As negociações entre os blocos europeu e sul americano, que já levam 20 anos, talvez sejam concluídas até o fim de 2024. Se firmado, o acordo vai criar uma das maiores zonas de livre-comércio do mundo, abrangendo mais de 770 milhões de pessoas. Dos vários temas comerciais e regulatórios abordados, a pauta ambiental merece destaque.

O rascunho atual prevê compromissos para combater o desmatamento, como forçar práticas agrícolas mais sustentáveis. Entre eles, a Lei Antidesmatamento (EUDR), que exige o rastreamento de commodities (grãos, carne, hortifruti), garantindo que não sejam provindas de áreas desmatadas após 2020.

Organizações ambientais acreditam que essa e outras regras impostas para aprovação do acordo intercontinental podem ser benéficas, já que obrigam o setor produtivo a se tornar mais sustentável. Até essa adaptação ocorrer, entretanto, o Brasil perderia US$15 bilhões em vendas à UE.

Já o setor agroexportador sul americano diz que não tem tempo nem condições para adequar-se, sem apoio técnico e financeiro governamental. Assim, conseguiram o adiamento da EUDR para o fim de 2025, enquanto a França tenta melar o acordo já, usando a carne brasileira como boi de piranha.

Os representantes europeus argumentam que as medidas previstas buscam equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Os sul americanos, que são medidas protecionistas travestidas de sustentáveis.

Em meio a tantos interesses, resta saber se a aprovação de um acordo comercial gigantesco vale a continuidade dos procedimentos que levam ao desmatamento brasileiro. Ou se uma pressão comercial estrangeira pode ser a oportunidade de moralizar a ocupação e uso do território nacional.

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