Os homens e mulheres que fizeram o Ministério de Meio Ambiente do Brasil

O Ministério do Meio Ambiente foi ocupado por nove pessoas desde 1992, quando foi criado. Cada ministro deixou como legado peças do que hoje é a estrutura de gestão ambiental do Brasil.

Os homens e mulheres que fizeram o Ministério de Meio Ambiente do Brasil

De José Lutzemberger, ativista, tivemos as primícias da Rio 92 e a germinação do que viria a ser o Ministério do Meio Ambiente. Considerado idiossincrático e independente demais por Fernando Collor, foi substituído pelo físico José Goldemberg. Naqueles anos, quando o Ministério era uma institucionalidade não consolidada, o IBAMA era a mais importante instituição ambiental do País e o seu presidente, Eduardo Martins era mais poderoso do que qualquer ministro.

Do Gustavo Krause, o poeta e boêmio do Nordeste, herdamos o melhor programa de combate à desertificação e as cantilenas ou catilinárias contra e a favor da transposição do São Francisco. Da dupla José Sarney Filho /José Carlos Carvalho (dividiram o mandato) tivemos o famoso pedido de vistas que impediu o Brasil, na crise energética, de sair construindo Angras nucleares a torto e direita. Também devemos a eles, a evolução da pauta da destinação dos resíduos sólidos com o apoio à construção de aterros sanitários nos estados e municípios.

Marina Silva

Da Marina Silva, no primeiro mandato, conhecemos a luta inglória para deter os transgênicos, a criação do Instituto Chico Mendes que definitivamente acrescentou um delta plus e organizou a política de conservação no país. Também se deve a ela a estruturação do acordo que deu origem ao Fundo Amazônia e os primeiros bons resultados no declínio do desmatamento.

Izabella Teixeira

Do Carlos MinC, ambientalista com longa experiência legislativa, tivemos o primeiro combate de peito aberto ao desmatamento e ao boi ilegal. Também foi na sua gestão que fizemos o Primeiro Plano Nacional de Mudança do Clima, vencendo resistências da Casa Civil ( leia-se Dilma) e do Itamaraty que temia pelas exportações brasileiras. MinC ainda deu força para que elaborássemos o Primeiro Plano de Produção e Consumo Sustentável (PPCS).

Da Izabella Teixeira, que mais tempo ficou no cargo (8 anos), tivemos a guerra ‘sem fronteiras’ do Código Florestal, com perdas e danos, mas tipo o que foi possível na conjuntura, e o hercúleo esforço de colocar em pé a Rio +20 e os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável). Fez bonito também em Nagoya e no Acordo de Paris. Foi na sua gestão que o PPCDAM (combate ao desmatamento) melhor se estruturou.

Carlos Minc

Do segundo mandato do Sarneyzinho não guardo brilho algum. Mas reconheço sua determinação em frear as chamadas três bancadas perigosas – pelo apetite que têm em predar o patrimônio ambiental brasileiro: a bancada do boi, da bala e do veneno (agrotóxicos em geral).

De Ricardo Salles, de triste memória, só temos a sublinhar o maior desmonte já visto da estrutura criada nacionalmente para defesa do patrimônio ambiental brasileiro. Recebeu merecidamente o título de ‘sinistro do Meio Ambiente’.

Deste novo mandato da ministra Marina Silva, louve-se os esforços de reconstrução do arcabouço físico e legal destruído (o que não é pouco) e a restauração da Secretaria do Clima, que ganha importância e protagonismo.

Sobre a prometida ‘Autoridade Climática ‘, nada ainda, mas isso temos que cobrar do presidente Lula.

José Carlos Carvalho

Em exercício, Marina tem a seu favor seu carisma e sua folha de serviços já prestados. Carrega uma imagem de integridade que ajuda em tempos de descrédito.

Contra ela, e os resultados que se espera, temos um Congresso hostil à pauta ambiental e um Executivo enfraquecido.

A retórica tem sido boa, o discurso adequado, mas nada parece ter brilho nesses anos em que o Brasil claudica entre livrar-se da herança bolsonarista e enfrentar pragmaticamente, com eficácia, a predação do patrimônio ambiental brasileiro.

O legado deste mandato de Marina (e de Lula) ainda está em curso, portanto, na prática, temos dois anos à frente.

Os ministros do MMA

José Lutzemberger (gov Collor)
José Goldemberg (gov Collor)
Rubens Ricupero (gov Itamar)
Gustavo Krause e Sarney Filho (gov FHC)
José Carlos Carvalho (gov FHC)
Marina Silva e Carlos Minc (Lula)
Izabella Teixeira (Lula e Dilma)
Sarney Filho e Edson Duarte (Temer)
Ricardo Salles (gov Bolsonaro)
Marina Silva (Lula)