Lesões em crânios de ratos ganharam novos vasos sanguíneos e boa reestruturação óssea após tratamento com o látex. Os experimentos utilizaram a F1, uma fração da proteína do látex natural (extraído da Hevea brasiliensis, a seringueira), e mostram o estímulo de fatores de crescimento para a recuperação óssea.
O achado é parte de estudo realizado por pesquisadores da USP em Ribeirão Preto e da Unesp em Araçatuba e publicado na edição de fevereiro da revista Biomedical Material. Os resultados confirmam os benefícios da proteína do látex já relatados com tecidos moles em experimentos anteriores, como a formação de vasos sanguíneos, adesão celular e formação de matriz extracelular. Mas esses são os primeiros relatos desses efeitos sobre os ossos.
Os pesquisadores analisaram a evolução de defeitos provocados por cirurgias em 112 calvárias (ossos da calota craniana) de ratos de laboratório. Esses ossos foram separados em grupos que receberam enxertos de osso (autólogos, autógenos e xenógenos – do próprio animal, da mesma espécie e de outra espécie) e também aqueles com enxertos mais a proteína F1.
Após avaliações, realizadas por diferentes métodos, observaram maior quantidade de neoformação óssea – tecido novo – nos grupos que receberam os enxertos autólogos e autógenos e também naqueles que receberam os mesmos enxertos acrescidos da proteína do látex.
Contudo, chamou a atenção dos cientistas o aumento da MMP-9 (metaloproteinase de Matriz 9, enzima relacionada ao processo de reparo celular) nos tecidos tratados com o látex, principalmente nos exames realizados na primeira fase das análises, ocorrida na quarta semana pós-implante.
Segundo João Paulo Mardegan Issa, professor da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP e um dos responsáveis pelo estudo, esses dados confirmam o que outras pesquisas já haviam encontrado sobre essa enzima. Durante uma resposta inflamatória, “a MMP-9 está ativa no tecido lesado e este evento se relaciona com a reparação das áreas de cicatrizes no osso, otimizado com o uso da F1”.
Apesar da F1 apresentar propriedades importantes para o reparo de tecidos do organismo animal – como a de formação de novos vasos sanguíneos, a adesão celular e da matriz extracelular, novos experimentos devem ser realizados até que o látex da seringueira possa ser utilizado no reparo ósseo de humanos. O professor comenta que ainda precisam “esclarecer os efeitos desta proteína nessa restauração do osso, especialmente envolvendo o uso de outros modelos animais experimentais e períodos de tempos de recuperação”. Fonte: Jornal da USP (#Envolverde)