por Deutsche Welle –
Partido do premiê António Costa amplia poder num Parlamento dominado pela esquerda. Contudo, não obtém maioria e continuará dependendo de outras siglas. Opositor Partido Social-Democrata vem em segundo.
Os eleitores portugueses desafiaram neste domingo (06/10) a tendência europeia e voltaram a eleger uma legenda de esquerda para governar o país. O Partido Socialista (PS), do primeiro-ministro António Costa, venceu novamente as eleições gerais.
O PS conseguiu eleger mais parlamentares do que todas as legendas de direita reunidas. Os votos, contudo, não devem ser suficientes para alcançar uma maioria absoluta no Parlamento, dominado por partidos de esquerda. Isso significa que Costa irá seguir como premiê do país, mas continuará dependendo de outras legendas para governar.
Apurados os votos de todas as seções eleitorais, os socialistas obtiveram 36,65% da votação, elegendo 106 deputados (20 a mais do que na legislatura anterior).
O Partido Social-Democrata (PSD), principal legenda de oposição, ficou em segundo lugar, conquistando 77 cadeiras (27,90%), com 12 parlamentares a menos. Em um Parlamento formado por 250 assentos, um partido precisa contar com ao menos 116 parlamentares para possuir maioria absoluta
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Embora o resultado esteja aquém da vitória avassaladora esperada pelo partido de Costa neste ano, a conquista de mais assentos por parte dos socialistas do que nas últimas eleições, em 2015, não deixa de ser um impulso após quatro anos de sólido crescimento econômico.
No mandato atual, o Partido Socialista tem o apoio, sem que haja uma coalizão formal, do Bloco de Esquerda (BE) e da Coligação Democrática Unitária (CDU), formada pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV). “Os portugueses gostaram da geringonça e desejam a continuidade da atual solução política, agora com um PS mais forte”, disse Costa, utilizando o apelido dado à composição de seu governo.
Com os resultados deste domingo, o BE soma 9,67% dos votos mantendo sua bancada de 13 deputados, enquanto a CDU obteve 6,46%, perdendo 5 deputados.
Atrás dos dois estão os democratas-cristãos do Partido Popular (CDS-PP), com 4,2%. Outro possível parceiro em uma nova coalizão de governo, o Partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) aparece na sexta posição, com 3,28%.
A surpresa da votação deste domingo foi o partido de extrema direita Chega!, que obteve 1,3% dos votos e conseguiu entrar pela primeira vez no Parlamento elegendo um deputado.
Portugal é um dos poucos países na Europa onde os socialistas ainda são fortes e os populistas de direita não desempenham um papel significativo na política.
Com a recusa da CDU de se manter na coalizão e a incerteza demonstrada pelo BE, Costa afirmou estar disposto a conversar com outras legendas para formar uma coalizão governista.
Desde que assumiu o governo português em 2015, o advogado de 58 anos e ex-prefeito de Lisboa, conseguiu garantir o crescimento e a estabilidade num país abalado anteriormente por uma crise financeira.
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) salvaram Portugal da falência em 2011, com um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros. Após três anos sob o pacote de resgate europeu, o país conseguiu se recuperar financeiramente em 2014. Contudo, as políticas de austeridade custaram o poder aos conservadores no poder.
Eleito, Costa foi bem-sucedido nos anos seguintes em equilibrar o que era considerado quase impossível: relaxou as políticas de austeridade, aumentou os gastos sociais e, ao mesmo tempo, cumpriu os requisitos de Bruxelas.
A economia cresceu acima da média da UE, também graças a um boom no turismo. Com 6,7%, a taxa de desemprego no país atingiu recentemente seu nível mais baixo desde 2002.
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