Por Jaime Gesisky, do WWF Brasil –
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros abriga locais considerados de padrão internacional para a prática de canionismo – um esporte que consiste na exploração progressiva de um rio, transpondo obstáculos verticais, através de diversas técnicas e equipamentos.
Mas pouco desse potencial ainda é explorado, apesar do apelo da atividade para os amantes dos esportes de aventura. Praticado em diversas áreas protegidas ao redor do mundo, o esporte movimenta milhões de dólares todos os anos.
Para fazer girar essa roda da fortuna, o parque fez esta semana testes exploratórios de canionismo profissional, depois de um longo processo de escolha da empresa operadora que deverá explorar o serviço na unidade de conservação.
A experiência ocorreu em um lugar belíssimo, com escarpas e cachoeiras de tirar o fôlego, conhecido como Cânions do Carrossel e o Salto de 80 metros (antigo salto do Garimpão).
Segundo Ion David, canionista e empresário de turismo de aventura em Alto Paraíso de Goiás – município vizinho ao parque –, os testes foram animadores.
Resta apenas concluir estudos técnicos exigidos pelo ICMBio sobre sistemas de gestão de segurança e inventário de perigos e riscos para que a atividade possa começar a ser oferecida ao público.
“Acreditamos que até Outubro deste ano, o serviço entre em operação, criando mais uma alternativa de uso sustentável no parque”. Com isso, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros será o primeiro do país a oferecer canionismo profissional aos turistas.
A operadora do serviço utiliza mão de obra da região, capacitando guias para a nova modalidade. Trata-se de mais uma experiência que vincula conservação do meio ambiente a atividades econômicas sustentáveis, capazes de impulsionar o desenvolvimento local.
“O turista que vem em busca de aventuras na unidade de conservação, utiliza vários serviços, hospeda-se nas pousadas vizinhas ao parque, consome nos restaurantes, bares e lojas e ainda divulga sua experiência para uma extensa rede de contatos. Isso traz outros turistas e a roda da economia se movimenta a partir daí”, disse Fernando Tatagiba, chefe do parque.
Estudos mostraram que o turismo associado ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros movimentou nos anos 1990 cerca R$ 7 milhões anuais no entorno da área protegida.
Naquela época, com menos infraestrutura interna e de apoio, o parque recebia 12 mil visitantes ao ano. No ano passado, o parque recebeu cerca de 57 mil turistas.
Ampliação do parque
Tatagiba lembra que, se já existe potencial para novos nichos no mercado de turismo de aventura no parque como ele está hoje, as chances serão multiplicadas com a ampliação da área protegida. A previsão é triplicar o tamanho do parque.
Um decreto que amplia a unidade de conservação dos atuais 65 mil hectares para 242 mil hectares – aumentando a proteção de um dos últimos remanescentes da biodiversidade nativa do Cerrado de altitude – está pronto para a assinatura do presidente da República, Michel Temer.
Mas o governo do estado quer prorrogar a decisão por mais seis meses.
Enquanto isso, o potencial das novas áreas segue inexplorado. Com a ampliação, a ideia é criar uma nova rota de cânions e longas trilhas a ser aberta na região do Sertão Zen e de Macaquinhos. Os locais já foram mapeados, sinalizados e estão sendo visitados.
Representantes do movimento canionista internacional já visitaram a área, atestando a viabilidade do serviço. Bons negócios seguem à espera dessa ampliação. (WWF Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.