Por Flávia Ribeiro, Colunista de Plurale* #midiasambientais –
Nada mais oportuno do que a campanha das Organizações das Nações Unidas (ONU) para 2020: Hora da Natureza. Celebrar a diversidade foi o eixo escolhido pela ONU em um cenário global onde 1 milhão de espécies do nosso ecossistema está ameaçado. Em cenários de incertezas, o tema caiu como uma luva nesses meses “sabáticos” de pandemia. A sociedade civil será obrigada, de forma forçada, a repensar seus hábitos de consumo em um “novo normal”.
Vivemos um momento único na história em que o confinamento doméstico irá ressignificar as relações de consumo em âmbito global e local. É uma grande oportunidade para repensarmos as decisões de compra, os meios e o uso responsável dos recursos naturais. Como a Comunicação em escala pode contribuir efetivamente nesse momento? Como ajudar a alavancar a compra de pequenos produtores locais, dos negócios de bairro, dos microempreendedores? Como criar vozes de colaboração e solidariedade que sejam ouvidas?
Na pós-pandemia, há uma grande expectativa por uma profunda mudança de valores onde a sociedade civil poderá ser protagonista do que chamamos de ativismo de stakeholders. Imagino um cenário onde cidadãos e consumidores terão a faca e o queijo na mão para adotar novos hábitos de consumo e eleger marcas que estejam comprometidas nessa direção. A forma como as empresas irão se comunicar com os clientes fará toda a diferença e exigirá uma enorme capacidade de escuta ativa e afetiva. É o momento de revalorização de vínculos.
Será necessário traduzir o “óbvio” de forma simples em ambientes hiperconectados. Concessionárias de água, luz e gás devem espalhar mensagens que incentivem a economia dos recursos, evitem despesas e orientem o consumidor. A hora é agora. Vamos dar voz a essa agenda positiva e ampliar a conscientização do consumo verde no combate às desigualdades sociais.
Acredito que um dos principais desafios da Comunicação da Sustentabilidade está na integração das vozes de suas marcas e de seus propósitos com a construção de uma cultura de cuidado e respeito coletivo. Das classes menos favorecidas à elite: é preciso pôr um basta no desperdício de água, energia e alimentos; fazer o descarte correto de lixo; compreender que o tratamento do esgoto é uma prioridade e que, sem água, não haverá higienização para enfrentar a crise. Direitos fundamentais e questões básicas necessitam de uma comunicação clara, ágil e mais eficaz por parte das empresas públicas e privadas.
Que venha a transição do lucro máximo para o lucro ótimo e ético. Quero acreditar que a revisão desses valores aconteça efetivamente e que haja uma relação mais equilibrada e harmoniosa do engajamento da sociedade civil nesse processo. Estejamos despertos.
* Jornalista e consultora em Comunicação e Responsabilidade Social
#Envolverde