Alertas de satélites governamentais mostram que, em geral, o desmatamento é reduzido durante a temporada de chuvas, entre novembro e março, começa a crescer entre abril e junho e alcança seu ápice nos meses seguintes.
Se a atual situação levará a mais desmatamento e queimadas, também irá depender de outros fatores. Uma desaceleração na economia global poderá suprimir a demanda por carne, madeira, minerais, soja e outras produções da Amazônia, o que pode aliviar a pressão sobre a floresta.
Mas isso será contrariado pela provável recessão doméstica no Brasil, que poderia levar mais pessoas pobres a “limpar” a terra para o cultivo de subsistência.
Os riscos à saúde provocados por essas invasões também são enormes. Bolsonaro foi além de Donald Trump em termos de rejeição de conselhos da comunidade científica sobre a necessidade de medidas de isolamento e quarentena para frear a disseminação da doença.
Ele vem encorajando a população a desprezar a restrição adotada pelos governadores, estimulou massivas manifestações de apoiadores e divulgou informações não comprovadas sobre remédios, além de uma suposta resistência imunológica do povo brasileiro.
Muitos grupos indígenas estão agora se retirando para suas aldeias na floresta e bloqueando o tráfego externo. Eles têm feito um apelo por mais comida e auxílio médico e condenado a forma com a qual o governo tem lidado com a crise, dizendo ter piorado uma situação que já era ruim.
“Existem regras proibindo a entrada em terras indígenas e áreas de conservação”, disse. “Mas posseiros, madeireiros ilegais e garimpeiros não seguem as regras”.
Imagem em destaque – Área de desflorestamento ilegal desciberta pelos Uru-Eu-Wau-Wau em 15 de dezembro de 2019 pode ser vista à esquerda. À direita, uma área de desflorestamento ilegal para criação de gado. Foto: Marizilda Cruppe/WWF.
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*Jonathan Watts é editor global de meio ambiente no The Guardian, onde também exerceu a função de correspondente na América Latina e no Leste Asiático.
Fotos: Marizilda Cruppe / WWF Brasil
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