Sociedade

Escolas em Campo Grande (MS) criam espaços e práticas sustentáveis

Na Escola Municipal Darthesy Novaes Caminha as atividades na horta utilizam os alimentos na merenda escolar. Foto: © Thaís Alves
Na Escola Municipal Darthesy Novaes Caminha as atividades na horta utilizam os alimentos na merenda escolar. Foto: © Thaís Alves

 

Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a criação de espaços e de práticas sustentáveis em escolas públicas municipais já é uma realidade. Estudantes, professores, funcionários e, ainda, comunidade desenvolvem atividades em 11 escolas de acordo com o Programa Escolas Sustentáveis e Com-Vidas, do Ministério da Educação (MEC), que tem o objetivo de estimular a criação de espaços educadores e sustentáveis nas escolas públicas.

O WWF-Brasil, por meio do Programa Cerrado Pantanal, apoiou a formação de cursos para os professores que atualmente desenvolvem as atividades. A especialização integra a política pública fundamentada na qualificação de currículos escolares, em alterações no espaço físico das escolas e na gestão ambiental.

Segundo Cristiane Miranda Gondim, da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, as escolas tem autonomia para desenvolver as atividades. “O governo tem o papel de orientar, por meio das diretrizes. O trabalho é bem visto e aceito”.

Espaço de transformação

O “Revitalizando minha escola: transformando e aprendendo”, projeto executado na Escola Municipal Vanderlei Rosa de Oliveira, conta com espaços verdes dentro da instituição, construção de hortas, iniciação científica, gincanas e monitores ambientais, entre outras iniciativas, que envolvem 1722 alunos.

“Trabalhar o coletivo une as crianças, os pais e a comunidade. É um trabalho contínuo que não pode parar. Trabalhamos a pegada ecológica, o consumo consciente e a sustentabilidade. Os conteúdos são inseridos dentro das disciplinas ministradas em sala de aula, laboratórios de ciências e no dia a dia da escola. É interdisciplinar”, comentou a diretora da escola, Ângela Maria Faustino Santos.

A professora Rosiane de Morais, explicou que os espaços são utilizados por todas as turmas e de diversas disciplinas. Foi elaborado um cronograma de atividades que envolvem as atividades e práticas sustentáveis e divididas entre as turmas. “Um exemplo são os alunos do 9° ano que puderam participar da feira de ciências promovida pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Os projetos são de iniciação científica”.

Experiência no campo

As atividades da Escola Municipal Darthesy Novaes Caminha incluem reaproveitamento de materiais, fabricação de inseticida natural (criado no laboratório de ciência), composteira e horta com alimentos que são utilizados na merenda escolar.

A escola está situada na zona rural de Campo Grande e há troca de conhecimentos entre professores, alunos e pais. “Temos a experiência da comunidade do campo e a oportunidade de ensinar para os que ainda não conhecem os saberes da terra”, contou a diretora Osmarina Souza Aragão.

Para Terezinha Martins, analista de conservação do WWF-Brasil, as instituições de ensino podem se tornar incubadoras de mudanças concretas na sociedade. “Para uma escola ser sustentável é preciso ter esse sentimento dentro das pessoas. Às vezes nem é a estrutura o primeiro foco, mas saber agregar e aproximar”, destacou.

Professora Cidinha

Cerca de 900 alunos da Escola Municipal Elizio Ramirez Vieira também trabalham com atividades sustentáveis como, por exemplo, arborização, voluntariado, horta e plantio de mudas.

Na escola, os trabalhos tiveram início e eram coordenados pela professora Maria Aparecida da Silva Gonçalves, mais conhecida como professora Cidinha. Ela faleceu na última semana, no dia 12 de novembro, vítima de um acidente de carro. No final do mês de outubro, Cidinha concedeu uma entrevista para a equipe de comunicação do WWF-Brasil.

Na ocasião, ela mostrou a escola e mencionou que a cada 15 dias uma turma é eleita para cuidar da manutenção da horta. Os alimentos colhidos são distribuídos entre os alunos. Ela se despediu da equipe com um sorriso no rosto e afirmando que o mais importante no processo de construção das escolas sustentáveis era a troca de experiências e poder dividir conhecimento.

“Tem muita energia positiva em trabalhar com esses alunos. Aqui produzimos horta, viveiros experimentais e, ainda, replantio de mudas nativas ao redor da nascente de um rio, localizado dentro da área da escola. Também geramos adubo orgânico e inseticida natural que é usado na nossa horta”, explicou a professora.

* Publicado originalmente no site WWF Brasil.