Por Redação da Envolverde*
O governo chinês acaba de divulgar dados que confirmam que a transformação do setor elétrico avançou a passos largos no ano passado. De acordo com o Comunicado Estatístico de 2016 sobre Desenvolvimento Econômico e Social do Escritório Nacional de Estatísticas da China, o país alcançou no ano passado um recorde mundial em energia solar, com 33,2 gigawatts (GW) instalados – o dobro do recorde anterior, também chinês, de 15GW instalados em 2015. A energia solar no grid cresceu 34% ano sobre ano para 39TWh em 2016. Até 2020, a China planeja investir US$ 360 bilhões para ampliar a participação das renováveis na sua matriz energética, impulsionando novos empregos e o desenvolvimento tecnológico.
“A transformação no setor elétrico da China continua. A demanda por energia se dissociou da atividade econômica e, quando isso é combinado com o recorde de instalações de energia renovável, o resultado é que a China continua a se afastar do carvão mais rapidamente do que se esperava”, analisa Tim Buckley, diretor de Estudos de Finanças Energéticas do Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA). “O carvão é o maior perdedor no mercado de energia chinês. Pelo terceiro ano consecutivo, a produção e o consumo caíram, enquanto a taxa de utilização dos geradores a carvão baixou para 47,5%, o mais baixo de todos os tempos”, completa.
Em energia eólica, a China instalou 17,3GW em 2016, abaixo do de 29GW alcançado em 2015. A geração eólica cresceu 19% para 211TWh. Em termos de geração de energia eólica offshore, a análise coloca o Shanghai Electric Wind Power Equipment (Sewind) da China como o maior desenvolvedor de 2016 globalmente, comissionando 489MW de nova capacidade. Quando solar e eólica são combinadas com 18GW por ano de novas capacidades em energia hidrelétrica e 5GW por ano de capacidade nuclear instalada em toda a China nos últimos quatro anos, a geração de eletricidade de emissão zero atendeu 70% do crescimento na demanda por eletricidade na China após 2013. O consumo total de energia em 2016 cresceu apenas 1,4%, contra 6,7% do PIB. A demanda de energia tem se desvinculado da atividade econômica.
A produção de carvão da China teve um recuo recorde de 9,0%, para 3,410 milhões de toneladas (Mt) em 2016. Isso reduziu a média de três anos para 4,9% ao ano; um declínio de 564Mt no total. Esta inversão dramática levou a Agência Internacional de Energia (AIE) a concluir, em novembro de 2016, que o consumo de carvão da China provavelmente atingiu seu pico em 2013.
O consumo de carvão da China em 2016 diminuiu 4,7% em relação ao ano anterior, apesar do crescimento de 3,6% na geração térmica. Com o crescimento no consumo de gás natural de 8% face ao ano anterior, estes dois números sugerem uma redução dramática na queima direta de carvão em usos residenciais e industriais de auto-uso.
Entre 2013 e 2016 a China adicionou um total de 200GW de geração de eletricidade a carvão que hoje estão parcialmente ociosos. A conseqüência foi um colapso para uma taxa recorde de 47,5% de utilização da capacidade de carvão para o setor de energia a carvão em 2016, abaixo de um pico de curto prazo de 79% da utilização da capacidade em 2011. A mudança da China de 330 dias por ano de mineração de carvão para 276 dias em maio de 2016, seguido de uma retração em outubro de 2016, causou estragos na importação de carvão, que ficaram em 255Mt em 2016, uma queda líquida de 72Mt em relação ao pico de 327Mt alcançado em 2013. O movimento para restringir a mineração de carvão a 276 dias e cortar a produção visa evitar um colapso financeiro semelhante ao das empresas norteamericanas de carvão, como a Peabody Energy, líder desse segmento, que pediu falência em em abril de 2016.
SOBRE IEEFA
IEEFA realiza pesquisas e análises sobre questões financeiras e econômicas relacionadas com a energia e o ambiente. A missão do Instituto é acelerar a transição para uma economia de energia diversificada, sustentável e rentável e reduzir a dependência do carvão e outros recursos não renováveis de energia.
* Tim Buckley é o diretor de estudos de finanças de energia, Australásia, da IEEFA. Ele tem mais de 25 anos de experiência em mercados financeiros, incluindo 17 anos com o Citigroup culminando como Diretor Administrativo, Chefe de Australasian Equity Research.
** Com informações da Agência Aviv de Comunicação.