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Indústria calçadista brasileira tem a menor emissão de CO2 em sua produção no mundo

Brasil é único país que tem selo de sustentabilidade específico para o setor. ApexBrasil incentiva empresas a adotarem a certificação Origem Sustentável para expandir exportações 

A indústria calçadista brasileira vem trabalhando para aliar a já consolidada reputação dos sapatos brasileiros como sinônimo de qualidade ao conceito de sustentabilidade. O Brasil hoje exporta seus calçados para 170 países, e o potencial de expansão ainda é enorme — apenas 15% das vendas do setor são realizadas no mercado internacional. Para melhor aproveitar esta oportunidade, as empresas calçadistas brasileiras estão correndo atrás de se adequar às exigências de sustentabilidade internacionais, e assim, terem maior vantagem competitiva no mercado internacional, além de conquistarem nichos de mercado específicos. Para tanto, contam com a ajuda da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, ApexBrasil, que, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, a Abicalçados, e a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, Assintecal, desenvolvem os projetos setoriais Brazilian Footwear e By Brasil Components and Chemicals.

Mesmo com uma produção pujante — o Brasil é o quinto produtor de calçados em todo o mundo e principal no ocidente, com mais de 800 milhões de pares produzidos anualmente, um valor total superior a US$ 6 bilhões, há espaço para se desenvolver mais. Ao todo, são 10 mil empresas com mais 355 mil pessoas impactadas pela cadeia do calçado — a cadeia calçadista nacional tem hoje a menor emissão de CO2 em sua produção, quando comparada a outros grandes produtores mundiais. Além disso, também é a que mais utiliza fontes de energia sustentável em todo o mundo, cerca de 20% de suas companhias. São aproximadamente US$ 450 milhões investidos anualmente em inovações, sendo 47% desse valor em ações ambientais. E 26% das empresas substituíram suas matérias primas por outras menos poluentes, enquanto 25% reciclam água e resíduos, 24% suas taxas de contaminação do solo, água e ar.

Um importante passo foi dado em 2013 rumo à adequação de critérios sustentáveis cada vez mais exigentes pelas empresas brasileiras de calçados. Naquele ano, a Abicalçados e a Assintecal criaram a única certificação de sustentabilidade destinada especificamente para a cadeia calçadista em todo o mundo, o “Origem Sustentável”. Para tanto, desenvolveu o projeto piloto para a implementação, manutenção e avaliação de ações sustentáveis na cadeia calçadista. Utilizou como base estudos do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica da USP (LASSU).

As ações de sustentabilidade certamente contribuíram para o crescente aumento de exportações no setor nos últimos anos: de 2013 para 2021, a receita das exportações de componentes de calçados, por exemplo, quase dobrou, passando de US$ 252 ,4 milhões para US$ 410,2 milhões, segundo a Assintecal. De 2020 para 2021, o salto foi ainda maior, por conta de dois fatores – o aumento nos custos de transporte, que encareceu o mercado asiático, e a escassez de matéria prima no mercado internacional, fazendo com que produtores buscassem a tradição da indústria brasileira. Assim, a exportação de componentes para calçados cresceu 22% em 2021 em relação a 2020, quando atingiu US$ 410, 3 milhões. Os quatro principais mercados foram China, Argentina, México e Colômbia. No mesmo período, também cresceu 32% o volume de exportações de calçados, passando de 93,8 milhões de pares de calçados para 123,6 milhões, e 36% em receita, de US$ 658,3 milhões para US$ 900,3 milhões.

O Rio Grande do Sul é o principal exportador, com 45% do valor gerado em exportações de calçados (32,75 milhões de pares e US$ 403,8 milhões em receita – um crescimento de 48,7% no volume e 38% na receita de 2020 para 2021). Em seguida vem Ceará, São Paulo e Paraíba. Os principais mercados internacionais são Estados Unidos, Argentina e França. Além disso, aumentaram os negócios em private label – indústrias norte-americanas e de outros países que contratam as brasileiras para produzirem seus pares. Migraram para o Brasil por conta da queda do comércio com a China e o Vietnã. O dólar em alta também favoreceu que a produção brasileira fosse mais rentável para o comprador internacional.

“Embora pareçam antagônicas, tradição e inovação são duas palavras que bem descrevem a indústria de calçados e componentes no Brasil. Se, por um lado, o sapato ou sandália made in Brazil se tornaram, há anos, sinônimo de qualidade para diversos mercados internacionais, tamanha credibilidade só foi atingida com alto investimento em inovação e modernização. E a adequação a padrões cada vez mais elevados de sustentabilidade não poderia deixar de integrar as prioridades do setor, por isso a ApexBrasil apoia e incentiva todas as iniciativas que têm sido adotadas pela cadeia calçadista, como o Origem Sustentável”, ressalta a gerente

de Indústria e Serviços da ApexBrasil, Maria Paula Velloso. Segundo ela, as ações de sustentabilidade das empresas podem alavancar ainda mais o processo de internacionalização da área, aliadas aos projetos da ApexBrasil em parceria com as entidades parceiras. Em 2020, esses projetos foram responsáveis pela realização de grande volume de negócios com compradores estrangeiros. Para se ter uma ideia, juntas, as indústrias integrantes do Brazilian Footwear respondem por 80% das exportações da cadeia calçadista.

O gestor de Projetos da Abicalçados, Cristian Schlindwein, enfatiza que a adoção de programas de sustentabilidade é essencial para alavancar as exportações do setor. “Nosso contato direto com compradores internacionais tem demonstrado que é cada vez maior a busca e priorização de negócios com empresas que estejam implementando práticas sustentáveis ou que tenham certificações ligadas à sustentabilidade. A ApexBrasil é parceira fundamental da Abicalçados e, por meio do Brazilian Footwear, certamente reforçaremos ainda mais a promoção das companhias calçadistas que estão certificadas”, concluiu.

De acordo com a superintendente da Assintecal, Silvana Dilly, o objetivo do Origem Sustentável é certificar a cadeia calçadista, dos fornecedores até a produção do calçado. “Sabemos que não adianta a empresa oferecer materiais ou calçados sustentáveis se não houver um processo produtivo que leve em consideração o conceito, não somente no viés ambiental, mas também no econômico, social, cultural e social. Hoje estamos trabalhando fortemente no desenvolvimento do programa em parceria com a Abicalçados. Também é importante frisar que, ao seguir as diretrizes do Origem Sustentável, as companhias podem desenvolver medidas produtivas, ou seja, a certificação serve ainda como um guia de sustentabilidade produtiva”, explica.

ESG 

Ao longo do tempo, os programas sustentáveis têm se desenvolvido rapidamente, chegando, na atualidade, ao conceito de ESG, que vem do inglês Environmental, Social and Governance (ambiental, social e governança, em português). Ou seja, além de promover políticas que visem a proteção do meio ambiente, a sustentabilidade também inclui uma gestão empresarial mais justa, igualitária e ética, além de ações que tenham impacto social. E o Origem Sustentável está totalmente adequado a esses novos parâmetros.

A certificação possui, ao todo, 104 indicadores na forma de um programa estruturado que considera cinco dimensões: econômica, social, cultural, ambiental e de gestão da sustentabilidade. Há diferentes níveis de certificação, sendo que a Diamante é destinada às companhias que atingem 80% ou mais dos requisitos. De acordo com Sérgio Bocayuva, CEO da Usaflex, indústria do ramo de calçados confortáveis que chegou à categoria Diamante em 2021, o Origem Sustentável traz credibilidade para as ações da empresa.

“A Sustentabilidade está no DNA da Usaflex, realizamos diversas ações, dentre elas, a criação, em 2012, de um comitê permanente para tratar do assunto. Desde então, nossas práticas têm sido reportadas em relatórios e temos recebido diversos prêmios e reconhecimentos. Porém, com os novos olhares para esse tema, como o conceito de ESG, e a evolução das nossas ações neste tripé, a busca pela certificação Origem Sustentável foi realizada com o intuito de chancelar as nossas práticas”, conclui.

“A cadeia industrial, trabalhando em conjunto, tem a capacidade de realizar mudanças significativas no tema da sustentabilidade. Projetos capitaneados pela Brazilian Footwear são o primeiro passo para essa mudança, diferenciando ainda mais nossa indústria frente às demais, fazendo com que sigamos como protagonistas nas mudanças necessárias para o desenvolvimento de um mundo melhor”, enfatiza o CEO da Usaflex.

Indústria de componentes 

Os impactos do Origem Sustentável na indústria de componentes são também expressivos. Carlos Bremer Neto, CEO da Caimi & Liaison, a primeira empresa do setor de laminados sintéticos e a terceira do setor a alcançar o nível Diamante, destaca o programa como uma etapa fundamental na caminhada da companhia para se tornar efetivamente sustentável.

“A adesão ao programa tem um viés engajador em vários sentidos, desde a nossa equipe, até os nossos parceiros de negócios, de modo a promover a ideia de um mundo mais sustentável. Após a obtenção da certificação, seguimos ampliando nossos projetos de sustentabilidade, seja com relação aos sistemas e processos internos da organização, seja em nossa linha de produtos. Nesse último caso, aumentamos consideravelmente o espectro de produtos sustentáveis que oferecemos aos clientes”, completa.

Para Silvana Dilly, as ações do By Brasil são importantes na vinculação do setor às práticas de sustentabilidade. “O programa By Brasil é, desde 1998, fundamental para o incremento e a qualificação das exportações de componentes, especialmente pelo apoio que oferece por meio de ações comerciais e de imagem no âmbito internacional. Neste escopo, evidentemente, entra a divulgação da sustentabilidade na cadeia calçadista, em especial da certificação Origem Sustentável”.

Mas a influência da certificação não se restringe aos participantes dos projetos setoriais. A BoxPrint, empresa que produz embalagens para diversos setores, incluindo o calçadista e que também atingiu a certificação Diamante, é um exemplo. Desde 2005 a companhia adota parâmetros de sustentabilidade em suas práticas e gestão. Segundo o superintendente comercial, Eduardo Petry, além da parte econômica, há o legado que se deixa para as próximas gerações, o bem social para a comunidade em termos de treinamento e outras ações.

“A noção de sustentabilidade está presente desde a criação da empresa, com a preservação de matas nativas na região, entre outras ações. E cada vez mais o mercado atribui valor às certificações. Quando falamos do Origem Sustentável estamos falando de mercado internacional, pois os compradores têm uma indicação de segurança para saber qual o nível de comprometimento e de entrega da indústria com que estão negociando. Nesse sentido, a certificação vem dar uma segurança maior para o mercado externo, dá credibilidade ao negócio”, completa.

Brazilian Footwear  

Brazilian Footwear é um programa de incentivo às exportações desenvolvido pela Abicalçados em parceria com a Apex-Brasil. Tem por objetivo aumentar as exportações de marcas brasileiras de calçados através de ações de desenvolvimento, promoção comercial e de imagem voltadas ao mercado internacional.

Saiba mais: www.brazilianfootwear.com.br | www.abicalcados.com.br/brazilianfootwear

By Brasil Components, Machinery and Chemicals 

O projeto By Brasil Components, Machinery and Chemicals, é realizado pela Assintecal, Apex-Brasil e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos para os Setores de Couro, Calçados e Afins, a Abrameq, para promover um bom desempenho das exportações e, consequentemente, do setor. O projeto possui soluções adequadas a cada nível de internacionalização, mantendo ao alcance das empresas ações de promoção comercial, inteligência, capacitação, entre outros.

ApexBrasil 

A ApexBrasil atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Apoia mais de 15 mil empresas em 57 setores, que por sua vez exportam para mais de 200 mercados.

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