ODS 11

Jardins Comestíveis transformam espaços urbanos em Itaquaquecetuba

Itaquaquecetuba ganhará uma instalação artística que, além da beleza estética, também contribui para a segurança alimentar. O programa Jardins Comestíveis, da ONG Dia da Terra, consiste na implantação de obras de arte comestíveis em áreas públicas. Agora, o projeto chega ao município de Itaquaquecetuba, combinando land art – criação artística diretamente na natureza – e princípios agroflorestais para produzir alimentos orgânicos, gerar inclusão social e transmitir a cultura ambiental. Trata-se da primeira instalação de landart com agrofloresta do Brasil. A instalação artística de Itaquaquecetuba será inaugurada no dia 22 de abril, data em que é comemorado o Dia da Terra.

Caminho do Rio Jean Paul Ganem
Caminho do Rio Jean Paul Ganem

Em Itaquaquecetuba, município da região metropolitana de São Paulo, o projeto Jardins Comestíveis está sendo instalado no Parque Mario do Canto, dentro e ao redor da Escola Municipal Vereador Augusto dos Santos, com uma intervenção urbana de 1.200 m² do artista plástico franco-tunisiano Jean Paul Ganem, em parceria com Iuri Timoner, agroflorestor e educador ambiental. O espaço também funciona como um laboratório de estudo e pesquisa em Agroecologia, oferecendo capacitação profissional para 14 alunos, dos quais seis são bolsistas. Além disso, serão realizadas oficinas para crianças do ensino fundamental I e II, assim como para jovens de 18 a 25 anos. O programa também inclui atividades voltadas para a mobilização da comunidade e formação em empreendedorismo social, com foco na geração de renda.

Mozart Mesquita

“O Programa Jardins Comestíveis busca revitalizar espaços urbanos ociosos, demonstrando a viabilidade do cultivo de alimentos de qualidade nas cidades. Nossa missão é promover segurança alimentar, transformação social e uma nova relação com o meio ambiente, assinala Mozart Mesquita, diretor executivo da ONG Dia da Terra Brasil. De acordo com ele, a Região Metropolitana de São Paulo possui aproximadamente 60 mil hectares de áreas cultiváveis, com potencial para abastecer cerca de 20 milhões de pessoas, equivalente à sua população total.

Realizado pela produtora Brazimage, o programa Jardins Comestíveis recebe recursos da Lei Estadual nº 12.268/2006, o Proac. A lei foi criada para estimular a produção cultural no Estado de São Paulo. A iniciativa é patrocinada pela EDP e conta com o apoio da Prefeitura de Itaquaquecetuba e do Governo do Estado de São Paulo, integrando ações que conectam o município a um movimento global que busca melhorar as cidades com soluções baseadas na natureza. O projeto também abrirá caminho para a formulação de políticas públicas em torno do impacto positivo das hortas urbanas na saúde pública e na qualidade de vida.

A inspiração e a proposta agroflorestal

Jean Paul Ganem

A existência da escola foi a grande fonte de inspiração do artista plástico Jean Paul Ganem para o projeto, que tem como eixo central uma árvore. “O projeto de Itaquaquecetuba está localizado entre um espaço público e uma escola. A ideia do desenho surgiu da presença da escola. A árvore é um símbolo poderoso, é fonte de vida. A raiz da árvore está do lado da escola, e me fez refletir sobre a importância de educarmos as nossas crianças para que estabeleçam um relacionamento saudável com a natureza”, sublinha Ganem.

A árvore é composta por 100 espécies, a maioria delas comestíveis. 50 de suas folhas se tornarão hortas e no futuro uma floresta que alimenta.

Iuri Timoner, agroflorestor e educador ambiental, argumenta que a agrofloresta é sobre as pessoas deixarem de ser observadoras da natureza e se entenderem parte dela. Ele observa que com a agrofloresta pode-se produzir muito mais alimento em menor espaço e acelerar a produção pensando na melhoria do solo e do ecossistema. “Podemos trazer alimentos não apenas para o ser humano, mas também para os pássaros, para o solo, para as minhocas”, completa.

Iuri Timoner

De acordo com Timoner, com a crise climática e tudo que já está impactando na vida das pessoas e na do planeta, não é mais possível se pensar em conservação e sustentabilidade. “Precisamos regenerar, transformar o que está degradado em solo rico; o improdutivo em produtivo. É urgente trazermos a agrofloresta para as cidades”, conclui.

Viés social

Além do impacto ambiental e paisagístico, o Jardins Comestíveis tem um forte compromisso social. O projeto oferece capacitação profissional gratuita para moradores da região, com foco em agroecologia e agrofloresta, criando oportunidades para geração de renda sustentável. Algumas das principais ações incluem:

  • Formação e capacitação profissional em agrofloresta, com carga horária de 400 horas para aprendizes da comunidade;
  • Bolsas de estudo e possibilidade de contratação por um período de 12 meses, promovendo empregabilidade na área ambiental;
  • Oficinas e atividades abertas à população, abordando temas como agroecologia, compostagem e cultivo de hortas;
  • Fomento ao empreendedorismo social, ensinando os participantes a transformar o conhecimento adquirido em oportunidades de negócio sustentável;
  • Fortalecimento do vínculo comunitário, criando um espaço de aprendizado e troca de experiências entre diferentes gerações, abordando alimentação saudável e meio ambiente.

Além de resgatar a relação de pertencimento das pessoas com a natureza em áreas urbanas, o programa Jardins Comestíveis tem um eixo transformador na vida das pessoas. Pamela Lisboa de Aquino Jeremias, uma das bolsistas, por exemplo, afirma que chegar ao projeto mudou radicalmente sua vida. Portadora de fibromialgia e autismo, conta que sua vida, até então, foi marcada por dores diárias no corpo, depressão e ansiedade. “Agora me sinto mais disposta. As dores praticamente sumiram. A vivência diária com a natureza mudou completamente minha vida. É lindo demais!”, comemora, acrescentando que seu novo estado emocional e psicológico a fez retornar para a faculdade.

Com conhecimento básico de agrofloresta, por meio de experiências pontuais, Juliana Santos buscava um curso mais específico que lhe trouxesse conhecimento diário até encontrar o projeto Jardins Comestíveis. De acordo com ela, participar do programa é um aprendizado diário, é uma forma de se reconectar com a natureza, especialmente porque o plantio é orgânico, sem uso de agrotóxico. “A terra é quem faz tudo. O que estamos fazendo aqui é o caminho”, reforça.  

Resultados do Programa

Até o momento, já foram transformadas mais de 14 mil m2 de áreas urbanas e plantadas mais de 34 mil mudas de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) impactando diretamente mais de 2.000 pessoas, como resultado do projeto-piloto realizado em Guaianases, na Zona Lestede São Paulo. Esse projeto, chamado Renda Guaianás, distribuiu mais de 1,1 mil caixas contendo 8,4 mil mudas de várias espécies produzidas na Horta Comunidade da Vila Nancy.

Sobre o artista – Jean Paul Ganem

Artista plástico franco-tunisiano especializado em land art, com mais de 50 obras ao redor do mundo. Entre seus projetos, destaca-se a obra “Le Jardin des Capteurs”, em Montreal (Canadá), que revitalizou um aterro sanitário e possibilitou a integração de membros da comunidade penitenciária. A obra teve o apoio da prefeitura local e do Cirque du Soleil.

No Brasil, Ganem realizou as obras “Caminhos do Rio”, no Jardim Botânico de São Paulo, “Renda Guaianás”, na Zona Leste de São Paulo (Guaianases), e “O Espelho d’Água”, na Fazenda Serrinha, no interior paulista.

Para mais informações, acesse https://www.jpganem.com/

Sobre o agrofloresteiro – Iuri Timoner

Formado em Engenharia de Produção pela Unifei, trabalhou durante nove anos e liderou áreas de Gestão, Consultoria em Operações, Inteligência de Negócios e Estratégia em multinacionais. Paralelamente, atuou em projetos de agricultura regenerativa, permacultura, agroecologia e, principalmente, sistemas agroflorestais sintrópicos.

Em 2022, fundou a Dois Rios Agrofloresta, empresa com a missão de regenerar solos, biomas e relações humanas por meio de interações positivas com a natureza.

Sobre a ONG Dia da Terra Brasil

A ONG Dia da Terra Brasil se dedica a auxiliar indivíduos e instituições na redução de seu impacto ambiental, promovendo ações que geram mudanças regenerativas e positivas para o planeta. Além de celebrar o Dia da Terra em 22 de abril, desenvolve programas contínuos, como os Jardins Comestíveis, que transformam áreas urbanas ociosas em espaços produtivos e educativos, contribuindo para a segurança alimentar e a conscientização ambiental.

A atuação da ONG reforça o compromisso com a regeneração do meio ambiente e a sensibilização para essa causa em comunidades de todo o país.

Para mais informações, acesse https://diadaterra.org

Sobre a Brazimage 

A Brazimage é uma produtora cultural que atua desde 2009 na concepção, gestão, coordenação e consultoria de exposições, publicações e outras atividades ligadas à produção artística. Em 2013, realizou a primeira obra do artista Jean Paul Ganem no Brasil, no Jardim Botânico de São Paulo.

Para mais informações, acesse www.brazimage.com.br

Assessoria/Envolverde