por Leno Silva, especial para a Envolverde –
Traduzir para o texto imagens de um filme é o desafio e o trabalho de Misako, personagem central de “Esplendor”, drama sensível dirigido por Naomi Kawase.
Na realização dessa importante atividade profissional, a jovem conta com o apoio voluntário de um grupo de cegos e um homem com baixa visão, que a auxiliam na tarefa de transmitir com fidelidade o sentido das imagens de uma obra cinematográfica.
Além de lidar com as interpretações e as críticas em relação ao seu desempenho nesse trabalho, ela tem que enfrentar os suas dramas de família, e a sua identificação com Nakamori, fotógrafo muito bem sucedido no passado, que por estar praticamente cego, foi obrigado a abandonar a carreira, e luta contra os seus próprios medos para reconstruir a vida.
O cotidiano de Misako e Nakamori se entrelaçam, mas cada um é motivado a lidar com os seus fantasmas para seguirem em frente com autonomia e coragem para dar vazão aos seus sentimentos.
No caminho escolhido pela diretora, a áudio descrição não é apenas uma atividade técnica. Nesse trabalho a protagonista mergulha em cada uma das imagens e oferece a sua versão a respeito do que está relatando. E, sem deixar de ser fiel ao filme que vê, ela deve ter sensibilidade e contribuir para que o deficiente visual, ao escutar a sua narrativa, sinta como se estivesse enxergando.
Imprescindível para a inclusão de pessoas com deficiência visual, a áudio descrição deveria ser um recurso disponível nas salas de cinema de todo o Brasil. É lindo presenciar em “Esplendor” a plateia de pessoas cegas se emocionarem no final do filme roteirizado por Misako, numa constatação de que a jovem profissional conseguiu superar as suas escuridões e revelou para os espectadores a essência do filme, emocionando a todos. Por aqui, fico. Até a próxima.
Serviço:
Esplendor
Nacionalidade: Japão, França
Gênero: Drama
Direção: Naomi Kawase
Elenco: Masatoshi Nagase, Ayame Misaki, Tatsuya Fuji
Duração: 1h41 minutos