Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck
Planeta Terra, 3 de julho, ano 2023 depois de Cristo. Caros leitores, para quem achou que a edição especial da Revista Ecológico, comemorativa ao “Dia Mundial do Meio Ambiente”, pegou pesado, não se enganou. O inferno climático planetário atingiu o seu recorde. Foi o dia mais quente do mundo, desde como o conhecemos e não paramos mais de esquentá-lo. Seja devastando suas matas, deixando-o nu perante a inclemência do sol. Seja assoreando suas nascentes d´águas, seja explorando de forma predatória e suicida seus recursos naturais. Não respeitando a sua natureza auto sustentável, muito menos amando-o com o olhar da ciência.
Conforme dados da NOAA – Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA, os termômetros marcaram a temperatura média de 17,01 graus Celsius, a maior da história, em meio ao contexto das crescentes emissões de carbono ao redor do globo. A medição se refere à temperatura média do ar na superfície planetária.
Segundo declarou a cientista climática Friederike Otto, do Instituto Grantham para Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College, no Reino Unido, esse dia mais quente do mundo não é um marco que deveríamos comemorar. Ele é uma “sentença de morte” para as pessoas e os ecossistemas que as mantêm vivas.
Parece que nós já vimos esse filme antes. Estamos todos condenados por nossa ignorância e agressividade contra a natureza, e continuamos cometendo os mesmos crimes. De um lado, os ambientalistas e cientistas, transvestidos de João Batista, pregando em vão no deserto da economia capitalista e sem verde.
Do outro, os políticos, empresários e o agronegócio, fazendo planos ainda de monoculturas tradicionais. Exatamente onde cada dia mais haverá menos água para gotejar, onde antes a natureza umedecia e preservava vivo.
Esses filmes catastróficos que causavam medo sempre nos atraiam, pois sabíamos que seríamos salvos até segundos antes do final. Bastava sair do cinema, havia lua ou sol, de preferência, e a mensagem mórbida desaparecia das nossas mentes e corações. Agora não. O aviso é real. Acabou o treino civilizatório. Ainda somos os mesmos homos sapiens descritos por Yuval Noah Rarari, em “Uma breve história da humanidade”.
A menos que o Fórum Econômico Mundial e outras cúpulas amazônicas de poder adotem, sem emendas, o desmatamento zero, como reportamos nesta edição, a chapa terrestre e marítima continuará esquentando mortalmente.
Melhor desligá-la. Preservar, respeitar e amar de maneira sustentável o que nos resta de natureza exuberante, tal como a Amazônia e o Cerrado brasileiro, já cercados novamente pelo fogo que governo algum consegue apagar. E ter o que admirar, agradecer e poder contar, um dia, algo meritório e com conteúdo para os filhos dos nossos filhos, como imortalizou Marcus Viana em “Pantanal”, também de volta às chamas.
A realidade do Apocalipse Now pode não acontecer por milagre ou ciência. Como está escrito no cartaz do cinema imaginário, nós não temos mais tempo nem para sermos pessimistas. Como diz a
propaganda da Unimed, que deveria também cuidar da saúde do planeta, é isso que nos une, em esperança. Tal qual o tema municipalista do próximo Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Meio Ambiente, três décadas depois da ECO/29: “Devemos pensar globalmente e agir localmente”.
Boa leitura! Edição 144
(#Envolverde)