Por Lyndal Rowlands, da IPS –
Nações Unidas, 7/7/2016 – O Sudão do Sul, mais novo país do mundo, completa cinco anos de existência com inúmeros problemas provocados pela guerra civil em curso, segundo organizações humanitárias internacionais. Este país da África oriental, que ficou independente em 9 de julho de 2011, está à beira do colapso econômico, alerta a organização humanitária Oxfam.
A difícil situação do país se deve principalmente ao conflito armado entre o governo e forças opositoras, que começou em dezembro de 2013 e causou a morte de milhares de pessoas desde então. A economia do Sudão do Sul depende em grande parte do petróleo, e é um dos inúmeros países em desenvolvimento que sofreram com os preços baixos dos hidrocarbonos nos últimos anos.
“A queda livre do preço do petróleo e sua produção praticamente parada devido aos intensos combates tiveram um impacto devastador no país, cuja arrecadação dependia em 98% do petróleo antes de dezembro de 2013”, afirma um comunicado da Oxfam, organização presente em mais de 90 países. A inflação supera os 300%, a maior no mundo, segundo a Oxfam, e o governo recorreu à venda de títulos futuros de petróleo para conseguir dinheiro.
“À venda não estão apenas os títulos futuros do petróleo. Ao leiloar sua principal fonte de dinheiro, o governo pôs à venda o futuro de seu povo”, advertiu o diretor da Oxfam para o Sudão do Sul, Zlatko Gegic. “A economia em queda e a inflação galopante agravam o sofrimento de milhões de sudaneses do sul e os condenam a um futuro ainda mais incerto”, acrescentou.
A população do país chega a pouco mais de 11 milhões de pessoas, das quais 2,3 milhões fugiram de suas casas devido à violência em curso. Aproximadamente 1,61 milhão de habitantes estão deslocados dentro do país e mais de 720 mil buscaram refúgio nos países vizinhos, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).
Além disso, mais de um quarto da população total do país, cerca de 2,7 milhões de pessoas, necessitam com urgência de ajuda alimentar, alertou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que apontou para uma possível fome no Sudão do Sul, onde muitos habitantes sobrevivem graças ao consumo de pescado e lírios do mar.
Por sua vez, a Anistia Internacional denunciou, no dia 6, que a depressão e o transtorno por estresse pós-traumático são problemas importantes no país. A contínua violência, incluída a violência sexual contra as mulheres, agravou o alto nível de enfermidades mentais sem tratamento no Sudão do Sul, destacou a organização em seu informe Nossos Corações Entristeceram. O Impacto do Conflito do Sudão do Sul na Saúde Mental.
“O fim das atrocidades, incluída a tortura, o estupro e o assassinato, seria um evidente primeiro passo urgente para prevenir as consequências adicionais para a saúde mental. Também devem ser tomadas medidas para sanar o dano já feito, fornecendo tratamento e outros medicamentos adequados às vítimas”, enfatizou Muthoni Wanyeki, diretor regional da Anistia para a África oriental, o Chifre da África e os Grandes Lagos.No dia 1º deste mês, o Conselho de Segurança da ONU expressou sua preocupação pela violência que impacta o país, bem como seu profundo alarme pelos combates na cidade de Wau. Envolverde/IPS