No ranking mundial da solidariedade o Brasil ocupa a posição 68 após os vizinhos Uruguai e Peru
Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Uma iniciativa do Movimento Arredondar, responsável por inteirar o valor dos trocos e transformá-los em doação às causas sociais, a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EASP) e o Grupo Pão de Açúcar (GPA) organizou uma pesquisa para monitorar o comportamento dos consumidores brasileiros na hora de doar nos centros de varejo.
A pesquisa teve três etapas: a primeira de forma online respondida por 1449 clientes no período de maio a dezembro de 2016, a segunda, uma fase experimental de monitoramento das lojas, compras e doações com duração de um mês e finalmente a última fase com grupos locais que reuniam clientes de múltiplos perfis escolhidos pelo GPA. O estudo abordou 42 lojas do Minuto Pão de Açúcar no estado de São Paulo.
O estudo revelou que no ranking World Giving Index que mede a solidariedade dos países no mundo, de 140 países o Brasil já ocupou a posição 105 e atualmente está na posição 68 –melhor colocação desde 2010. No contexto de América Latina, segundo os níveis de altruísmo e consciência social, o Brasil está depois de Uruguai e Peru, e nos BRICS ocupa o segundo lugar após África do Sul e na frente da Índia (posição 91) e da China (posição 140).
Para Tânia Veludo de Oliveira, coordenadora da pesquisa, o Brasil ainda tem muito avançar na cultura de doação, ela acredita que o país melhorou nos últimos anos, mas tem um longo caminho a percorrer “Quando a nossa pesquisa começou a ser desenvolvida o Brasil obteve a posição 68 no ranking, sua melhor colocação, o impacto do nosso trabalho é entender como funciona a cabeça do doador e difundir a cultura de altruísmo de forma massiva” afirma Tânia.
A pesquisa está disponível ao público no site do GVCev (Centro de Excelência em Varejo) para que outras pessoas ou incluso redes varejistas possam colocar em prática. Participaram do estudo os professores Tânia Veludo de Oliveira, Edgard Barki e Felipe Zambaldi com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo de Pesquisa do Estado de São Paulo) e os núcleos de pesquisa e empreendedorismo da FGV (GvCev) e (GVCenn).
Quem são os doadores brasileiros?
A pesquisa classificou o consumidor brasileiro em três grupos de acordo ao comportamento de doação: os engajados, ocasionais e não doadores.
O primeiro grupo doa 70% das vezes que frequenta as lojas e faz referência aos consumidores que acreditam na micro-doação dos trocos. Já os ocasionais doam 44% das vezes e totalizam 45% da arrecadação. Este grupo é influenciado por diversos fatores tais como valor do troco, humor do dia, atendimento da equipe da loja. O estudo comprova também que o atendimento e informação fornecida pelos operadores de caixa é fundamental no processo de doação, 10% dos operadores são responsáveis por 50% das doações arrecadadas.
Os não doadores é o grupo que carece de ideias altruístas e sempre tem um discurso pronto da falta de confiança no sistema brasileiro. Para mudar esta tendência e estimular o crescimento da cultura de doação no Brasil os especialistas apontam que é necessário atingir o público de forma individual e pelos meios de comunicação.
Segundo o estudo não há diferenças relevantes nas estatísticas demográficas ou de gênero, porém atitudinais e de estilos de consumo.
Na fase de análise os clientes demostraram que não estão preocupados em relação ao destino das doações e sim na confiabilidade dos projetos ou instituições. Entre as causas ambientais e de educação não há diferenças relevantes na hora de doar o troco.
Doador de hoje, altruísta do amanhã
O cliente que doa pela primeira vez tem 67% de chance de doar na próxima visita a loja segundo a pesquisa, da mesma forma é evidente que clientes que frequentam assiduamente os locais doam mais. Estes fatores são influenciados pelo relacionamento do cliente com a loja e envolvimento com projetos de responsabilidade socioambiental.
Um dos fatores decisivos no momento da doação é a proporção entre o troco e o valor da compra. Se o troco é de menor valor existem mais chances de o cliente doar, 38,6% das doações foram de trocos inferiores a R$ 0,10 enquanto 5,7% das transações foram de trocos acima de R$ 0,90.
Entre as formas de pagamento preferidas para doação estão os pagamentos feitos com dinheiro quando o troco é baixo. Porém quando este supera os R$ 0,50 os clientes escolhem cartões de crédito ou débito porque oferece uma imagem de transparência das doações e proporciona praticidade na hora de arredondar.
A iniciativa do Movimento Arredondar está presente hoje em 20 redes varejistas e beneficia 21 organizações sociais a nível nacional. O Grupo Pão de Açúcar é a primeira rede de varejo de alimentos a fazer parte do programa.
Para Laura Pires, diretora de Sustentabilidade Corporativa do GPA esta ação incentiva o consumo consciente e o engajamento com a comunidade, reduzindo também a fila nos caixas.
Acesse a pesquisa na íntegra aqui.
(#Envolverde)