Ambiente

Novos peixes são descobertos na bacia do Rio São Francisco

Bunocephalus hartii (foto) é uma das duas espécies de bagre descobertas na bacia do Rio São Francisco. Foto: Divulgação / Carlos Mascarenhas Alves
Bunocephalus hartii (foto) é uma das duas espécies de bagre descobertas na bacia do Rio São Francisco. Foto: Divulgação / Carlos Mascarenhas Alves

Espécies são indicadoras de qualidade da conservação na região; Mais de 16 milhões de pessoas dependem da água da bacia.

Por Redação da Fundação Grupo Boticário – 

Duas novas espécies de peixe do gênero Bunocephalus foram descobertas na bacia do Rio São Francisco, na região norte de Minas Gerais. O B. hartii foi encontrado no Rio Cipó e o B. minerim no córrego Guarda-Mor. A publicação das novas descrições foi realizada pelo jornal Neotropical Ichthyology. Os peixes descobertos são bagres, que são importantes indicadores de conservação do ambiente em que se encontram.

Encontrar novas espécies de bagre nessas águas é um bom sinal, pois indica que essa regiões ainda estão equilibradas. Manter essas áreas que estão mais conservadas é essencial para garantir o bem estar da grande comunidade que habita no entorno de toda a bacia hidrográfica do Rio São Francisco e é abastecida por ele. No total, são mais de 14,2 milhões de pessoas em 521 municípios que precisam da água dessa bacia.

A pesquisa foi apoiada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que selecionou o projeto por conta da importância de se conhecer a diversidade de espécies da bacia do São Francisco. De acordo com a diretora executiva da instituição, Malu Nunes, a descrição de novas espécies “gera conhecimento e informações estratégicas sobre os ecossistemas brasileiros e que futuramente irão auxiliar na tomada de decisões de políticas públicas e apoio a pesquisas para manter o equilíbrio desses ambientes”.

Segundo um dos integrantes da pesquisa e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Carlos Mascarenhas Alves, verificou-se que essas novas espécies de peixe só existem na bacia do São Francisco, habitando o fundo dos rios. Elas se protegem nas folhas que se acumulam e exploram os desníveis. “Percebemos também que suas presenças indicam que esse micro habitat [os fundos dos rios] estão equilibrados. Portanto, elas só são encontradas em regiões conservadas, o que indica a importância de manter a proteção desses locais”, destaca o pesquisador. Carlos Alves afirma ainda que é importante acompanhar a presença dos novos peixes descritos para monitorar o estado de conservação da região.

As principais ameaças ao trecho mineiro da bacia do São Francisco são desmatamento, agropecuária, esgoto não tratado que é despejado em suas águas e atividades de mineração. Todas essas ações podem impactar nas matas ciliares, que têm por objetivo proteger as margens dos rios. “Se elas são degradadas, o solo da margem se enfraquece, caindo e se acumulando no fundo – o chamado assoreamento – o que impactará diretamente nas espécies que habitam o rio”, ressalta o pesquisador da UFMG.

Características das espécies

Os dois peixes são de pequeno porte, cabeça grande e corpo fino, sendo que o B. hartii possui coloração bege clara, e seu dorso possui pontos marrom-claro e manchas marrom-escuro. Seu tamanho varia entre 5 e 6 cm de comprimento. Já o B. minerim é ainda menor, com cerca de 4 cm e coloração bege, com manchas marrons. (Fundação Grupo Boticário/ #Envolverde)