por Samyra Crespo –
É preciso refletir sobre o que está acontecendo nas universidades americanas, europeias, dos países árabes e da AL: uma indignação revoltada sobre os excessos cometidos pelo governo atual do Estado de Israel contra a população palestina de GAZA, em retaliação ao ataque terrorista do Hamas.
Não sinto surpresa e fico espantada com a reação das pessoas que acham ser esse ativismo estudantil fora de propósito ou excessivo.
Quem, se não os jovens, idealistas, cheios de energia para questionar o status quo?
Sempre foi assim e sempre será.
Dei aulas na Colúmbia University em 2002 e esta é uma universidade de elite, marcada por uma grande diversidade étnica.
Acho um absurdo acusar o estudantado de antisemita, uma vez que ali há quase uma maioria oriental: chineses, sul coreanos, vietnamitas, japoneses.
Considero que este movimento de revolta, inflado aqui e ali por radicais, não pode obscurecer o mérito de sua real motivação: os jovens não querem a guerra e sabem reconhecer uma injustiça quando ela ocorre. A barbárie que ocorre em GAZA entra em nossa casa pela TV, e pelo celular, em tempo real.
Em 1968, a principal resistência à guerra do Vietnam veio das universidades.
Pode-se dizer que, naquele momento, os jovens norte-americanos não queriam se sacrificar para defender a política externa e expansionista do Tio Sam.
Mas agora, a indignação se dá pela comoção de uma população que está sendo vitimada longe dos EUA. Longe da Europa (que já sofre bastante com a Guerra Rússia X Ucrania).
Há um sentimento bonito de empatia e solidariedade com os que sofrem.
Tiro meu chapéu para esses jovens.
A eles está reservado um futuro, tudo indica, dramático.
E queremos que se comportem como carneirinhos alienados?
É o que queremos?
* O Dia Mundial da Educação foi instituído em 2000, na cidade de Dakar (Senegal) quando ocorria o Fórum Mundial de Educação para o novo milênio.
*Samyra Crespo é cientista social, ambientalista e pesquisadora sênior do Museu de Astronomia e Ciências Afins e coordenou durante 20 anos o estudo “O que os Brasileiros pensam do Meio Ambiente”. Foi vice-presidente do Conselho do Greenpeace de 2006-2008.