De janeiro a março deste ano, os casos de intolerância religiosa cresceram mais de 56% no estado do Rio de Janeiro em comparação ao primeiro trimestre de 2017. Em valores absolutos, o número subiu de 16 para 25 denúncias no período, segundo a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI).
A capital concentra 55% das denúncias, seguida por Nova Iguaçu e Duque de Caxias, ambos na Baixada Fluminense, com 12,5% e 5,3%, respectivamente.
O tipo de violência mais praticado é a discriminação (32%). Depois, aparecem depredação de lugares ou imagens (20%) e difamação (10,8%). As religiões de matrizes africanas são os principais alvos: candomblé (30%) e, umbanda (22%).
De 2017 até 20 de abril, foram registradas 112 denúncias e mais de 900 ações de atendimento. O governador eleito do Rio de Janeiro é pastor evangélico, Silas Malafaia.
Para o titular da Coordenadoria de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa da secretaria, Márcio de Jagum, o aumento dos casos pode ter três motivações.
A conscientização da sociedade, que já não banaliza mais os casos de intolerância. “O preconceito, a discriminação, os diversos tipos de agressão não são mais tolerados como questões banais e corriqueiras no que diz respeito à intolerância religiosa”.
Outro fator é a credibilidade do órgão em lidar com essas situações. O terceiro fator é o efetivo aumento dos casos, disse Márcio de Jagum, que é babalorixá e atual presidente do Conselho de Promoção da Liberdade Religiosa do Estado do Rio de Janeiro. Para ele, o Brasil vive o mito da tolerância religiosa.”Tolerância nunca houve. Sempre houve o preconceito. As pessoas se encolhiam no que diz respeito a revelarem suas crenças. As pessoas não se diziam candomblecistas, umbandistas, muçulmanas, ciganas. Se escondiam, porque havia o preconceito no tocante a isso”.
“A gente precisa mapear a intolerância a partir das denúncias, para levar às autoridades de segurança e mobilizar a sociedade com dados científicos, concretos, efetivos que, lamentavelmente, essa triste estatística acaba nos referendando”, disse. Fonte AgBr(#Envolverde)