As emergências mundiais em saúde se alternam de tempos em tempos e hoje, sem dúvida, a incidência do vírus Ebola na região ocidental do continente africano, é o que mais causa apreensão. São mais de mil mortes e 1,8 mil casos até agora registrados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A atual epidemia começou na Guiné e já apresenta ocorrências na Libéria e em Serra Leoa, tendo grande potencial para se alastrar a outros locais do mundo.
A ciência ainda engatinha nas respostas sobre o tratamento da doença. Nesta semana, no entanto, foi anunciada uma descoberta importante, que pode ajudar nos avanços das pesquisas. É sobre a proteína ‘VP24’ que impede a ação imunológica da molécula do interferona no organismo, nas pessoas infectadas. O estudo é uma parceria da Escola Icahn de Medicina em Mount Sinai, em Nova York, com o Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas, divulgada na revista Cell Host & Microbe, segundo a Agência EFE.
O Brasil está em estado de alerta, por meio da Secretaria de Vigilância Sanitária (ANVISA), por causa da vinda de navios do continente africano para cá. A medida a ser tomada, de acordo com o órgão, é da adoção de quarentena da tripulação e ocupantes da embarcação por 21 dias (prazo estimado de incubação do vírus). O alto grau de letalidade da doença fez também com que a OMS autorizasse, nesta semana, o uso em humanos de um medicamento testado com finalização de efeitos sobre o organismo até agora somente em animais.
A empresa farmacêutica responsável é a Mapp Biopharmaceutical , que deverá distribuir gratuitamente um lote do “Zmapp’, ao governo da Libéria. Dois funcionários humanitários norte-americanos, que receberam a administração do medicamento, apresentaram melhoras. Já um padre espanhol veio a falecer, no país africano, mesmo com a adoção do medicamento. A questão em aberto é que não se sabe ainda os possíveis efeitos colaterais.
Praticamente quatro décadas em busca de respostas
Historicamente os surtos do ebola começaram em 1976, em Nzara, no Sudão, e em Yambuku, na República Democrática do Congo, e depois se espalhou a outros países, principalmente em aldeias remotas na África Central e Ocidental, nas proximidades de florestas tropicais. Segundo a OMS, o contato com chipanzés, gorilas, morcegos, macacos, porcos-espinhos e antílopes florestais infectados desencadearam a propagação a humanos, que também podem contaminar, por sua vez, outros humanos. Isso acontece por meio do contato próximo com o sangue, as secreções ou outros tipos de fluídos corporais de animais infectados. Já a porta de entrada entre os humanos são as mucosas ou aberturas na pele. Os especialistas ainda alertam que os produtos de origem animal (sangue e carne) devem ser bem cozidos antes do consumo.
Um dos dados mais alarmantes sobre a doença é que homens que se recuperam da mesma ainda podem transmitir o vírus por meio do seu sêmen até sete semanas após a recuperação.
Quem é infectado tem como sintomas, febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. O quadro se agrava com vômitos, diarreia, chegando à hemorragia interna e externa, com elevação das enzimas hepáticas e baixa das plaquetas. Esses sinais se assemelham aos de outras patologias, possibilitando diagnósticos errados. Por isso, segundo a OMS, devem ser descartadas outras doenças como cólera, febre tifóide, malária e meningite.
Para a detecção do vírus Ebola, os testes laboratoriais são essenciais. Entre eles, estão o chamado Elisa e os testes de detecção de antígeno.
* Sucena Shkrada Resk é jornalista com especializações em Política Internacional e Meio Ambiente e Sociedade. Fez parte do time do Mercado Ético que cobriu a Rio+20 e edita o blog Cidadãos do Mundo.
** Publicado originalmente no blog Cidadãos do Mundo.