Sociedade

Formação cidadã começa com a prática da sustentabilidade desde a Educação Infantil

As escolas particulares  estão levando a sério o fato de os colégios, desde a educação infantil, se tornarem um ambiente de socialização não só do saber, mas do  desenvolvimento da cidadania para a formação de melhores líderes para o amanhã. Desde os primeiros anos as crianças aprendem exemplos de viver em comunidade e do respeito à sustentabilidade como pilares essenciais para o cuidado com o ser humano e o planeta.

Conheça alguns exemplos de iniciativas que estimulam a sustentabilidade e todos os seus aspectos:

No Colégio Miguel de Cervantes, na capital paulista, os alunos da Educação Infantil, há mais de 10 anos, trabalham com o projeto Aventureiros Especiais. Criado pelo professor Felipe Máximo, o projeto reúne crianças de 4 a 5 anos por meio de atividades lúdicas e esportivas, com o objetivo de incentivá-las a desenvolver valores como ajudar as pessoas, nunca desistir, cuidar do planeta e de seus corpos.

No Colégio, temas como sustentabilidade e bem-estar são trabalhados durante todo o ano letivo, em atividades curriculares e extracurriculares. Para as crianças do Fundamental, a leitura de livros específicos e atividades de discussão desses temas são constantes e culminam em um evento de compartilhamento de tudo o que foi aprendido.

Para Ana Paula Gama, coordenadora do Projeto Cervantes Solidário, programa de responsabilidade social do Colégio que visa a atender, por meio de diversas atividades, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, todos os processos e ações devem ser pensados para o desenvolvimento dos alunos, da comunidade e do planeta.

Entre as atividades que fazem parte do cotidiano dos alunos do Miguel de Cervantes, estão: grupos de reciclagem de materiais escolares; cultivo na horta; compostagem; e a promoção de ações sociais e educativas, como contações de histórias e aulas de espanhol para crianças e adolescentes de escolas estaduais e Centros para Crianças e Adolescentes (CCAs) da Prefeitura de São Paulo.

No Colégio Oshiman, localizado na Vila Mariana, na capital paulista, o planejamento das aulas inclui temas ligados a grandes causas ecológicas do nosso tempo, como aquecimento global, desmatamento e geração excessiva de resíduos sólidos.

“É preciso criar em parceria com as crianças, espaços de reflexão e ação relativos à sustentabilidade. A ação sem reflexão proporciona um ato vazio, sem sentido. A reflexão sem ação pode trazer a sua estagnação sem ser alimentada pela prática”, exemplifica Bruno de Souza, coordenador pedagógico do Colégio Oshiman.

Uma das práticas usadas pelos alunos no Colégio é a reutilização de todo papel usado nos vários setores da escola. Essa reutilização representa, na prática, ações em uma oficina de reaproveitamento. Quando ocorrem eventos internos, todo papel usado se transforma na confecção de convites ou em partes da decoração de Natal elaborada pelos próprios alunos.

“Todo educador tem o dever de dotar os alunos das ferramentas necessárias para enfrentar os desafios do nosso século. Precisamos proporcionar a eles um constante espaço para pensarem e criarem por meio de uma trilha de conhecimento, em que possam trabalhar temas que preocupam o mundo como crise energética, reciclagem, recursos naturais e contaminação, não apenas na teoria, mas com experiências práticas e o uso de ferramentas e recursos como o Design Thinking e a  Cultura Maker”, exemplifica Felipe Goldschmidt, coordenador do Projeto B.E. do Grupo Base Educación, que acaba de chegar ao Brasil e é um dos parceiros do Colégio Oshiman em suas ações.

Na Espanha, onde o Grupo Base Educación é uma das principais referências na área de educação e inovação pedagógica, os alunos seguem um roteiro denominado “Salve o planeta”. Ele é composto por 35 desafios de pensamento maker, nos quais eles aprendem a cuidar da escola, do meio ambiente e do planeta, construindo e desenhando protótipos que podem ser aplicados em seu cotidiano e que envolvem mudanças climáticas, sustentabilidade e economia circular. No Brasil, o Grupo atua em parceria com outras instituições interessadas em adotar suas metodologias.

Já na Escola Vereda, as iniciativas de conscientização para a sustentabilidade são tratada como um eixo transversal. Nos anos iniciais do ensino Fundamental, a linguagem lúdica predomina, enquanto com os alunos mais velhos o olhar se volta para a formação cidadã e o protagonismo juvenil nas comunidades em que estão inseridos.

A escola, localizada no bairro da Mooca, em São Paulo, desenvolve três projetos voltados à reciclagem de materiais de escrita, sucata eletrônica e tampas plásticas. “Trabalhamos com ações dentro e fora da sala de aula para sensibilização e conscientização. Normalmente, os mais novos (1º ao 6º anos) são mais empolgados e participativos. Porém, também temos a participação dos estudantes mais velhos”, explica o diretor Rafael Antunes.

Ele destaca duas ações importantes para manter a adesão: I) comunicação constante acerca das ações e II) envolver os estudantes não apenas na etapa de doação, mas, também, na organização dos recursos arrecadados, entrega destes e estudos acerca dessa temática.

Crédito da imagem: divulgação Colégio Oshiman.