Por Denize Bacoccina –
No Carnaval deste ano, em meio a uma profusão de notas sobre a animação dos foliões e fotos com mulheres em trajes sumários nas escolas de samba em sites de notícias de todo o país, a Agência Brasil publicou uma reportagem sobre uma pesquisa mostrando que quase metade dos homens considera que “bloco de rua não é lugar de mulher direita”. A grande repercussão da matéria, exclusiva, mostrou que – mesmo em meio à folia de Momo – existe espaço no jornalismo para uma discussão mais séria sobre o machismo e o espaço da mulher na sociedade.
Uma pesquisa no Google mostra que o texto foi republicado em 432 veículos diferentes. Em apenas um deles, o Huff Post Brasil, teve 6,5 mil compartilhamentos e é possível estimar que tenha alcançado mais de 500 mil pessoas. Impossível saber quantos leram o material em veículos impressos. Esse é apenas um exemplo do alcance dos textos e fotos produzidos diariamente pela Agência Brasil – uma agência pública de notícias – republicados por veículos de todo o país e do exterior. Para os leitores, uma alternativa confiável em meio a uma imprensa tão polarizada, campo em que muitas vezes a opinião fala mais alto do que o fato. Tanto que nossa audiência direta triplicou nos últimos 12 meses. Para editores de jornais, sites e blogs de todo o país, um fornecedor confiável. E gratuito.
Na atual discussão sobre a necessidade ou não de uma empresa pública de comunicação no Brasil, o debate acaba se concentrando entre a meia dúzia de veículos representantes daquilo que se costumava chamar de grande imprensa. Mas essa é uma visão ultrapassada. A tiragem dos jornais e revistas semanais com alcance nacional não chega a dois milhões de exemplares. Apenas 1% da população brasileira.
Quem vive ou viaja para fora do eixo Rio-São Paulo sabe que a grande maioria dos brasileiros se informa pelos jornais locais – seja em papel ou em suas edições online. Que podem ser excelentes, muito bem informados sobre a sua região e financeiramente sólidos, mas dificilmente teriam condições de bancar equipes próprias para cobrir tudo o que acontece em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais importantes. Estes jornais dependem daAgência Brasil para informar seus leitores.
Interesse público
Ao contrário do que pensam alguns, a Agência Brasil não é uma agência oficial. Não se dedica apenas aos assuntos do governo. O que move a sua pauta é o interesse público. Isso está na lei da EBC, no manual de redação e na prática diária dos profissionais que escrevem e editam as matérias. A cobertura do impeachment, por exemplo, exigiu grande dedicação da equipe, com jornadas que avançaram pela madrugada e tiveram absolutamente nenhuma interferência política.
Ela foi ditada pelas boas práticas do jornalismo: reportar os fatos, com exatidão e clareza, maior diversidade possível de fontes e equilíbrio. Claro que, num país polarizado, mesmo uma cobertura equilibrada não é isenta de críticas. Se você for bem-sucedido em andar em linha reta, reportando os dois lados, será criticado igualmente por ambos. Já houve caso de o mesmo texto receber duas críticas de leitores: uma dizendo que a abordagem era muito pró-governo e outra que fazia oposição.
Mesmo num noticiário tão influenciado pela política, o grande diferencial da Agência Brasil é justamente sua capacidade de ir além da agenda oficial, trazendo para o noticiário temas pouco presentes na pauta da grande imprensa – vítima da crise que reduziu as equipes e os temas de cobertura. Assuntos fundamentais para uma sociedade, como direitos humanos, questões de gênero, meio ambiente, educação. Desde o início do ano, com a ampliação da rede de correspondentes, estamos presentes em nove capitais, descentralizando o eixo noticioso e contribuindo para mostrar o Brasil aos brasileiros.
Uma democracia precisa de cidadãos bem informados. É esta a missão da Agência Brasil.
* Denize Bacoccina é jornalista e superintendente-executiva de Agências e Conteúdo Digital da EBC.