Sociedade

Aprimorar a comunicação deve ser o desafio contínuo da alta liderança

Juliana Algodoal*

Hoje em dia, qualquer executivo de alta liderança já passou por um curso de oratória ou já se preocupou com sua comunicação para chegar ao ponto em que se encontra. Isso porque, cada vez mais, a forma de se comunicar segue sendo um valor precioso no mundo dos negócios.

A arte de saber se expressar requer, antes de tudo, desenvolvimento. É preciso continuar se preocupando e se desenvolvendo em todos os níveis de cadeia produtiva.

Um levantamento sobre inteligência emocional e saúde mental no ambiente de trabalho realizado pela The School of Life em parceria com a Robert Half indica que a capacidade de se comunicar é a competência que mais falta nos liderados.

Quando a alta liderança se preocupa com a comunicação, é porque em algum momento da sua carreira ela já trabalhou isso, seja por meio de literatura, treinamentos ou palestras sobre o tema. Mas é importante reforçar que isso não é o suficiente. É preciso estar sempre aprimorando as técnicas para falar melhor no ambiente corporativo.

A realidade é que as pessoas com quem o líder se relaciona já não são as mesmas de quando ele fez o curso ou aumentou o letramento sobre o tema. A alta liderança, mais do que nunca, precisa ser inspiradora e para inspirar é preciso falar com todo mundo, estar mais próxima e saber como e qual mensagem precisa transmitir.

O mercado mudou e a comunicação mudou junto com ele. Ela não fica mais restrita ao público interno. Todos são porta-vozes, são embaixadores da companhia. Em razão disso, a comunicação demanda a valorização da diversidade, para que todas as pessoas se sintam incluídas e acolhidas pelo modelo de gestão.

Além disso, a comunicação da alta liderança reflete a imagem e a reputação que a empresa quer causar nos seus stakeholders. Entre as principais demandas trazidas por executivas e executivos de alta liderança que buscam aprimorar sua forma de comunicar com as equipes estão:

1. Apresentar novas iniciativas ao conselho da empresa;

2. Preparar-se para entrevista com a imprensa;

3. Tornar menos prolixo o discurso para os liderados;

4. Fazer as vozes femininas das lideranças serem mais ouvidas em reuniões com sócios, conselhos e diretorias.

Para isso, a melhor estratégia é oferecer ferramentas que vão garantir as melhores escolhas para uma comunicação mais assertiva priorizando aquelas que foram construídas respeitando o estilo de comunicação de cada pessoa.

Também é fundamental trazer informações técnicas que vão ajudar na escolha de sobre velocidade e articulação da fala, que tipo de voz deve ser usada de acordo com a mensagem, qual imagem quer se transmitir; como equalizar o uso de gestos; as pausas na fala (para respirar ou para fazer uma provocação); qual entonação mais adequada, a que transmite acolhimento ou que gera um alerta, o impacto que o líder deseja causar com sua fala e, finalmente, qual a emoção que o líder quer transmitir na sua fala.

Por meio das técnicas para se comunicar é possível corrigir problemas que extrapolam a comunicação, como cortar a fala de outro interlocutor, trabalhar a respiração para transmitir menos ansiedade, a síndrome do impostor que aflige as altas lideranças especialmente quando se comunicam em público entre outras questões.

As pessoas se interessam pelos líderes das empresas e querem saber mais sobre o que essas lideranças pensam e isso gera uma mistura da imagem da alta liderança com a própria imagem da marca que representam.

Hoje em dia, quando uma declaração errada ou malfeita pode impactar no preço das ações, gerar o cancelamento de uma empresa e suas pessoas, a busca por porta vozes preparados para comunicar com seus públicos com mais excelência aumentou e muito.

É preciso habilidade e preparo para comunicar as novas formas de fazer negócios sustentáveis, alinhados com a as ações das empresas com o foco em melhorias para o meio ambiente, para a sociedade e para a própria empresa.

Nesse caso, um discurso bem-feito abre portas não apenas para destacar e impulsionar pessoas para as altas lideranças, mas amplia as possibilidades de novos negócios e contribui para garantir a existência futura da própria companhia.

Juliana Algodoal

* Juliana Algodoal é PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho — Linguística Aplicada
e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta

(#Envolverde)