Sociedade

COVID-19 está levando educação a um ponto sem volta, diz UNICEF

Por ONU Brasil – 

Para marcar o Dia Internacional da Educação, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reuniu uma série de dados que mostram o impacto da pandemia de COVID-19 entre estudantes.

Mais de 616 milhões alunos continuam afetados pelo fechamento total ou parcial das escolas em todo o mundo.

No Brasil, um em cada dez estudantes de 10 a 15 anos relatou que não planeja voltar às aulas assim que sua escola reabrir.

Em países de baixa e média renda, 70% das crianças de 10 anos não conseguem ler ou entender um texto simples, em comparação com 53% antes da pandemia.


Legenda: As consequências do fechamento das escolas ultrapassaram as perda de aprendizado, afetando também a saúde mental das crianças, reduzindo seu acesso a uma fonte regular de nutrição e aumentando o risco de abusos  Foto: © Chagara/UNICEF Malaw

Mais de 616 milhões de estudantes continuam afetados pelo fechamento total ou parcial das escolas, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Para marcar o Dia Internacional da Educação, comemorado nesta segunda-feira (24), o Fundo reuniu os últimos dados disponíveis sobre o impacto da COVID-19 na aprendizagem das crianças no mundo.

Para o chefe global de Educação do UNICEF, Robert Jenkins, as informações coletadas mostram que as perdas educacionais sofridas pelas crianças nos últimos dois anos estão alcançando um ponto sem volta.

“Embora seja fundamental retomar as aulas presenciais, apenas reabrir as escolas não é suficiente. Os estudantes precisam de apoio intensivo para recuperar a educação perdida. As escolas também devem ir além dos locais de aprendizagem para reconstruir a saúde mental e física das crianças, o desenvolvimento social e a nutrição”, afirma Jenkins.

Habilidades básicas

Globalmente, a interrupção da educação significou que milhões de crianças perderam consideravelmente o aprendizado que teriam adquirido se estivessem na sala de aula. As que sofreram maior prejuízo foram as crianças mais novas e vulneráveis.

Segundo o UNICEF, as perdas foram sentidas inclusive, em habilidades consideradas básicas como alfabetização. Em países de baixa e média renda, por exemplo, o fechamento de escolas deixou 70% das crianças de 10 anos incapazes de ler ou entender um texto simples, em comparação com 53% antes da pandemia.

No Brasil, cerca de três em cada quatro crianças do 2º ano estão fora dos padrões de leitura, número acima da média de uma em cada duas crianças antes da pandemia. Em todo o país, um em cada dez estudantes de 10 a 15 anos relatou que não planeja voltar às aulas assim que sua escola reabrir.

Matemática

Em habilidades aritméticas, a situação também é preocupante. Na Etiópia, estima-se que as crianças da escola primária tenham aprendido de 30% a 40% da matemática que teriam aprendido se fosse um ano letivo normal.

Nos EUA, foram observadas perdas de aprendizado em muitos estados, incluindo Texas, Califórnia, Colorado, Tennessee, Carolina do Norte, Ohio, Virgínia e Maryland. No Texas, por exemplo, dois terços das crianças do 3º ano tiveram testes em matemática abaixo do nível da série em 2021, em comparação com metade das crianças em 2019.

Na África do Sul, as crianças em idade escolar estão entre 75% e 100% de um ano letivo atrás do que deveriam. Cerca de 400 mil a 500 mil estudantes abandonaram a escola entre março de 2020 e julho de 2021.

Segurança

As consequências do fechamento das escolas ultrapassaram as perda de aprendizado, afetando também a saúde mental das crianças, reduzindo seu acesso a uma fonte regular de nutrição e aumentando o risco de abusos.

Para o UNICEF, um crescente corpo de evidências mostra que a COVID-19 causou altas taxas de ansiedade e depressão entre crianças e jovens, com alguns estudos descobrindo que meninas, adolescentes e pessoas que vivem em áreas rurais são mais propensas a experimentar esses problemas.

Além disso, estima-se que mais de 370 milhões de crianças em todo o mundo ficaram sem a merenda escolar durante o fechamento das escolas, perdendo o que é, para algumas crianças, a única fonte confiável de alimentação e nutrição diária.

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