melhores práticas na cooperação Sul-Sul, além de triangular e criar associações entre governos de países em desenvolvimento e do setor privado.
Lançado em 2010 durante a 16ª sessão do Comitê de Alto Nível das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, a organização começou com o programa de notícias South-South News, e seguiu com o desenvolvimento de projetos para ampliar seu trabalho pelo desenvolvimento social e empresarial. No ano passado, a organização lançou o Comitê Diretor Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável, uma estrutura que apoia diferentes atividades e também, em particular, o Prêmio Sul-Sul.
A IPS conversou sobre a edição deste ano do Prêmio com o secretário-geral do Comitê Diretor Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável e diretor geral da Organização Internacional para a Cooperação Sul-Sul, Alexandru Cujba, também ex-representante permanente da Moldávia junto à ONU e ex-vice-presidente da Assembleia Geral.
IPS: Este ano os ODM serão substituídos pelos ODS em um processo que se reflete no tema do Prêmio Sul-Sul de 2015: Dos ODM aos ODS: apoio à redução da pobreza, à educação e aos esforços humanitários. Esse processo e a celebração dos 70 anos da ONU convertem esta edição em especial?
ALEXANDRU CUJBA: Este ano será uma continuação das cerimônias anteriores, mas, talvez, diferente porque, como mencionou, concluem os ODM e passamos à nova Agenda de Desenvolvimento Pós-2015. Antes reconhecíamos os êxitos dos Estados membros em áreas específicas vinculadas aos ODM, mas este ano queremos destacar os êxitos na implantação dos oito objetivos. Creio que o ODM 1, combater a pobreza e a fome extrema era um dos mais importantes. Então, este ano nos associamos com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e nosso patrocinador tradicional, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), para ressaltar os êxitos dos Estados membros da ONU e das nações em desenvolvimento em relação a esse objetivo. Além disso, como é o 70º aniversário da ONU, aproveitamos para destacar o papel das Nações Unidas nestes anos, não só na preservação da paz e da segurança, mas também na promoção do desenvolvimento. Quando a maioria dos especialistas e políticos discute a criação e a necessidade da ONU, em 1945, vemos que agora o fórum mundial tem que dar novo impulso ao desenvolvimento dos Estados membros, não apenas para preservar a paz e a segurança, mas para apoiar seu desenvolvimento sustentável.
IPS: Quais os principais objetivos do Prêmio Sul-Sul? Quais foram seus resultados anteriores?
AC: Trabalhando com diferentes missões aqui, na sede da ONU, aprendemos que os países pequenos, especialmente os menos desenvolvidos, têm seus próprios êxitos e resultados positivos que não se costuma conhecer, salvo pelo meio diplomático e o fórum mundial. Em anos anteriores, quisemos destacar especialmente esses pequenos resultados, extremamente importantes para os países em desenvolvimento. Por isso, todos os anos trabalhávamos com nossos colaboradores na organização para identificar as melhores práticas e melhores êxitos desses países em diferentes áreas específicas. Esse ano, queremos destacar toda a implantação geral dos ODM. É uma boa oportunidade para ressaltar a concentração de esforços para concretizar esses objetivos nobres adotados em 2000.
IPS: Como são escolhidos os ganhadores do Prêmio Sul-Sul e quais critérios tiveram maior relevância este ano?
AC: Aprendemos com outros prêmios concedidos por diferentes agências da ONU. Têm certos critérios objetivos vinculados ao trabalho, à missão e aos objetivos das agências do fórum mundial e das estruturas que participam da organização dos respectivos eventos. No nosso caso, quisemos destacar os resultados na implantação dos ODM, mas também os exemplos positivos da Cooperação Triangular e Sul-Sul,. Por serem países de diferentes continentes e distintos tamanhos, recursos e êxitos, é difícil comparar os resultados obtidos por eles. Destacamos a diferença e a unicidade desses países. Às vezes não sabemos o que conseguiram e usamos a base de dados e as estatísticas das grandes organizações da ONU. Este ano, usamos o informe sobre os ODM preparado pela Secretaria da ONU e em especial pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, intitulado O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, da FAO e outras agências relacionadas e, naturalmente, nos remetemos ao informe do secretário-geral (Ban Ki-moon), sobre o trabalho da organização. Tentamos destacar tanto os êxitos importantes como alguns particulares, não necessariamente grandes êxitos em termos de número de pessoas que já não passam fome ou do número de crianças que vão à escola, mas os que são consideráveis para os pequenos países e os menos desenvolvidos que têm dificuldades com seu desenvolvimento.
IPS: Quais convidados são esperados este ano?
AC: A cerimônia de premiação costuma ser feita antes das sessões da Assembleia Geral da ONU. Até agora confirmaram presença numerosos chefes de Estado e de governo que viajarão a Nova York para a cúpula de Adoção da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e para o debate geral. Este ano teremos uma participação de alto nível muito diversa, com cerca de 800 convidados.
IPS: Quais são seus desejos e suas expectativas para o Prêmio Sul-Sul deste ano?
AC: Esperamos poder destacar os êxitos, grandes e pequenos, mas importantes para os países em desenvolvimento na implantação dos ODM e no avanço para a nova agenda de desenvolvimento pós-2015. Queremos que as lições sejam compartilhadas o mais possível e transferidas para outras nações. Sinceramente, espero que nossos participantes tenham uma boa experiência, desfrutem dos prêmios e que possamos seguir nossa cooperação e nossa missão, que é reunir os diferentes atores com o objetivo de apoiar os países em desenvolvimento e as iniciativas de desenvolvimento. Envolverde/IPS