Na quarta reportagem do Especial África, o diplomata Celso Amorim conta como e por que o Brasil desembarcou na África nesse século 21
Por Eliza Capai, Marina Amaral, Natalia Viana, da Agência Pública –
É um Celso Amorim informal o que nos recebe em seu apartamento em Copacabana, iluminado pela tarde de verão. Longe de governos e dos rituais de sua profissão, o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa respondeu abertamente às perguntas da Pública com bom humor e pragmatismo. Não assumiu a defensiva nem quando questionado a respeito da relação do país com governos autoritários, como o de Angola.
“O planeta Terra é um grande condomínio, eu não posso ficar escolhendo meus vizinhos”, brincou. “Todos aqueles que partiram para impor o bem, causaram mais mal do que bem. Exemplos recentes: Iraque, Líbia…”
Orgulhoso de ter participado da aproximação entre Brasil e África no governo Lula, defende a política adotada pelo ex-presidente, de apoiar as empresas brasileiras na África. “Se você está apoiando uma empresa brasileira em relação a uma chinesa ou uma russa ou uma norte-americana é o que todos os países fazem!”. E garante: ganhar dinheiro não era a prioridade do Brasil no continente africano.
“Haviam razões comerciais também, mas eu não diriam que elas predominaram. Elas eram importantes um pouco até para satisfazer o apetite da mídia brasileira”, disse, afirmando que havia um “racismo subconsciente” que apontava como inútil a aproximação entre Brasil e África.
Confira a entrevista concedida em outubro de 2015 a Eliza Capai, Marina Amaral e Natalia Viana aqui.
(Agência Pública/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site Agência Pública.