Por Katherine Rivas, especial para a Envolverde –
As cidades precisam deixar de ser entes abandonados, fora de um concerto global de organizações, acordos e metas. Precisam assumir um protagonismo global.
Frente as múltiplas transformações urbanísticas na esfera global, especialistas avaliam que o futuro das cidades brasileiras nos próximos anos estará interligado ao diálogo com a natureza e ao protagonismo dos governos locais, que aliados ao processo de aceleração sustentável se unem a outros países em um mecanismo internacional deixando de lado a perspectiva isolada de municípios. Esse é o centro do diálogo “O Futuro das Cidades”, parte do projeto Envolverde Convida.
Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade), movimento global que reúne mais de 1500 estados, metrópoles e cidades em 100 países para promover o desenvolvimento de baixo carbono e economia urbana verde, afirma que as cidades de América do Sul já estão passando por este desenvolvimento. A perspectiva é que as construções comuns sejam trocadas por edificações verdes com eficiência energética, assim também se espera a morte dos combustíveis fosseis e o petróleo que serão substituídos pela energia elétrica, gás natural, entre outros.
No contexto da mobilidade, Perpétuo defende a diminuição do número de carros nas ruas. “Na minha visão esta transição já ocorre, porém não é rápida por motivo dos interesses políticos que são a favor da economia do petróleo. Hoje a tecnologia é nossa aliada, existem carros elétricos, veículos compartilhados, ciclovias que se integram ao transporte público. As cidades precisam ser protagonistas, mas elas agem em tempos diferentes, algumas são futuristas enquanto outras estão estagnadas no século XIX”, comenta.
Pequenos governos, grandes ideias
Entre os desafios atuais da sociedade brasileira, Perpétuo cita o desconhecimento das cidades e a desigualdade no acesso a informação e recursos financeiros para o desenvolvimento. Esta problemática desacelera os processos de mudanças e iniciativas.
Na visão dele, a solução está em sensibilizar os gestores públicos e a sociedade civil que exercerá também uma pressão no governo pelos projetos. Estas alternativas vão pôr fim a era dos combustíveis fosseis e a crise ambiental.
No Brasil o programa “Compacto de Prefeitos” coloca em prática as estratégias acima citadas. Com um total de 459 cidades envolvidas no projeto, 35 brasileiras, o Compacto é a maior iniciativa a nível mundial que reúne lideranças municipais para enfrentar as mudanças climáticas e os seus impactos.
O projeto estabelece seis critérios a serem cumpridos pelos prefeitos num período de três anos, e proporciona benefícios tais como: reconhecimento da cidade como inovadora, mostrar o compromisso dos prefeitos para uma solução global, avaliação constante e confiável, evidencia das ações por menos emissões de gás estufa, fortalecimento das ações locais frente ao governo nacional.
Alguns dos prefeitos que participaram da iniciativa em 2016 são Carlaile Pedrosa (Betim), Jose Fortunatti (Porto Alegre), Fernando Haddad (São Paulo), Carlos Amastha (Palmas), entre outros. Todas as ações dos prefeitos e suas cidades são de acesso público na plataforma CCR (Registro Climático Carbon)
Transporte Elétrico
Entre os case de sucesso no ano 2016 está a cidade de Campinas, que revisou as concessões do transporte público de forma que em dez anos seja proibido o uso de ônibus a combustão. A nova frota será de veículos elétricos segundo o modelo de sustentabilidade.
A cidade de Belo Horizonte faz parte deste grupo e realiza a cada dois anos relatórios de emissões de efeito estufa identificando as áreas de vulnerabilidade ambiental e climática. Está é a primeira cidade a alcançar 100% de conformidade ambiental segundo as metas do programa Compacto de Prefeitos.
Já na cidade de Sorocaba, as ciclovias deixaram o transporte público e de veículos de lado, no município existe um forte comprometimento com o desenvolvimento da mobilidade alternativa.
Tendências
Para Perpétuo as tendências no futuro das cidades são claras e estão relacionadas à educação dos cidadãos, à apropriação do espaço público (menos lixo no chão e fortalecimento da consciência ambiental).
Ele enfatiza a necessidade de um novo olhar do Poder Público, abandonar a ideologia de que é caro ser sustentável e enxergar neste custo político um retorno de curto prazo e que evita investimentos posteriores ao corrigir irregularidades no meio ambiente.
No setor de energia e mobilidade acontecerá a diversificação do transporte da cidade com prioridade no transporte público e na proibição de circulação dos veículos com emissões elevadas.
O especialista conclui com a nova ideologia futurista, onde respeito à biodiversidade é um valor de mudança e não um modismo que atrapalha a vida urbana. (#Envolverde)
Serviço
Quando: quarta-feira, 14 de dezembro das 10h00 às 12h00
Onde: Unibes Cultural – Rua Oscar Freire, 2.500 – São Paulo (SP)
Inscrições: https://goo.gl/3J1Ioh
(#Envolverde)