Noticias

Edição 145 da Revista Ecológico - O desamor à natureza

Alguém com sã consciência e visão mínima da realidade ambiental à sua volta, ainda pode desacreditar que o aquecimento global já faz parte irreversível do nosso cotidiano? Quem responde, mais uma vez, essa nossa ignorância e prepotência, é a microbiologista Natalia Pasternak, em sua coluna “Ciência”, em O Globo.

Segundo ela, quem achou que os efeitos das mudanças climáticas só seriam sentidos pelas próximas gerações, e que aumentar em um ou dois graus a temperatura do planeta não ia fazer diferença, perdeu a aposta:

“A maior frequência de eventos como secas, enchentes, incêndios e a incidência de doenças antes tipicamente tropicais em áreas de clima temperado, tudo isso nos deixa claro que os efeitos do aquecimento já estão aqui.”

Estudo recente publicado pela Revista Nature comprova que os impactos causados na natureza não são nada democráticos. Eles são mais sentidos pelos seres mais vulneráveis. O continente africano, lembrou Natália, já revela estas marcas profundas.

Etiópia, Somália e Quênia sofrem, desde 2020, com a seca mais longa da história da região, resultando em mais de 20 milhões de homens, mulheres e crianças desnutridas. Desastres como enchentes podem contaminar a água potável e acelerar a disseminação de doenças.

Secas deixam as pessoas desnutridas e, portanto, mais vulneráveis a patógenos. Desastres e aumento de temperatura, em geral, põem animais, que podem ser reservatórios de vírus e bactérias, em movimento.

Isso tudo nos faz conectados uns com os outros, e com a natureza e o meio ambiente que nos mantêm a vida em desconstrução nada ecológica: “Mesmo que o egoísmo fale mais alto, ninguém mais pode ignorar que o desastre natural no país pobre pode ser o estopim da próxima epidemia no país rico. Se não for por altruísmo, que seja por interesse próprio. Não fazer nada pode ser desastroso para todos”.

Natália não está sozinha.

Pelo contrário, pesquisas publicadas na Revista Sciencie mostram que doenças infecciosas estão migrando com o aquecimento global. Foi o que repercutiu ontem, o médico e comentarista da CBN, Luís Fernando Correia, no seu programa “Saúde em Foco”. Segundo ele, “doenças que eram comuns em uma região do mundo podem se estabelecer em outro lugar” com o aumento da temperatura. É o que ele explicou aos seus ouvintes:

“Estes estudos mostram que já existem focos do mosquito que a gente conhece bem no Brasil, o Aedes Aegypti, até nos jardins da Torre Eiffel, inclusive com casos de dengue nessa mesma região. Já há casos também de Chikungunya registrados na Itália e de Malária nos Estados Unidos”.

Hiram Firmino – editor

Essas doenças, que eram comuns somente em parte do mundo por causa do calor, hoje estão migrando e se estabelecendo para outras regiões, outrora frias, e hoje em aquecimento crescente:
“Isso permite que esses mosquitos estejam se estabelecendo, cada vez mais, por exemplo, ao norte do planeta. Ou seja, são as doenças infecciosas também mostrando para as pessoas os efeitos reais e atuais das mudanças climáticas na vida do planeta e de todos nós”.

É o que a Revista Ecológico também discute nesta sua edição primaveril. Boa leitura e boa lua cheia de luz e esperança, ainda que tarde.

Até à próxima!

(Envolverde)