Em sua Mensagem para celebrar o XXVI Dia Mundial do Doente, o papa Francisco alertou os hospitais católicos a não se submeterem à lógica do mercado. Esta mensagem chega num momento oportuno, já que “este é o risco real que toda instituição de saúde, principalmente hospitais de grande porte nas grandes megalópoles, hoje tem pela frente”, diz Leo Pessini, Líder Mundial dos Religiosos Camilianos, Ordem Religiosa da Igreja Católica que está presente nos cinco Continentes, atuando no âmbito da saúde, em 41 países.
Segundo ele, “as políticas públicas de saúde estatais são sempre mais hostis em relação a instituições confessionais, o que dificulta seu funcionamento e oferta de serviços com qualidade”. Na Itália, onde reside atualmente, afirma, vive-se “uma crise terrível nas instituições de saúde católicas. (…) Nós camilianos já vendemos três grandes estruturas hospitalares e estamos em negociação para nos livrar de outras que somente acumulam dívidas e prejuízos. Não somos os únicos, não, existem muitas congregações e associações católicas nesta situação”. E adverte: “A época das grandes obras, de congregações religiosas, seja na área da saúde ou da educação, está passando, se já não passou, em muitas regiões de nossos país”.
Para Pessini, a mensagem do papa apresenta quatro momentos significativos. “O primeiro é a motivação bíblico–teológica, que apresenta o tema do dia mundial do doente: estamos no Calvário ao pé da Cruz com Maria e João, como vimos na pergunta anterior. Num segundo momento, Francisco se volta para a história de dois mil anos de serviço da Igreja no cuidado dos doentes. E diz que ‘esta história de dedicação não deve ser esquecida” (…) e nos ajuda a projetar bem o futuro’. (…)
Num Terceiro momento, o Papa ressalta os desafios que hoje as instituições de saúde católicas têm pela frente para preservar sua identidade e valores evangélicos e cristãos. Francisco denuncia a tendência crescente ‘em todo o mundo, de uma mentalidade empresarial, que coloca o cuidado e tratamento de saúde no contexto do mercado, acabando por descartar os pobres’. (…) E, finalmente, no quarto momento, o Papa chama a atenção a respeito da importância da Pastoral Saúde na comunidade eclesial. Através deste serviço a Igreja continua no tempo histórico de hoje, o testemunho e mandato de Jesus em relação aos doentes, de ‘pousar o mesmo olhar rico de ternura e compaixão de seu Senhor’. E afirma que ‘a Pastoral da Saúde permanece e sempre permanecerá um dever necessário e essencial, que se há de ver com o ímpeto renovado começando pelas comunidades paroquiais até aos centros de tratamento de excelência’”, resume. Unisinos (#Envolverde)