Sociedade

Mais do que inteligente, uma cidade sustentável

por Michael Alexander Amador * – 

O ano de 2020 já entrou para a história como um dos mais importantes de todos os tempos. Essa afirmação vale para qualquer cidadão que superou os intensos desafios desse período, e se aplica de maneira muito particular – e positiva – para um grupo de empresas e entidades empenhadas na consolidação de Aguaduna, um projeto único na história, localizado na região Nordeste do Brasil.

Falar de Aguaduna começando pelo tema da pandemia do novo coronavírus não é apenas uma questão de coincidência de datas. Ao longo de 2020, o mundo refletiu de forma intensa sobre a necessidade urgente de restabelecer o equilíbrio entre as atividades humanas e a natureza. Também falamos muito sobre modelos de vida e de trabalho mais inteligentes e percebemos como a tecnologia foi e será cada vez mais vital para o aprimoramento desses modelos.

O Projeto Aguaduna é uma iniciativa da empresa de capital espanhola Naurigas Empreendimentos, em parceria com a também espanhola Seed Global Advisoring (SGA), especializada em desenvolvimento de projetos. A Siemens ingressou no empreendimento como parceira estratégica, assumindo o compromisso de apresentar propostas e, posteriormente, implementar soluções e tecnologias que farão de Aguaduna uma referência de cidade inteligente e sustentável, inclusive como exemplo replicável para outras localidades.

Aguaduna ficará no município de Entre Rios, cidade no litoral norte da Bahia, que atualmente tem em torno de 41 mil habitantes. No entanto, o projeto de Aguaduna deve impactar cerca de 380 mil pessoas na região. No município vizinho, Mata de São João, está localizada a Praia do Forte, um dos destinos turísticos mais importantes da Bahia. Embora esteja em uma região de forte apelo turístico, Aguaduna será muito mais que um resort em um paraíso tropical. O empreendimento será de fato uma cidade, com unidades residenciais, um polo de geração de inovação, espaços destinados à educação e capacitação profissional e instalações turísticas. Tudo projetado para operar em harmonia com a natureza. O caráter de desenvolvimento social para a região estimulou o poder público local, gerando um protocolo de intenções com o governo do Estado da Bahia, em 2019.

Aguaduna pretende que os produtos de consumo de forma geral sejam rastreados, para que a população e a administração tenham controle do ciclo de vida de cada um deles. Além disso, a gestão do local vai incentivar o consumo de produtos e serviços provenientes de empresas e instituições que tenham a produção consciente em sua estratégia.

O projeto da nova cidade foi estruturado em cinco pilares: Qualidade de Vida, Pensamento Verde, Inovação & Conectividade, Desenvolvimento Alimentar e Mobilidade Inteligente. As iniciativas associadas a cada um desses pilares, em conjunto, têm como objetivo criar um modelo de cidade que seja ideal para se viver, cujas emissões de gases de efeito estufa sejam limitadas por embasamento cientifico (Acordo de Paris e Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas/IPCC), estruture suas soluções em conceitos inovadores, apoie uma produção de alimentos sustentável e se beneficie de transportes eficientes e amigáveis com o meio ambiente.

Para atingir esses objetivos, o projeto será baseado em conceitos nada aleatórios: são iniciativas que, em conjunto, estão alinhadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), dentro da Agenda 2030, plano de ação lançado em 2015 para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade.

Aguaduna nasce com o objetivo de ser uma plataforma de teste e um exemplo de cidade inteligente, tecnológica e sustentável, que possa ser replicada ao redor do mundo. Ao se consolidar como esse exemplo, Aguaduna será capaz de compartilhar também as soluções sugeridas pelos parceiros comprometidos com o projeto.

Parceria estratégica

A participação da Siemens no projeto é um acontecimento que gera grande entusiasmo na equipe do Brasil. A sustentabilidade faz parte da estratégia da Siemens e isso pode ser atestado em diversas dimensões. Está no nosso compromisso mundial de neutralizar as emissões de carbono até 2030, e está também em outros exemplos, como o fortalecimento permanente do nosso portfólio ambiental, que hoje já responde por quase 50% do faturamento global.

Nossa área de Smart Infrastructure atua justamente para desenvolver e implementar soluções que tornem as cidades mais eficientes e sustentáveis. Na fase inicial do Projeto Aguaduna, a equipe brasileira da Siemens está empenhada em propor soluções que contribuam para consolidar os cinco pilares do empreendimento, baseadas sobretudo em serviços digitais, com o uso de Big Data para otimizar a performance da cidade-modelo.

Dentro do portfólio da Siemens para Smart Cities, o projeto utilizará principalmente produtos e soluções para tecnologia predial, infraestrutura de carregamento elétrico para veículos e geração distribuída para microrredes de energia. O foco é garantir elevado desempenho tecnológico para a cidade, assegurando eficiência energética e confiabilidade no fornecimento de energia.

No aspecto da energia, a Siemens projeta sistemas que promovam a integração de fontes variadas, com ênfase nas renováveis (eólica e solar, principalmente). Do portfólio da empresa também sairão soluções como nossa ferramenta web E2Go que permite um acompanhamento dos principais indicadores energéticos, além da plataforma EEA, que oferece uma visão do consumo de energia com foco no uso de Analytics. Os sistemas de armazenamento de energia, outro instrumento visto como indispensável para eficiência energética e segurança no fornecimento, também faz parte do portfólio da Siemens para cidades inteligentes.

Outro aspecto do projeto abordado pelas tecnologias da Siemens está no planejamento de edifícios inteligentes. O conceito de edifício inteligente vai além da eficiência operacional, colocando as necessidades das pessoas no centro dos projetos. Com soluções integradas de automação, proteção e combate a incêndio, além de ferramentas já moldadas para o “novo normal” (identificação da densidade de pessoas, câmeras térmicas, rastreamento de contatos etc.), o edifício inteligente do futuro, que se projeta para Aguaduna, reduz custos operacionais e de capital, aprimora o espaço e a eficiência de ativos, aumenta a produtividade das equipes, otimiza a segurança e a proteção, reduz os riscos e impulsiona o crescimento da receita.

Nossa empresa também trabalha na consolidação de projetos para o setor de água e tratamento de efluentes da cidade, outro nicho de enorme potencial para ganhos ambientais e no qual a Siemens já atua com grande sucesso em vários projetos espalhados pelo mundo. Por meio de tecnologias inovadoras, a Siemens apoia o setor de fornecimento e tratamento de água com recursos de eletricidade, automação e digitalização, em todas as etapas do ciclo da água.

O campo das telecomunicações também está sendo abordado pela Siemens no Projeto Aguaduna, com soluções que promovem a integração de redes de dados, conectando sistemas de energia, mobilidade e edifícios inteligentes. Ao integrar esses sistemas, Aguaduna será uma cidade que oferece qualidade de vida a seus habitantes, com inúmeras funcionalidades conectadas. E será também um exemplo de gestão urbana, à medida que essa integração amplia a eficiência dos serviços e gera um dos mais importantes ativos do mundo, hoje e no futuro: dados.

Neste ponto, entra um diferencial valioso da Siemens. Todo o fornecimento de soluções será monitorado via plataforma de gestão de dados MindSphere, o sistema operacional em nuvem da Siemens para Internet das Coisas (IoT). A disponibilidade dessa plataforma irá permitir uma expressiva geração de dados, com diferentes possibilidades de análises de indicadores.

Por último, mas não menos importante, a Siemens também está se colocando à disposição do projeto com sua experiência em programas de sustentabilidade, seja no aspecto da preservação ambiental, na qualificação profissional ou na geração de empregos. Programas consolidados na empresa, como o de capacitação de jovens em situação vulnerável, em parceria com a Fundação Siemens, também serão apresentados como forma de contribuir para o desenvolvimento social local.

O entusiasmo da equipe da Siemens, portanto, é mais que justificado. Aguaduna está sendo criada para ser não apenas uma cidade eficiente e sustentável como também um modelo replicável para outros projetos. Afinal, se 2020 aponta para a necessidade urgente de novos modelos urbanos, de trabalho e de interação entre a sociedade e a natureza, o potencial para projetos idealizados já com essa finalidade tende a ser crescente nos próximos anos, tornando-se um legado de valor inestimável neste ano tão atípico.

*Michael Alexander Amador – Gerente de Marketing Estratégico da Smart Infrastructure da Siemens

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