Sociedade

Jovens querem levar conhecimentos de ambientalismo sustentável a orfanatos

Céline Cousteau, neta do lendário oceanógrafo francês Jacques Cousteau, participa do encerramento do Seminário de Economia Verde do Green Nation, com foco na sustentabilidade. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Céline Cousteau, neta do lendário oceanógrafo francês Jacques Cousteau, participa do encerramento do Seminário de Economia Verde do Green Nation, com foco na sustentabilidade. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

As estudantes Vitória Vechi e Taina Dias, de 19 anos, e Gabriela Lima, de 18 anos, vão criar um grupo para visitar orfanatos e passar conceitos de sustentabilidade para as crianças. Elas tiveram a ideia depois de assistirem hoje (11) a uma apresentação da documentarista franco-americana, Céline Cousteau, na segunda edição do Green Nation Fest 2014, no Museu da República, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro.

“Ela falou: ‘Vocês são o futuro, têm grandes ideias e são criativos’. Então pensei, se cada jovem pudesse ter um pouco de acesso a isso seria ótimo. A gente conhece tanta gente inteligente que poderia aproveitar a inteligência para passar para as pessoas que é importante cuidar da natureza e do mundo. É um pouco de preocupação que dá”, disse Gabriela à Agência Brasil.

Céline contou que começou a se envolver com questões ligadas ao meio ambiente ao acompanhar os pais, Jean-Michel e Emille, o avô – oceanógrafo Jacques Cousteau – e a avó Simone Melchior. “O nome Cousteau é de grande responsabilidade”, disse. Ela conversou sobre o trabalho que fez na cidade de Iquitos, no Peru, e mostrou as fotos das casas tipo palafita e a pobreza do local. “É a Manaus do Peru. A maioria das casas é de palafitas. Eles não têm nada em termos de gerenciamento de lixo e não têm água potável. Eles têm o lixo e não sabem o que fazer com ele. Jogam fora, no Rio”, completou.

A ambientalista recomendou que as escolhas pela sustentabilidade sejam feitas conscientemente, sem causar prejuízos à natureza.
Na Antártica, teve que enfrentar a temperatura gelada da água e pôde testemunhar áreas de caça às baleias para levar óleo a outros continentes. “A gente mergulhou no lugar, que era praticamente um cemitério de baleias, mas agora a região se tornou uma estação de pesquisa científica. É bom ver que foi transformado em uma coisa positiva”, informou. Também falou sobre a experiência no Arquipélago de Juan Fernandez, na costa do Chile, onde constatou a quantidade de lixo que polui o oceano.

Céline mostrou ainda parte do documentário que está produzindo no Vale do Javari, no Amazonas, que ainda não tem data para ser concluído. O projeto Tribos no Limite retrata a alarmante situação de saúde das tribos indígenas, que comntraíram doenças como hepatite. “Descobri que os indígenas no Vale do Javari têm alto índice de hepatite C, A, B e D. Casos de malária, tuberculose e aparentemente dois ou três casos de aids. Nenhuma dessas doenças tem origem no local. Se eles estão pegando essas doenças é porque alguém está levando, ou o próprio rio”, revelou.

A ambientalista recomendou que as escolhas pela sustentabilidade sejam feitas conscientemente, sem causar prejuízos à natureza. Ela acrescentou que a melhor forma é procurar se informar sobre o que acontece no mundo, e um ponto importante é saber como são produzidos os alimentos. “Hoje temos aplicativos até para saber de onde vem o pescado”, citou.

Os relatos da ambientalista impressionaram as estudantes do curso técnico em edificações e ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca. Para Vitória, o ponto alto da palestra foi a defesa de escolas voltadas para a sustentabilidade, e Taina destacou a preocupação de uma estrangeira a situação de indígenas no Amazonas, enquanto boa parte dos brasileiros não tem interesse em discutir o assunto.

As três estudantes ainda não sabem por onde vão começar, mas motivo não falta, segundo Taina. No seu entender, “é desde cedo que a gente aprende. Se no jardim da infância [primeiro estágio escolar] já tivesse alguém falando que tem que cuidar da natureza, porque daqui um tempo serão os filhos de vocês que estarão aqui, seria diferente. Acho que a gente tem que parar de olhar para gente e pensar no futuro, e não no imediatismo. Daqui a um tempo, qual vai ser a consequência de a gente estar gastando tanta água, tanta energia?”, indagou.

* Edição: Stênio Ribeiro.

** Publicado originalmente no site Agência Brasil.