Exemplos práticos de economia circular também reduzem a emissão de gases de efeito estufa e a quantidade de lixo destinada aos aterros sanitários
O termo economia circular tem pautado cada vez mais as ações de grandes empresas que, quando preocupadas em minimizar os impactos ambientais e sociais, se desafiam a desenvolver novas soluções para uma recuperação inteligente de recursos. Na indústria têxtil Brandili, que emprega cerca de 1,2 mil colaboradores diretos e 700 indiretos em oficinas de confecção, iniciativas vêm gerando números positivos e mostrando que esse é o caminho para um mundo mais sustentável.
Já imaginou uma horta orgânica dentro da sua empresa, onde é utilizado adubo natural produzido a partir das sobras geradas no preparo e consumo de alimentos do refeitório? Na matriz da Brandili Têxtil, em Apiúna (SC), desde dezembro de 2021 isso é possível. Por meio de uma iniciativa da área de sustentabilidade, com o apoio de colaboradores de diversas áreas, a empresa tornou este projeto possível. “Foram adquiridas duas recicladoras de orgânicos. Estes equipamentos desidratam e reduzem os resíduos orgânicos da cozinha industrial a um composto orgânico inerte, o qual é utilizado como adubo. Passam pela máquina cascas, talos, sobras de frutas e vegetais, grãos crus ou cozidos e temperados, pães, bolos, tortas, cascas de ovos, ou sobras desse alimento cru e cozido, além de sopas ou ensopados”, explica o gerente de Sustentabilidade da Brandili, Leonir Felipe Soliman Filho.
A ação vem como um exemplo prático de economia circular em função de um melhor uso dos recursos naturais e da reciclagem de nutrientes e de matéria orgânica estabilizada. “Há uma base de cálculo para que não haja desperdício de alimentos. Mas, como oferecemos refeições em três turnos, sempre temos uma perda e também as sobras normais de preparo dos alimentos. Buscamos essa iniciativa para amenizar os impactos”, ressalta Filho.
Para o gerente de Sustentabilidade da Brandili, os aspectos sustentáveis deste projeto vão além da redução da quantidade de lixo destinada ao aterro sanitário. “Com base no volume de resíduos orgânicos gerado na Brandili em Apiúna (40 toneladas/ano), deixamos de emitir uma tonelada de gás metano (CH4) e 28 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano no aterro sanitário localizado em Timbó (SC), o que contribui positivamente para a redução da emissão de gases de efeito estufa e reflete diretamente no incentivo a práticas de economia circular”, detalha o gerente.
Hoje, na horta da Brandili, são cultivadas as hortaliças de época, como alface, chicória e também alguns temperos verdes. Ao todo, são cinco canteiros que compõem cerca de 75 metros quadrados. “Atualmente, nossa horta já supre de 10 a 15% da demanda de hortaliças da cozinha industrial”, explica Filho. A manutenção é feita pelo jardineiro e outros colaboradores voluntários da empresa, com o apoio da equipe de sustentabilidade que possui um engenheiro agrônomo.
21,2 toneladas de resíduos têxteis viram fios ecológicos
Ciente de que faz parte de uma cadeia produtiva integrada, a Brandili foi além dos programas internos de gerenciamento de resíduos sólidos. Desde 2014, assegura também a reciclagem dos resíduos têxteis gerados nas mais de 40 oficinas de confecção responsáveis por uma parcela significativa do processo de costura e embalagem de produtos. Elas estão localizadas em 13 municípios de Santa Catarina e oportunizam inúmeros empregos diretos. Beneficiando e consumindo 2 mil toneladas de malha anualmente, a empresa catarinense é responsável pela produção de aproximadamente 18 milhões de peças por ano.
O processo funciona da seguinte forma: a matriz da Brandili em Apiúna (SC) recebe os resíduos de confecção produzidos pela unidade de Otacílio Costa (SC) e facções de costura. O material se junta aos resíduos de corte e confecção gerados pela empresa. Eles são pesados e identificados de acordo com o local de origem. A Brandili tem uma parceria com a empresa EuroFios, de Blumenau (SC), que faz a coleta do material e realiza o processo de desfibração do fio e a fabricação de um novo, que é chamado de fio ecológico. “Fazemos todo o controle do processo, desde o transporte do resíduo até a comprovação de destinação/reciclagem, de acordo com padrões e regulamentações ambientais”, complementa o gerente de Sustentabilidade.
O material desfibrado possui diversas aplicações, como enchimentos de pelúcias e almofadas, revestimentos acústicos, cobertores, mantas térmicas, geotêxteis, feltros, filtros, fios e barbantes reciclados. “Adotando de forma continuada ações de não geração, redução e reutilização, e cientes de que os aterros devem ser utilizados apenas depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento, recuperação disponíveis e economicamente viáveis, podemos afirmar que na Brandili, mensalmente, cerca de 21,2 toneladas de resíduos têxteis são transformadas em desfibrados e fios reciclados”, enaltece o diretor Geral, Jacques Douglas Filippi.
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