Sociedade

Evento WTM18 - mobilidade como qualidade de vida

por Caroline Ligório, especial para a Envolverde – 

“Não é de mais tempo que você precisa, é de mais vida”. O lema entoado por Flávio Tavares, fundador do Instituto PARAR e Diretor de Marketing e Vendas na Golsat Tecnologia, na abertura do lançamento do  WTM 18 expressa o intuito do evento de pensar mobilidade muito além do modal. O evento propõe por meio de experiências, conteúdo, entretenimento e network abordar uma nova visão sobre o tempo dos colaboradores despendido nos deslocamentos.

Os dados da pesquisa realizada pelo Instituto PARAR em parceria com a MindMiners ilustram um cenário preocupante. Mais de 30 mil pessoas morrem em acidentes de carros por ano. Mais de 200 mil ficam permanentemente inválidas. Apenas 1 em cada 4 paulistanos moram perto de transportes públicos. 34% dos paulistanos gastam em média entre 1h a 2h para se deslocarem ao trabalho.

O papel das empresas, que no Brasil são mais de 5 milhões, é de repensar a relação com os seus colaboradores. O potencial de mudança está dentro das empresas, segundo Tavares. 50% dos deslocamentos são feitos por motivos de trabalho. 77% das empresas não oferecem a opção de home-office. 49% dos colaboradores preferem trabalhar mais perto de casa, mesmo ganhando 10% a menos. 60% das empresas nunca se preocuparam com o tempo de deslocamento dos colaboradores.

Portanto, as empresas devem colocar a vida dos colaboradores como principal ativo empresarial por meio da mobilidade. A mobilidade está estritamente relacionada com o tempo das pessoas e o tempo é vida. Experiências vivenciais estão deixando de ser realizadas em decorrência do tempo perdido no deslocamento. “Não precisamos de mais tempo, precisamos de mais vida ao nosso tempo”. Para Flávio Tavares, a forma como vivemos no tempo que temos é o mais importante e deve ser a prioridade das empresas.

Walter Longo, sócio-diretor da Unimark Comunicação e ex-presidente do Grupo Abril, durante o lançamento do WTM 18, discorreu sobre cidades em rede e mobilidade. Ao mesmo tempo em que grandes cidades são mais lentas, são também mais inovadoras. Segundo Geoffrey West, uma cidade com mais de 5 milhões de habitantes é 3 vezes mais criativa que o cidadão médio de uma cidade com 100 mil habitantes. Isso ocorre por meio do potencial adjacente, a conexão entre as pessoas e o conhecimento em rede permitido pela multiplicidade de assuntos e temas que as circundam.

Os problemas a serem resolvidos são aqueles relacionados às pessoas e não apenas ao trânsito. Para Longo, mais vias e mais transportes públicos não são medidas suficientes. A movimentação durante os mesmos horários do dia, promovida pela rigidez de entrada e saída do trabalho, leva a um trânsito caótico.

Com a adoção de uma alma digital, o entendimento de mobilidade além do transporte, há uma real chance de melhoria efetiva, assim como a adoção de incentivos, como: ferramentas de integração modal, menor alíquota de ICMS para compras online para que as pessoas saiam menos de casa, redução do IPTU para aqueles que moram a menos de 3 km do trabalho, aeroportos com descontos na taxa aeroportuária para incentivar vôos de madrugada.

O conceito de mobilidade é uma combinação de política de transporte, circulação e planejamentos direcionados a promover o acesso amplo e democrático ao espaço urbano. Repensar a forma de viver e não de se transportar é o que faz a CISCO, empresa de TI e redes. Laércio Albuquerque, presidente no Brasil da CISCO, vivenciou a forma diferente de trabalhar da empresa quando assumiu o cargo. A chave do negócio é a liberdade e a flexibilidade.

Em sua primeira reunião, dos 13 convidados, 10 deles participaram conectados por videoconferência. Albuquerque valoriza o resultado do que é feito.  “O futuro do trabalho não tem nada a ver com onde você está, tem a ver com aquilo que você faz”. No dia a dia de trabalho, não vivencia mais o estresse de chegar atrasado às reuniões, a tecnologia o permite estar presente em qualquer lugar a qualquer momento. “Home office é coisa do passado, agora é Anywhere office, o escritório está na palma da sua mão, não importa onde você esteja”.

Há por outro lado o aspecto negativo dessa relação de trabalho ligada à tecnologia. A tecnologia nasceu como fator anti-stress, para que o colaborador enquanto está no trânsito não sinta que esteja prejudicando a produtividade da empresa. Porém, pode se transformar em fator estressante. Walter Longo acredita que se deve impedir o processo de escravização. “Usamos a tecnologia e exigimos 10 vezes mais do que a gente exigia”.

Com foco em identificar outros cases empresariais como o da CISCO, o Great Place to Work avalia questões de mobilidade e flexibilidade entre as melhores empresas para se trabalhar. O GPTW percebeu aumento da preocupação em relação à temática, mas ainda há dificuldades. Apenas 40% das melhores empresas para se trabalhar têm horário flexível, o que já representa um nicho muito seleto e reduzido. “Acreditamos que é uma mudança de mentalidade para inserir novas práticas”. Para Daniela Diniz, diretora de conteúdo e eventos do Great Place to Work, precisa haver uma mudança cultural que ocorrerá em longo prazo.

O futuro do trabalho precisa ser reinventado e durante o evento WTM 18 que acontecerá em outubro do dia 29 a 31 no WTC Events Center empresas mostrarão de maneira sinérgica o caminho para a prosperidade tendo a mobilidade como meio para promover qualidade de vida das pessoas. Os ingressos podem ser adquiridos no site do evento. https://wtmconference.com.br/