Por Igor Carvalho, Brasil de Fato –
Na Mina de Timbopeba, barragem ameaçada já acumula o triplo de rejeitos que fizeram o dique de Brumadinho romper
A Barragem Doutor, da Mina de Timbopeba, que pertence à mineradora Vale e está no município de Ouro Preto, Minas Gerais, sofreu alterações importantes e apresenta instabilidade. Por conta disso, 78 famílias que vivem no distrito de Antônio Pereira serão removidas pela mineradora.
A Vale divulgou uma nota informando que as remoções já começaram e que 11 famílias já estão em outra residência. Segundo a empresa, outras 61 famílias deixarão o local ainda nesta terça (14). Porém, a retirada completa dos afetados pela barragem deve terminar apenas em 30 de abril. A mineradora afirma que 70 casas já estão à disposição das pessoas que serão retiradas do local.
As remoções ocorrem em meio à pandemia do coronavírus que assola o país. Em Minas Gerais, um dos estados mais afetados, há 884 casos confirmados de contaminação por covid-19 e 27 mortes. Outros 60 óbitos estão sendo investigados pela Secretaria de Saúde.
Em março de 2019, a atividades na mina foram interrompidas pela Justiça, pois a barragem, que tem capacidade para 35 milhões de metros³ de rejeito, tem apresentado alterações. A Vale afirma, em nota, que não há risco de rompimento.
A Barragem do Doutor já acumula o triplo de rejeitos da barragem de Brumadinho, também da Vale, que rompeu, gerando um dos maiores crimes ambientais da história brasileira. Letícia Oliveira, da coordenação estadual do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) de Minas Gerais, afirma que não os moradores da região não estão seguros.
“Os atingidos estão sem informações e com medo do rompimento da barragem acontecer. Algumas pessoas estão com receio de sair de suas casas sem direito garantido, a Vale está conduzindo as remoções como ela acha que deve ser feito, mas não é da forma como os atingidos querem”, afirma Oliveira.
Ainda de acordo com a dirigente do MAB, a Vale “tenta diminuir os custos”. “A empresa afirma que fará uma doação de R$ 5 mil, mas não se sabe até quando ela pagará o aluguel (das casas).”
Procurada pela reportagem do Brasil de Fato, a Vale não respondeu até o fechamento desta matéria.
Edição: Rodrigo Chagas
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