Sociedade

 Compostagem doméstica transforma hábitos de reciclagem das famílias brasileiras

Minhocas californianas utilizadas para compostagem. Foto: André Ferreira
Minhocas californianas utilizadas para compostagem. Foto: André Ferreira

Diariamente cada brasileiro produz 1kg de material orgânico.

Por Katherine Rivas, com colaboração de André Ferreira –                 

Saber destinar os resíduos orgânicos tornou-se tão importante quanto o descarte dos resíduos sólidos recicláveis- metal, papel, plástico e vidro. Nos últimos meses, a compostagem doméstica surgiu como alternativa simples e eficaz para contribuir com o meio ambiente sem mudar drasticamente a rotina.

A compostagem é o processo biológico no qual matéria orgânica é decomposta por organismos como bactérias, fungos ou insetos, e se transforma em adubo e chorume. O resultado é classificado como reciclagem do lixo orgânico segundo a Lei Federal de 2010 ou Política Nacional de Resíduos Sólidos. O processo envolve a alteração dos resíduos sólidos e suas propriedades físicas, químicas ou biológicas para a geração de novos insumos.

No Brasil, cada habitante gera aproximadamente 1kg de material orgânico por dia, mais da metade do total de resíduos. Segundo um relatório divulgado pela ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), quase 30 milhões de toneladas de detritos (40% do total nacional) receberam destinação inadequada no ano de 2015.

Para o idealizador e fundador do projeto Morada da Floresta, Claudio Spínola, a compostagem é uma solução potencial que pode mudar os hábitos das famílias brasileiras. “Em torno de uma composteira, giram muitos outros comportamentos benéficos para o meio ambiente. Automaticamente a família começa a separar o que é reciclável, começa a produzir adubo, começa a querer plantar e consumir produtos orgânicos. Cria outra relação com o alimento e com a natureza”, afirma Spínola.

A compostagem orgânica é realizada em três recipientes de plástico sobrepostos. Foto: Arquivo Morada da Floresta
A compostagem orgânica é realizada em três recipientes de plástico sobrepostos. Foto: Arquivo Morada da Floresta

 

A Morada da Floresta, localizada em São Paulo, é uma instituição que tem como objetivo incentivar práticas sustentáveis e contribuir para o despertar de uma consciência natural. O local oferece cursos, oficinas e palestras sobre permacultura, tecnologias ambientais, sustentabilidade, além de produzir e vender composteiras domésticas, fraldas e absorventes ecológicos.

Uma composteira em casa

O funcionamento de composteira doméstica ocorre pela vermicompostagem, ação de decomposição realizada por minhocas californianas. Os insetos são colocados em dois recipientes de plástico sobrepostos, no nível superior está a matéria orgânica mais fresca e no nível inferior o excesso de líquido, conhecido como chorume e utilizado também como adubo.

Claudio Spínola explica que a composteira utiliza três caixas de plástico furadas para liberar o excesso de líquido e permitir o transito das minhocas. “Nos dois primeiros andares ocorre a compostagem, local onde os resíduos orgânicos são colocados e cobertos com folhas secas ou serragem eliminando maus cheiros e a presença de animais indesejáveis”, diz.

compostagemA composteira doméstica deve estar localizada perto da cozinha e protegida do sol, a maioria dos resíduos orgânicos podem integrar o processo de compostagem exceto carne, alimentos cítricos ou cozidos.

Impacto Social

Durante a gestão do prefeito Fernando Haddad em 2014, se realizou o programa Composta São Paulo com duração de um ano e em parceria com a Morada da Floresta. Foram distribuídas composteiras para 2000 famílias que contaram também com acompanhamento dos seus hábitos de reciclagem neste período.

Spínola comenta que o grande impacto foi a transformação da vida das famílias que ressignificaram a importância da terra e o alimento. O fundador considera necessário que escolas, empresas, instituições públicas tenham seu próprio sistema de compostagem.

As composteiras domésticas da Morada da Floresta também foram finalistas da edição 2016 do Prêmio Empreendedor Social, iniciativa da Fundação Schwab com a Folha de S. Paulo, que surgiu para reconhecer a inovação de projetos de impacto social ou ambiental

De 145 inscritos a instituição ficou entre os três finalistas.

Para conhecer mais sobre as composteiras domésticas acesse este link. (#Envolverde)