De acordo com o CDP, organização internacional que administra o maior sistema mundial de divulgação de dados ambientais para empresas, cidades, estados e regiões, das 389 companhias brasileiras que reportaram seus dados hídricos em 2023, 37% identificaram oportunidades na gestão da água em suas operações, um ponto percentual (p.p) a menos quando comparado com o ano anterior.
Os dados do CDP mostram que 38% das empresas brasileiras acreditam que o aumento da eficiência hídrica nas operações com a implementação de sistemas inovadores de reciclagem de água pode ser a principal oportunidade no uso responsável desse recurso. No ano anterior, esta taxa era de 37%. Em segundo lugar, está a questão financeira, com a possibilidade de redução de custos apontada por 15% das empresas, o que se traduziria em um impacto financeiro estimado em US$ 11 bilhões.
Com relação aos riscos relacionados à gestão hídrica, 23% das organizações reportaram, ao todo, 130 itens, 6% a mais do que no ano anterior. O impacto financeiro chegaria a quatro bilhões de dólares, sendo que o custo para evitá-los ou reduzi-los foi calculado em US$ 8,24 bilhões de dólares. “Apesar de, no primeiro momento pareça que o custo para gerir os riscos não compense, é preciso considerar que as empresas que reportaram seus riscos ainda são uma pequena parcela, ou seja, dessa forma, os dados podem estar subestimados”, comenta Guilherme Ponce, Disclosure Lead do CDP Latin America.
Além de identificar as oportunidades, o comprometimento por meio de metas é fundamental para garantir a eficácia na implementação de ações de uso responsável desse recurso. Menos da metade das empresas brasileiras (39%) alegaram ter metas. Entre os principais objetivos estão a redução na captação (33%), desenvolvimento de técnicas para evitar a poluição (14%) e racionamento do consumo de água (12%).
Segundo alerta feito pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a disponibilidade de água no Brasil pode cair até 40% até 2040 em razão das mudanças climáticas. Nesse cenário, Guilherme Ponce contextualiza o posicionamento das empresas. “Embora em sua maioria as empresas ainda não estejam explicitamente comprometidas e com objetivos públicos definidos para a gestão dos recursos hídricos, já há um reconhecimento de que este é um recurso finito, essencial para abastecer lençóis freáticos, conservar ecossistemas e sua biodiversidade, melhorar a qualidade do solo e, portanto, fundamental para a manutenção das cadeias produtivas e da qualidade de vida das pessoas”, reforça.
Somente 22,62% das companhias brasileiras que reportaram seus dados hídricos identificaram riscos, índice que no ano anterior foi de 21% das empresas. Entre os mais citados nas operações diretas estão: seca (18%), escassez de água (12%), estresse hídrico (9%) e variação hidrológica e/ou precipitação (7%), que equivalem a um impacto financeiro de até U$ 4 bilhões e um custo de respostas que pode chegar a U$ 8,24 bilhões.
Além disso, no Brasil os impactos hídricos negativos como aumento do custo, redução ou interrupção da capacidade de produção, interrupção na gestão e no planejamento da força de trabalho e impacto nos ativos da empresa, já foram sentidos por 6% das organizações, que avaliam um prejuízo de U$ 918,54 milhões em seus negócios.